under the clouds
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« em: Fevereiro 03, 2008, 12:50:58 » |
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bati com a cabeça numa fotografia tua que me fez andar à volta pela sala toda, e fui cair em cima do canto com o tapete azul, o nosso canto. por pouco não perdi os sentidos, era bom que os tivesse perdido, era bom que não os tivesse à flor da pele. bati com a cabeça como sempre acontece, e, tal como um menino que ainda não sabe nada da vida, voltei a perder-me num mundo do qual eu sei que só se pode sofrer, dei por mim a pensar que um segundo de felicidade não compensa um segundo de infelicidade. procurei-te por baixo da pilha de fotografias e só encontrei ilusões, e agora dou por mim confuso, será que eras mesmo tu, eras? acredito em tanta coisa, naqueles clichés do costume e noutros que tu nem sabes o que são. queria poder dizer-te tudo isto nos olhos, os meus, que brilham, e os teus... que não sei. começo a andar pelas paredes, fico quieto no tecto, no canto mas mesmo lá em cima a olhar mesmo cá para baixo, e tudo parece diferente. há tantas maneiras de ver as coisas, de escapar aos sentimentos, tantos ponto de fuga. aprendi que o melhor é enfrentar tudo o que há para enfrentar, e não fugir, ou desistir. mesmo que isso magoe, a verdade é sempre melhor que uma mentira que se arrasta por todos os segundos que me passam e trespassam o corpo. volto às fotografias e numa pasta vejo o teu sorriso pequenino e à distância de um clique. clico mas nada acontece. fica mais pequenino. lembro-me das palavras que faziam ricochete nas paredes e que me atingiam em cheio, e eram palavras tuas. tenho a certeza. absoluta. um dia vais ter que me olhar nos olhos, um dia tudo vai ficar claro como a água, um dia não vai ser preciso arranjar desculpas nem grutas para nos escondermos, nem vai ser preciso tapar os sentimentos com a culpa ou o medo. um dia tudo isso vai acontecer e nesse dia, eu e tu podemos sorrir ao mesmo tempo, um para o outro.
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