Pamp1980
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« em: Junho 14, 2010, 23:26:19 » |
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Só tinha uma hipótese: ir! Entre as várias opções que lhe estavam a ser impostas, o tempo tornava-se cada vez mais escasso e a sua escolha teria de ser imediata, ou ficava na sua crisálida claustrofóbica sem qualquer evolução vivendo em função e consoante os desejos de outros, (vida sem sentido), deixando-se posteriormente apodrecer, tornando-se em mero alimento para qualquer predador ou caçador de almas. Frustração, quanta frustração na sua vida quotidiana! Vivendo a ilusão social que o enlouquecia, á base de números e objectivos totalmente fúteis e desnecessários desde comprar uma grande e bela casa, um carro topo de gama, a sua roupa de marca, a sua mulher de plástico perfeita (apenas esteticamente). -“ Sou um boneco ou sou um homem?” Regressou por momentos ao seu passado, nos seus 18 anos, farras, paródias, sonhos e o seu amor, a TAL. Que por imposição dos seus pais não era a mulher ideal. Noites loucas de amor escaldante pelas ruas de Coimbra, onde percorriam as calçadas entre gargalhadas, vinho, poesia e música, a musica que os embalava e os elevava ao frenético beep boop pela voz de Agostinha, a bela mulata de corpo franzino que viera do Brasil estudar para Portugal, “o amor pelo pensamento”. Ela denominava-se uma subterrânea, doida por Jazz , poesia, e a designada POPART, Basquiat, Andy Warhol , Jack Keroac, Allen Ginsberg, entre tantos outros artistas que a fascinavam. Agostinha vivia a vida e o momento sendo ela única e inigualável… Regressando ao presente, Agostinha já não estava com Pedro mas passou pela sua vida como um anjo viajante ensinando o essencial da vida, a emoção. Emoção, essa já esquecida, vivida apenas na saudade, aos 45 anos era hora de renascer, estando vivo e sem nada a perder, Pedro tinha de decidir, a liberdade interior ou a sua crisálida anti-emoção. Pedro era um subterrâneo aprisionado á sádica sociedade, na sua pobreza e futilidade, para se libertar e ser ele próprio, só tinha uma hipótese: ir.
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