Vóny Ferreira
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« em: Novembro 05, 2008, 18:26:52 » |
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Cobri-me hoje… com um véu feito de nuvens, pintei os lábios com a cor rubra das papoilas, como se me fosse casar contigo. Demos as mãos e olhámo-nos nos olhos com o encanto de uma maré cheia, que embeleza a consistência das aguas do mar. O ramo de flores que segurei nas mãos, enquanto vivemos esse ritual apenas nosso,mostrou-me o altar inanalisável da lua. E foi lá que nos ajoelhamos e nos amamos de novo. Esse ramo de flores, que agora guardo nos meus sonhos, foi colhido nas mais longÃnquas serras. Não me canso de o fitar como se fosse de novo criança, extasiada com o mar. É como se nelas visse de novo, o riso de todos os pássaros que só conhecem a sensação de liberdade! Hoje... Vi-te sorrir de novo, nessa transparência de nascente rompendo as serras mais inóspitas e… a tranquilidade abraçou o céu, onde guardamos todos os sonhos inatingÃveis, em balões flutuando ao sabor do vento. Dá-me a mão, amor, Vamos… sim, por favor continua a sorrir! O recomeço é feito muitas vez de destroços e folhas secas! O sentido da vida e a felicidade está precisamente nas pequenas coisas. Sabes? Quero que aprendas a decifrar as mais pequenas transformações, porque só assim nos fortalecemos.
No beijo que te dei, hoje, em vez do sabor a framboesa, deixei-te na lÃngua que suga os meus desejos, um ramo de oliveira. As pétalas de rosas vermelhas, que desfolhei e amachuquei nos momentos de raiva, afinal… continuam viçosas, como se tivessem sido poemas reconstruidos pela minha sensibilidade ao rubro e pela vontade das minhas mãos que lapidam como um artesão as palavras maquinalmente. O espectro da melancolia diluiu-se assim, nos meus pensamentos mais exaltados. Agora… a serenidade é como que um riacho que corre livremente. Eu reencontro-me na avidez milagrosa que tenho da natureza. E tu estás de novo ao meu lado, como estiveste sempre, mesmo nos momentos de ausência... Neste momento só quero olhar as árvores que me acenam ventanias espontâneas através das folhas amarelecidas. Como é bela a natureza! Agora… Reergo-me neste sol de inverno que desmaia na copa das árvores e ressuscita no cântico dos pássaros habituados ao rigor do Inverno! Amar alguém é isso, sabes? É descobrir a profundidade dos sentimentos nas mais pequenas coisas, mesmo que em determinados momentos um temporal se abata sobre as nossas vidas e os sonhos mais ingénuos sejam decapitados pela lança de um anjo negro. Hoje… Deixei que as tuas mãos me descrevessem de novo o vulcão invisÃvel, adormecido nos nossos corpos nus, e amei-te mais apaixonada do que nunca A lava efervescente que saiu dos nossos corpos, foi assim… como que uma explosão mÃtica de tudo quanto permanece, por mais que a natureza e a vida se disfarcem de impiedosas realidades! (VÓNY FERREIRA)
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