Jorge Vieira Cardoso
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Sobscrevo frases e dou-lhe a nossa morada....
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« em: Julho 18, 2009, 19:47:54 » |
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1º Acto… TENTÃCULO
Rodopia de vestido branco, qual cisne de tela pintado num rio de palavras mudas, qual rendilhado em ponto de cruz romanticamente descrito pela linhagem de uma agulha feiticeira.
É ela, o anjo de vestes singelas na curvatura felina em graciosidade capitã.
É ela, o demónio feito tentáculo em transe, cego e dormente de uns olhos que seguem perdidos no ópio, planta fingidamente indolor.
São cÃrculos vigiantes dotados de olhares cobiçosos, doença, gula, suposição de corpos enfeitados de desejo.
Elevo o meu sabre à altura de todas as cabeças e degolo todos aqueles que se atrevam levantar o olhar pela partilha do teu encanto.
São de polvos estes arrastos de ininterruptas deixas, são cactos ocasionais sentidamente espetados em melancolia de alfazema. Aventura, bem-aventura crua, fria, doce, vespeira e trémula, indumentado espÃrito aprisionado nas vestes ocas, do sol vindo… de um astro findo.
Porém… se varrerem todas as luzes que tremeluzem nesta terra, se este solo, chão madraço for enfim dilacerado pelo fogo, pela água, pelo holocausto, pelo nuclear… Deixarei baquear as pálpebras, mas não cessarei de te amar!
2º ACTO…NADA POR INTEIRO
De antemão o som vindo nesse zéfiro respira a adivinha, que a propósito aflui em desenlace de uma decadência propositadamente autorizada.
Porquê que ainda me olhas, se o fio da navalha escorre o sangue ainda quente de uma beleza a todos os encantos nunca extinta.
Aqui deitado ao teu lado, nesta cama que nos extinguiu, dois corpos vestidos de nascença, dois corpos de olhos postos no tecto branco, apenas eu consigo dizer: acabou-se o tempo, para mim e para ti, ardem na alma pedaços verdes de uma origem melancólica, é som crepitante do que não somos à beira de nós. Apetece-me abastecer-me de nada, que reflicta a ânsia de outrem em circunferência da sonda Marte, da sonda mente, deslizante efeito de metáfora ao consciente. Apagão na intermitência do nosso sol. Basta de choramingar pedaços de crispação em berço ondulando ou na seara aberta da incerteza medÃocre, tão só para refinar astúcia. Deixaria que me chamasses criatura de alma imatura, mas antes quebrado que com ranhura., porque fui e éramos nada por inteiro, aquilo que fomos em nada por inteiro. Basta olhar a raiz nebulosa do maltrapilho em vestes surradas, ou na foz do pensamento aniquilado pela vertigem sagrada de cor cinza, cinza pó denso e cru. Porque será que a maldade vem à superfÃcie desposada de sentimento fiel e adulterada de paz podre?
Nada por inteiro, desabafo feito resposta no apanágio de uma lição de vida da qual nada se aprende, apenas se rasgam em nós novas artimanhas, somos máquinas de terraplanagem para chegar a, QUÊ? Apenas oleadas... a nada por inteiro! Poderias ser eternamente minha, mas nunca fraccionada a espaços de outrem! Foste talvez a esfera redonda de uma simples bolha de ar sujeita a partir o derrame da culpa inculpa. Hoje deixaremos que o mundo lacrimeje em derrame por duas vidas duplamente perdidas, duplamente roubadas pela incúria do meu sinistro cérebro.
3º Acto… SOMBRA DO SUICIDIO
De passo em passo a minha noite avança, prefiro dormir mas a insónia ganha espaço e abre fendas de raciocÃnio pernicioso. Quem disse que “a almofada é boa conselheira?†Mentira essa que os afasta da razão!
Do cimo da ponte oiço o rio correr na mesma zanga que se esbatem os meus neurónios, definitivamente os automóveis desviaram-se do trajecto das almas penadas, do outro lado do tabuleiro rangem dois sapatos moÃdos pelo peso obeso de um transeunte, que do assombramento do néon desaparece no quadro pintado por mim, “Miguel†sem capela e “Ângelo†pintor sem tela, “Cestiniosamente†ao relento das musas nuas. Que ingratidão…nem o tecto conserva a madeira, nem as tintas são multicolores, nem aquela voz dá alma à s minhas mãos, que calejadas de intenso negro reflectem nas palmas pequenas luas a todo o céu minguantes.
Não faço nada de graça… contadinhas lado a lado tenteando-se no gradeado deixaram-se conduzir-se garganta abaixo e acomodaram-se na sua cor acastanhada, parece um pelotão desarmado de álcool forçado, puxando a culatra atrás. À última garrafa o tiro soou, todos os estilhaços de uma vida zumbiram como eco surdo de razões desconhecidas, voo picado nega todas as tentativas de regresso, assas partidas cortam o ar sem defesas exequÃveis. No último pensamento moribundo profetizo a questão como se fosse um shakespeare “ ser ou não ser†será tão rápida a morte como célere a água que recebe em sacrifÃcio este corpo desistente?
Háááa… se viesse o beijo há tanto tempo desgarrado, talvez o prÃncipe nunca tivesse sido sapo, nem iria em demanda da princesa através das trevas da morte…sem regresso?!
PS. Ficção!
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