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Autor Tópico: Cr贸nicas de Um Mundo - Os Quatro Far贸is  (Lida 8575 vezes)
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JLMike
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« em: Dezembro 09, 2007, 20:16:57 »

鈥溾ra um lugar in贸spito, ningu茅m sobreviveria ali. Durante meio ano o frio era insuport谩vel, durante a outra metade o calor era infernal. A luz aparecia mas muito raramente, a escurid茫o prevalecia de uma ponta 脿 outra do Nada鈥︹

Relato sobre o Nada, retirado de 鈥淥 Grande Livro Hist贸rico鈥, Biblioteca dos Anci茫os. Autor desconhecido.


鈥淎 luz aparecia poucas vezes mas, de cada vez que aparecia, perdurava sempre um pouco mais鈥 O calor e o frio desembraveciam por vezes deixando o Nada encoberto de um manto de temperaturas amenas鈥︹

Relato sobre o Nada, retirado de 鈥淟ivro do Come莽o鈥, Biblioteca dos Anci茫os. Autor desconhecido.


鈥淯m apareceu鈥 e n茫o existia mais ningu茅m at茅 que Outro apareceu鈥 Um e Outro se odiavam鈥 Um queria ser 煤nico mas Outro tamb茅m o queria鈥︹

鈥溾 eles combateram鈥 Um contra Outro combateram entre si durante duas eternidades鈥 nenhum venceu鈥 ambos desapareceram鈥︹

鈥淯m Outro apareceu鈥 era parecido a Um e, de certa forma, parecido a Outro鈥 fez renascer Um e Outro e depois criou Mais Um鈥︹

鈥淒e lado com os conflitos os quatro viveram em bem鈥 Um criou a terra鈥 Outro os mares鈥 Um Outro deu vida ao ar, Mais Um criou o fogo鈥 juntos criaram Tudo.鈥


Excertos sobre os Quatro, retirado de 鈥淔olhas do Tudo e do Nada 鈥 Volume I鈥, colect芒nea de textos de autores desconhecidos sobre o Nada e o Tudo, Biblioteca dos Anci茫os.


鈥溾s quatro elementos governaram o Tudo durante eternidades, os quatro homens viviam em paz鈥 criaram Homens e Animais, Plantas e Magi鈥檚鈥 espalharam felicidade pelas terras鈥︹

Excerto de 鈥淎 Cria莽茫o鈥, assente em dados recolhidos por Moggul, O Grande.


鈥溾an芒ncia鈥 poder鈥 贸dio鈥 Mais Um, com o fogo ardente, mata Um鈥 alia-se a Um Outro e ambos desafiam Outro鈥 Outro sai vitorioso鈥 mas o Tudo estava mudado鈥︹

鈥淰entos fortes e mort铆feros, fogos incandescentes, e quase t茫o infernais como em Nada, varreram Tudo (鈥) Terramotos e ondas gigantescas assolaram Tudo鈥︹


Excerto de 鈥淨uando S贸 Existiam os Quatro 鈥 O Inicio e o Fim鈥, assente em dados recolhidos por Moggul, O Grande.


鈥淨uando Outro viu como se encontrava Tudo fez renascer Um, Um Outro e Mais Um鈥 Os tr锚s viram o que fizeram e, arrependidos, juraram a Outro o seu remorso鈥 Os Quatro juntos refizeram o Tudo鈥︹

Excerto de 鈥淔olhas do Tudo e do Nada 鈥 Volume II鈥.


鈥溾 assim criaram quatro pilares鈥 as quatro grandes Torres鈥 a Torre do Ar, a Torre da 脕gua, a Torre da Terra, a Torre do Fogo鈥 que selaram em si o poder dos Quatro鈥︹

鈥淥s Quatro desapareceram. Uns dizem que fugiram do Mundo com vergonha do que haviam feito. Uns dizem que morreram para dar vida ao Mundo. Outros dizem que os Quatro s茫o as pr贸prias Torres鈥︹

鈥淓ternidades se passaram, onde tudo foi esquecido e nada recordado. O mundo mudou conforme os homens, e teve guerras e mortes e 贸dio e gan芒ncia鈥 muitos dizem que o fim est谩 pr贸ximo.鈥


Relato sobre o Nada, o Tudo e o Mundo, retirado de 鈥淥 Grande Livro Hist贸rico鈥, Biblioteca dos Anci茫os. Autor desconhecido.


***

Estes seriam os excertos que qualquer um poderia ler n茫o tivesse a 煤ltima biblioteca do Mundo sido consumida por bravas chamas na 煤ltima Grande Guerra entre Homens e Magi鈥檚.
Agora, sete eternidades depois dos Quatro terem desaparecido, o mundo via pr贸ximo o seu fim. Os vulc玫es cuspiam rochas incandescentes e jorravam lava ardente pelas terras queimando tudo 脿 sua passagem. Os mares revoltavam-se com impr贸pria valentia alagando as terras que se movimentavam entre si provocando terramotos e destruindo casas e reclamando vidas鈥 Para al茅m destas cat谩strofes ainda o ar parecia estar contra o Mundo鈥 Formavam-se tornados e ciclones que arrancavam os humanos, plantas, animais e Magi鈥檚 do ch茫o e os elevavam alto para lhes tirar a vida. Os quatro elementos estavam dessincronizados e lutavam entre si, cegos. A 煤nica esperan莽a era uma velha lenda, h谩 muito tempo meio perdida em terras desconhecidas鈥 A lenda fala-nos de um Magi e um Humano. Juntos eles iriam acender os Grandes鈥 juntos eles iriam trazer a paz ao Mundo鈥

***

Uma tempestade rosnava com for莽a. A chuva ca铆a grossa e ritmada alagando toda a terra e deixando o solo enlameado. As nuvens cobriam quase todo o c茅u dando pouca oportunidade para que as tr锚s luas iluminassem o cen谩rio. Uma ou outra vez l谩 uma lua espreitava por entre uma brecha nas nuvens, e nesses momentos via-se perfeitamente que o cen谩rio n茫o era mais que uma simples clareira no meio de uma densa floresta. Sentados no ch茫o estavam dois homens j谩 adultos. Um era Humano, o outro Magi. Via-se perfeitamente. O humano vestia umas cal莽as de pele de Knar(1), castanhas claras, j谩 meio co莽adas. N茫o eram nem apertadas nem largas. Eram perfeitas para o combate pois permitiam uma boa movimenta莽茫o. A sua camisa era feita da membrana das asas de um Morcego do Norte(2), negra, tamb茅m ela era 贸ptima para o combate. 脌 sua cintura estava um cinto esverdeado onde descansava uma espada de guerreiro. As suas botas eram de couro negro. Era bastante alto. Os seus bra莽os, se esticados, chegariam talvez aos primeiros galhos das 谩rvores que os rodeavam.
O outro homem, o Magi, era totalmente diferente. Vestia uma t煤nica negra, comprida, at茅 aos p茅s. N茫o ostentava qualquer arma. Era pouco mais baixo que o primeiro e a cor do seu cabelo passeava entre o preto e o azul muito escuro, contrariando o cabelo do seu companheiro que era totalmente castanho claro.
Os dois estavam parados, sentados no ch茫o. Tinham ambos os olhos fechados e pareciam n茫o notar sequer que estava a chover e que o ch茫o onde estavam sentados se convertia lentamente em lama. Quem n茫o soubesse diria que eles eram malucos. Mas eu que sei digo-vos que eles est茫o simplesmente a dormir. 脡 assim que um viajante dorme, ao relento. E estes n茫o eram viajantes inexperientes, tinham j谩 percorrido muitas terras e muitos mundos diferentes. Tinham j谩 feito aquilo o que nenhum outro homem havia ousado fazer. Tinham ido mais longe que o mais comum dos mortais, Humano ou Magi.

Um trov茫o soou distante. O Magi abriu os olhos calmamente e piscou-os varias vezes at茅 se habituar 脿 chuva que lhe batia violentamente na cara. Depois ergueu-se e murmurou um dos seus comuns feiti莽os para limpar a lama da sua t煤nica. Em segundos a lama que sujava a t煤nica desapareceu. Ele aproximou-se do Humano, tocou-lhe ao de leve na cabe莽a, e disse:
- S茫o horas. Temos que ir.
O Humano acordou t茫o calmamente como o Magi tinha acordado. Levantou-se e olhou em volta. O Magi limpou-lhe a roupa com o mesmo feiti莽o que havia usado para si mesmo.
- Este 茅 o 煤ltimo, n茫o 茅? 鈥 perguntou o Humano numa voz meio triste.
- Sim. 鈥 respondeu-lhe o Magi.
O Humano olhou em volta uma vez mais, tentando contemplar tudo 脿 sua volta, pois esta poderia ser a 煤ltima vez que ele veria coisas como 谩rvores e terra e c茅u e luas. Depois virou-se para o Magi e contemplou-o a ele.
- Est谩s ensopado da chuva, porque n茫o te secas com Magia? 鈥 perguntou, carinhosamente.
- Para qu锚? Daqui a cinco minutos j谩 estou encharcado de novo. 鈥 foi a resposta que obteve.
O Magi aproximou-se do Humano.
- Tenho medo de te perder nesta batalha. Vai ser a mais dif铆cil de todas. Se acontecer alguma coisa quero que saias do farol. Salva-te.
- Nunca te abandonaria, Ethaniel. 鈥 afirmou o Humano de imediato. A sua m茫o disparou em direc莽茫o 脿 cara do Magi. Queria tocar-lhe, senti-lo. Mas a m茫o parou a meio e ele desistiu do acto deixando-a cair envergonhadamente, balou莽ando ao lado do seu corpo.
- Se fosse por mim nem entrarias no farol. Preferia morrer e deixar-te com vida do que deixar-te morrer para me salvar. 鈥 disse Ethaniel.
- 脡s demasiado am谩vel comigo. Agrade莽o-te. Mas ainda assim vou entrar e se for preciso lan莽ar-me em frente a alguma lan莽a ent茫o lan莽ar-me-ei com gosto desde que sabendo que sobreviver谩s.
- Obrigado, Liath. 鈥 Ethaniel sorriu e Liath devolveu o gesto. Ambos os homens cruzaram os olhares mas depressa baixaram os rostos. Uma das luas espreitou por entre as nuvens negras espalhando uma luz p谩lida naquele cen谩rio constrangedor. Ambos os homens se afastaram, ocultando-se nas sombras das 谩rvores.
Ouviu-se Liath dizer:
- Ethaniel, n茫o. N茫o 茅 correcto.
- Quando o fim do mundo est谩 pr贸ximo j谩 pouco ou nada 茅 correcto.
Um grande clar茫o de luz percorreu a clareira iluminando os dois homens que se aproximavam cada vez mais. Terminaram num forte abra莽o que foi acompanhado pelo som do trov茫o. Era o segundo chamamento, era hora de ir.

(1) Knar: animal de quatro patas e grande porte. Tem quatro cornos na cabe莽a, tem p锚lo curto. Em vias de extin莽茫o. 脡 proibida a sua ca莽a. As cal莽as que o Humano possui j谩 s茫o usadas; foram feitas ainda a ca莽a aos Knar era legal.
(2) Morcego do Norte: a maior esp茅cie de morcegos. Com quase o tamanho de um Homem os Morcegos do Norte s茫o muitas das vezes ca莽ados para fazer roupa que se apresenta sempre bastante duradoura.
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Goreti Dias
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« Responder #1 em: Dezembro 10, 2007, 21:32:40 »

Um interessante e bem constru铆do texto...
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Goretidias

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JLMike
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« Responder #2 em: Dezembro 10, 2007, 23:08:11 »

Muito obrigado, goretidias! Wink

Deixo aqui o primeiro capitulo.

Cap铆tulo Um



鈥淎lquimia 鈥 a ess锚ncia do mundo.
O Ar, a Terra, o Fogo, a 脕gua 鈥 os quatro Elementos que regem o mundo e o tornam no local harmonioso e habit谩vel em que n贸s vivemos. Mas o que acontece quando esses mesmos Elementos s茫o desafiados e, consequentemente, incitados contra n贸s? O que acontece quando chega o momento em que deixamos de controlar o Ar e este tece tempestades contra n贸s? O que acontece quando chega o momento em que deixamos de controlar a 脕gua e esta envolve-nos e nos provoca afogamento? O que acontece quando n茫o controlamos o Fogo e nos deixamos consumir pelas chamas? E quando deixamos de controlar a Terra e esta abre-se aos nossos p茅s para n贸s cairmos no esquecimento?鈥

鈥淥 Inicio do Fim 鈥 A Lenda das Quatro Torres鈥, Euronymous.



O Mundo encontra-se em decl铆nio. J谩 se v锚 isso claramente. Os dias est茫o a tornar-se cada vez mais sombrios e por vezes passam dias e dias a chover. No entanto, ningu茅m parece dar conta. 脡 como que se todos os homens, Humanos e Magi鈥檚, estivessem mais empenhados a ferir e matar-se uns aos outros em vez de tomar aten莽茫o ao fim do Mundo. A guerra prolonga-se 脿 uma eternidade e ningu茅m parece estar perto da vit贸ria. De um lado, os Magi鈥檚 afogueiam ou afogam tudo por magia, roubando vidas e pilhando cidades inteiras, por outro, os Humanos chacinam as mulheres Magi pois sabem perfeitamente que o gene Magi nasce mais depressa que o gene Humano. Mas mesmo assim n茫o 茅 suficiente. Por cada Magi que um Humano mate aparecem mais tr锚s ou quatro. 脡 certo que os Humanos s茫o mais fortes, mas 茅 certo tamb茅m que os Magi鈥檚 est茫o em muito maior n煤mero.
Mas devem agora estar a perguntar-se: o que s茫o Magi鈥檚? Ser茫o pessoas como qualquer outras? Ser茫o Humanos?
N茫o, n茫o s茫o Humanos. S茫o Homens, isso sim, mas n茫o Humanos.
Existem no Mundo dois tipos de genes, o Humano e o Magi. O gene Humano 茅 o gene da for莽a, o gene Magi 茅 o gene da mente. O gene Humano dar谩 vida a um Humano forte e bravo, com as maiores aptid玫es para o combate com espada e escudo; o gene Magi dar谩 vida a um Magi s谩bio e sensato, com maiores aptid玫es para o uso da Magia.
Como apareceram no Mundo ningu茅m sabe (o mesmo se passa com os Humanos, ningu茅m sabe de onde vieram), mas os Magi perduraram, procriaram e evolu铆ram entre si e agora o mundo est谩 dividido nestas duas ra莽as que continuamente batalham.
Por fora, um Magi e um Humano s茫o iguais, a 煤nica diferen莽a 茅 por dentro, a 煤nica diferen莽a 茅 que um deles, o Humano, n茫o 茅 nada al茅m de homem, enquanto que no outro, no Magi, corre-lhe Magia nas veias. E 茅 principalmente por isso que guerreiam, embora j谩 n茫o o saibam.
H谩 muito tempo atr谩s, h谩 cerca de uma eternidade atr谩s, um grupo de Humanos raptou uma Magi, fechou-a numa jaula para a poderem estudar; queriam desesperadamente entender o que fazia os Magi鈥檚 t茫o especiais, e queriam tamb茅m saber como adaptar a magia deles para os Humanos. O que eles (ainda) n茫o sabiam 茅 que nunca se deve irritar um Magi. Embora sejam pessoas extremamente calmas e tenham sempre sangue e cabe莽a frios na mais desesperada situa莽茫o, os Magi鈥檚, quando severamente irritados, explodem com magia e tornam-se violentos, at茅 mort铆feros. Perdem a sua cabe莽a, deixam de pensar, e um instinto animal percorre-lhes o corpo dando-lhes um imenso poder. E foi isso que aconteceu. Puxada at茅 ao limite a mulher Magi perdeu o controlo de si mesma, deixou a magia apoderar-se do seu corpo e explodiu de raiva. Matou homens, mulheres e crian莽as, destruiu cidades.
Os Humanos (que n茫o possu铆am um grande grau de intelig锚ncia) tomaram aquilo como um acto de guerra, um acto premeditado, sem sequer considerarem tudo aquilo que haviam feito 脿 pobre mulher Magi. E assim come莽ou a longa guerra entre Humanos e Magi鈥檚, que perdura at茅 hoje, embora agora j谩 ningu茅m saiba por que luta.
Nesta derradeira e cont铆nua batalha j谩 muitos Homens e Magi鈥檚 pereceram. Poucos s茫o os sobreviventes e todos eles andam espalhados pelos quatro cantos do Mundo, muitos vivendo sozinhos outros aliando-se em pequenas aldeias. Todas as grandes metr贸poles, desde R谩chan a Yukkai, passando pela que outrora fora a maior metr贸pole do Mundo, Gorg枚ndel, foram destru铆das ora pelos Homens, ora pelos Magi鈥檚, ora at茅 pelos pr贸prios elementos. R谩chan, uma das maiores cidades do Este, fora envolta em grandes vendavais e ciclones, completamente dizimada pelos ventos fortes. Yukkai, uma cidade do Sul fora engolida pela lava e consumida pelas chamas. Gorg枚ndel, a grande cidade do Norte fora submersa nas 谩guas do Rio Turi, e F铆rmann, a cidade do Oeste, foi assolada de assustadores terramotos que provocaram o colapso da cidade.
Isabelle, a Rainha de Gorg枚ndel, foi das poucas pessoas que conseguiram escapar aos grandes dil煤vios. Ela e alguns dos seus servos, juntamente com alguns poucos habitantes da cidade nortenha, fugiram para uma pequena aldeia, povoada por Humanos, que se situava na parte Sul do Mundo, bastante perto da destru铆da cidade de Yukkai. Nesta pequena aldeia, 脿 qual os habitantes davam o nome de Yond卯l, havia um Anci茫o Humano, um dos poucos que ainda restavam no Mundo. Esse anci茫o, de nome Euronymous, tinha um filho, um filho Magi, e esse filho era a 煤nica presen莽a n茫o-Humana nessa aldeia. Era raro tal ser existir. Um Magi filho de Humanos era uma das coisas mais raras do Mundo, mas, por vezes, sem se compreender o porqu锚, dois Humanos davam vida a um Magi, embora nunca tenha havido relatos de dois Magi鈥檚 darem vida a um Humano.
Euronymous dizia ter uma explica莽茫o para este n茫o anunciado Apocalipse. E foi essa explica莽茫o que deu a Isabelle, a Rainha de Gorg枚ndel, quando esta o visitou na sua casa.

Ouviram-se quatro batidas na porta, batidas leves e ritmadas. Euronymous levantou-se da sua poltrona, atravessou a sala com uma vela acesa na m茫o, e abriu a porta, revelando uma figura alta, esbelta, que parecia brilhar pois o sol punha-se mesmo atr谩s dela dando-lhe um contorno brilhante. A mulher fez uma singela v茅nia e Euronymous convidou-a a entrar.
鈥淐om todo o prazer, caro Euronymous.鈥 - Disse a rainha passando pela porta e entrando num pequeno corredor, forrado de estantes cheias de livros.
鈥淥 prazer 茅 e sempre ser谩 todo meu, minha Rainha.鈥 - Retrucou Euronymous baixando-se ele tamb茅m numa v茅nia e depois fechando a porta.
Euronymous conduziu Isabelle at茅 a uma pequena salinha no fundo do corredor. Pelo ch茫o estendia-se um tapete finamente bordado com desenhos geom茅tricos de varias cores. As paredes estavam em concord芒ncia com as do corredor, cheias de estantes com livros. S贸 havia uma poltrona na salinha e por isso Euronymous trouxe um pequeno banco da cozinha onde se sentou, indicando a Isabelle para se sentar ela na poltrona.
鈥淎grade莽o-te, Euronymous, 茅s extremamente am谩vel.鈥
Isabelle sentou-se com cuidado cruzando a sua perna direita sobre a esquerda e pondo as suas finas m茫os em cima do seu colo, entrela莽adas uma na outra. Euronymous levantou-se assim que ela se sentou e dirigiu-se a uma das prateleiras de onde retirou um livro muito velho e bastante pesado. Voltou a sentar-se e abriu o livro sobre as suas pernas. Folheou-o como que procurando algo. Quando chegou mais ou menos a meio uma folha muito velha caiu do livro. Ele fechou-o, voltou a arruma-lo na prateleira e pegou na pequena folha que havia ca铆do. Voltou a sentar-se, agora mirando Isabelle intensamente, analisando toda a sua figura.
鈥溍 verdade que vossa majestade tem um filho?鈥 鈥 Perguntou-lhe.
鈥淪im. Um rapaz鈥 Liath. Querias v锚-lo? Se soubesse que querias v锚-lo t锚-lo-ia trazido. Talvez uma outra vez鈥︹
鈥淣茫o, majestade, n茫o. Por muito gosto que tivesse em conhecer vosso filho n茫o 茅 esse o motivo do meu convite. Desejo conhec锚-lo, sim, mas n茫o agora. S贸 depois de vos colocar algumas quest玫es.鈥
鈥淨ue quest玫es?鈥 鈥 Isabelle destran莽ou as m茫os e p么-las nos bra莽os da poltrona. Endireitou as costas e acomodou-se no assento. O seu olhar atravessava a sala caindo sobre o olhar de Euronymous.
鈥淭eve dificuldades no parto de vosso filho?鈥
Isabelle arqueou as sobrancelhas. Que pergunta t茫o impertinente de se fazer a uma Rainha.
鈥淐aro Euronymous, sentir-me-ei bastante ofendida se a resposta a essa pergunta n茫o nos levar a algo de maior import芒ncia鈥 acho inapropriado a um senhor da sua idade e erudi莽茫o fazer tal pergunta a algu茅m como eu, que no fundo, embora tenha perdido o meu reino, ainda sou uma Rainha.鈥
鈥淧e莽o desculpa, alteza. N茫o foi vontade minha ofend锚-la. A pergunta 茅 sincera e necess谩ria.鈥
Um momento de sil锚ncio. A chama da vela de Euronymous era a 煤nica coisa que se movia naquele espa莽o. Um fio de cera ca铆da pela vela e o fumo ascendia em c铆rculos at茅 embater no tecto. Euronymous susteve a respira莽茫o quando viu os l谩bios de Isabelle formularem uma resposta.
鈥淪im, tive problemas no parto. Foi bastante dif铆cil. Estive dois dias em trabalho de parto e, no final, Liath teve de ser tirado por uma Curandeira. Um ultraje para a fam铆lia real鈥 deixar uma Magi trazer ao mundo um Humano. Foi um facto encoberto at茅 agora, espero que assim se mantenha鈥︹
鈥淢anter-se-谩 certamente. N茫o ousarei voltar a pronunciar qualquer coisa que me seja dita aqui hoje.鈥
鈥淧osso perguntar como soubeste?鈥 鈥 Isabelle descruzou as pernas, as suas m茫os agarraram firmemente os bra莽os da poltrona.
鈥淓st谩 a par da Lenda das Quatro Torres?鈥 鈥 A pergunta de Euronymous era claramente desnecess谩ria. Poucos eram aqueles que tinham conhecimento 鈥 ou acreditavam 鈥 na Lenda das Quatro Torres. Uma rainha, que certamente nem sabia ler, nunca teria acesso a assuntos daquele g茅nero, quais blasf茅mias usadas para afastar o Homem do Esp铆rito.
鈥淰ejo pelo seu olhar鈥 鈥 continuou Euronymous ao aperceber-se do olhar perplexo de Isabelle 鈥 鈥渜ue n茫o conhece tal lenda.鈥
鈥淣茫o, nunca fui pessoa de perder tempo em impossibilidades鈥 lendas, como se tal fosse real鈥︹
鈥淓nt茫o certamente n茫o acreditar谩 quando eu lhe disser que o seu filho, Liath, faz parte da Lenda das Quatro Torres鈥︹
鈥淟iath!? Faz parte da lenda? Como?鈥 鈥 Isabelle agarrou os bra莽os da poltrona ainda com mais for莽a, cravando as suas unhas na madeira. Estava entre o acto de se levantar e o de permanecer sentada, n茫o sabia o que fazer.
鈥淎credito que vosso filho faz parte, ou melhor, 茅 uma parte, da lenda.鈥 鈥 Euronymous levantou-se e entregou a Isabelle a pequena folha de papel. Tinha uns rabiscos, mas al茅m disso pouco mais era vis铆vel. Notava-se que estava escrito com s铆mbolos da sua l铆ngua mas era extremamente dif铆cil de decifrar. Isabelle fingiu ter lido (na verdade ela nunca aprendera a ler, mas quis fazer boa figura) e depois voltou a entregar o papel ao seu dono, dizendo que n茫o conseguira decifrar o seu significado pois estava numa letra deveras repugnante.
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JLMike
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« Responder #3 em: Dezembro 10, 2007, 23:09:11 »

鈥淥ra, alteza, 茅 dif铆cil de ler, admito isso, at茅 eu tive dificuldades em entender鈥 mas a letra n茫o 茅 assim t茫o repugnante como diz鈥 茅 possivelmente at茅 a mais bela caligrafia que alguma vez cruzou os meus olhos鈥 a Escrita Daqueles Que Sabiam.鈥
鈥淎 Escrita Daqueles Que Sabiam?鈥 鈥 Inquiriu Isabelle recostando-se de novo na poltrona e retomando a sua posi莽茫o inicial, perna cruzada e m茫os no colo. 鈥 鈥淧odes explicar melhor?鈥
鈥淐om todo o prazer, alteza.鈥 鈥 Euronymous retomou o seu lugar mas deteve-se uns segundos a olhar para o papel, como que preso numa outra realidade, num outro mundo, numa outra sala鈥 numa sala que se situava dentro de uma casa que n茫o pertencia a um mundo prestes a ruir. 鈥 鈥淎 Escrita Daqueles Que Sabiam 茅 a escrita mais antiga de todo o mundo鈥 鈥 Disse ele, caindo de novo na realidade. 鈥 鈥淔oi a primeira tentativa de criar uma caligrafia, e devo confessar que foi uma brilhante tentativa, pois ainda hoje usamos muitos dos seus caracteres. N茫o 茅 dif铆cil de ler, embora requira alguma paci锚ncia.鈥
鈥淓 consegues ler o que a铆 est谩 escrito?鈥
鈥淧ois claro. N茫o vos mostraria isto se tal n茫o fosse poss铆vel. Aqui est谩 escrita a Lenda das Quatro Torres. Se me permite contar-lha-ei.鈥
Isabelle assentiu, Euronymous aclarou a garganta, co莽ou o nariz, fechou os olhos e respirou fundo. Depois olhou uma vez mais para o papel e preparou-se para recitar o que l谩 estava escrito.
鈥淪茫o Dois aqueles que livrar茫o o Mundo da Destrui莽茫o. Um Magi nascido de Humanos. Um Humano nascido pelas m茫os de um Magi. Meia Lua marcar谩 o Magi. Outra Meia marcar谩 o Humano. Juntos ser茫o uma 煤nica Lua. Juntos luzir茫o e afastar茫o as Trevas. Juntos ser茫o a chama que acender谩 os Quatro Far贸is.鈥
Seguiu-se um momento de sil锚ncio onde apenas se ouviu o respirar de ambos. Isabelle tentava entender as palavras de Euronymous. Euronymous, por sua vez, tentava compreender a express茫o de Isabelle. Decidiu perguntar-lhe o que achava ela do que havia ouvido.
鈥淏em, eu鈥︹ 鈥 respondeu-lhe ela, os seus pensamentos ainda vagueando pela possibilidade de Liath fazer parte da lenda 鈥 鈥淓u n茫o sei que dizer鈥 isto 茅 tudo t茫o, t茫o, inesperado, t茫o novo, t茫o surreal.鈥
Euronymous levantou-se do seu banco e perguntou-lhe se ela queria algo para beber. Ela aceitou. Ele trouxe da cozinha uma bandeja de prata com duas ch谩venas de ch谩 e um bule. Poisou a bandeja em cima de uma mesinha de madeira que estava encostada a uma das paredes e serviu o ch谩. Isabelle ainda ostentava um olhar distante e pensativo.
鈥淢uito obrigado鈥 鈥 disse ela, segurando debilmente a ch谩vena que Euronymous lhe havia passado.
Depois de se servir a si mesmo, Euronymous voltou a sentar-se no seu banco, onde permaneceu durante uns minutos simplesmente a apreciar o ch谩.
Isabelle aclarou a garganta e Euronymous focou a sua aten莽茫o nela. Mas ela n茫o falou. Tentou mas n茫o conseguiu, as palavras pareciam presas entre a garganta e os l谩bios.
Euronymous levantou-se uma vez mais e pousou a ch谩vena em cima da bandeja arg锚ntea. Depois regressou ao seu banco e resolveu falar.
鈥淓u sei, cara Rainha, que as minhas perguntas parecem vindas de um outro mundo, principalmente porque todas elas s茫o perguntas 脿s quais me sabe responder鈥 O seu filho tem alguma marca no corpo?鈥
Isabelle congelou, as suas m茫os enfraqueceram, e deixou cair a ch谩vena no ch茫o de madeira, alagando-o com ch谩.
鈥淥h, desculpa Euronymous鈥 鈥 lamentou-se ela embora, secretamente, pouco lamentasse.
Euronymous n茫o se levantou. Isabelle olhou-o de soslaio e perguntou-lhe se n茫o iria limpar aquilo. A sua pergunta, tal como a sua atitude, era extremamente rude.
鈥淓thaniel!鈥 鈥 chamou Eunonymous, embora ficasse por entender se era mesmo um chamamento ou, talvez, uma poss铆vel ordem.
Ouviu-se uma porta abrir e fechar e depois passos no corredor. Em menos de um segundo um rapaz entrou pela porta. Era alto mas muito magro. Tinha fei莽玫es bastante definidas para algu茅m que parecia ser t茫o jovem. Os seus olhos eram grandes e negros, torneados por sobrancelhas grossas e carregadas. O seu nariz era esguio e os seus l谩bios bastante finos. Ostentava um certo ar de s谩bio, com muita intelig锚ncia por detr谩s daqueles olhos quase l铆quidos, naquele mar de pensamentos. O seu corpo estava coberto por uma estranha fatiota que Isabelle nunca vira antes. Uma capa, ou, talvez, um vestido de homem. Cobria-o dos p茅s ao pesco莽o n茫o deixando mostrar qualquer parte do seu corpo. Tinha mangas compridas que lhe davam at茅 aos pulsos; a partir da铆 as suas m茫os estavam ocultas por um par de luvas negras. Mas aparte destas fei莽玫es e destes seus tra莽os era o seu cabelo que despertava a maior aten莽茫o. Era negro. Negro como a penugem de um corvo. Ca铆a-lhe para os lados formando duas cortinas, como se a sua face fosse um espect谩culo de teatro e o cabelo o pano que abria para os lados e deixava os espectadores apreciarem tal beleza. Era claramente o cabelo de um Magi.
O rapaz entrou cautelosamente e n茫o mostrou qualquer sinal de surpresa ao ver uma mulher, vestida com a sua vestimenta floreada e cheia de arcos e folhos; p茅rolas brancas e brilhantes ornavam o seu vestido formando desenhos majestosos e, por vezes, parecendo-se a estrelas. O seu pesco莽o, notou o Magi, estava todo ele praticamente coberto por um colar de p茅rolas feito em varias camadas, como que mostrando o qu茫o dif铆cil 茅 ocultar a grandiosidade e realeza daquela j贸ia.
鈥淓thaniel, limpa-me isto por favor, a nossa convidada teve um pequeno percal莽o.鈥 鈥 explicou Euronymous apontando com a sua m茫o para os cacos de porcelana da ch谩vena e para o ch谩 que alagava o ch茫o.
Isabelle esperava que o rapaz se ausentasse para ir buscar um pano mas o rapaz n茫o o fez. Em vez disso aproximou-se dos cacos e murmurou 鈥淎reglio鈥 e os cacos recompuseram-se e voltaram a ser a ch谩vena que eram, perfeita e completa. Depois murmurou 鈥淓vaporatte鈥 e o ch谩 pareceu borbulhar desaparecendo em segundos e deixando o ch茫o seco.
鈥淐omo鈥?鈥 鈥 interrogou-se Isabelle, embora, sem querer, o tenha feito em voz alta. Depois de entender o que acabara de presenciar, Isabelle olhou para Ethaniel com raiva nos seus olhos.
鈥淭U!鈥 鈥 vociferou ela. 鈥 鈥淚nfame Magi, como ousas tu usar Magia na minha presen莽a? Como ousas tu sequer aparecer diante de mim, eu, Rainha de Gorgond毛l?!鈥
Apanhado de surpresa Ethaniel n茫o teve resposta. A sua 煤nica reac莽茫o foi manter-se est谩tico e esperar que surgisse qualquer tipo de contesta莽茫o por parte de Euronymous. Esperava uma explos茫o por parte do seu pai, e quem n茫o esperaria se nos insultassem em frente aos nossos pais?
Infelizmente, Euronymous n茫o explodiu de raiva e abordou o assunto com a maior das calmas.
鈥淐ara Alteza鈥 鈥 principiou 鈥 鈥減e莽o-lhe que n茫o trate o meu filho dessa forma, ele tamb茅m faz parte da Lenda das Quatro Torres鈥 partilha do mesmo destino que Liath.鈥
Isabelle sentiu-se como se tivesse levado uma chapada na cara. Um calafrio percorreu-lhe a espinha. Sentia-se de certa forma ligada a Ethaniel e isso era, segundo o que ela pensava, repugnante. Nunca na vida se sentira t茫o suja. Ap贸s tantos anos鈥 estar agora ligada a um ser de baixa qualidade, uma ra莽a inferior, uma ra莽a que, se ela pudesse certificar-se disso, seria exterminada. S贸 de se lembrar que a sua cidade ca铆ra muito por causa dos Magi, n茫o tanto por causa dos Elementos.
鈥淐omo 茅 poss铆vel? O destino do mundo sobre os ombros de um Magi?鈥 鈥 interrogou asperamente.
鈥淓 de um Humano.鈥 鈥 completou Euronymous.
Isabelle engoliu em seco, a sua garganta seca pedia ch谩. Desejou n茫o ter deixado cair a ch谩vena. Levantou-se. Preso ao seu vestido estava um fio dourado que tombou na sua frente ficando pendurado. Um pequeno anel dourado descansava enfiado no fio. S贸 agora tinha Euronymous reparado nele, mas n茫o se mostrou minimamente surpreso.
鈥淓sse anel鈥 茅 uma rel铆quia de fam铆lia, suponho? Vagueia pela sua fam铆lia desde 脿 s茅culos, passando de m茫o em m茫o, de Rainha para Rainha?鈥
Isabelle deixou a m茫o tocar no anel levemente mas n茫o se sentiu capaz de pegar nele, medo de que o anel fosse mais pesado do que o Mundo, medo do que Euronymous poderia dizer a seguir.
鈥淥 seu filho, por acaso, n茫o nasceu com um sinal no dedo anelar esquerdo?鈥
鈥淣asceu, sim! J谩 entendemos que ele 茅 o rapaz da lenda, que mais queres? Que abandone o meu filho num mundo em decl铆nio? Que deixe o meu rapaz partir com um Magi?鈥
鈥淨uero que lhe seja dada a oportunidade de viver a sua vida, de cumprir o seu destino.鈥
Isabelle atravessou a sala, afastou Ethaniel do caminho e parou diante da porta. J谩 n茫o conseguia sequer olhar de novo para tr谩s e encarar Euronymous e o Magi. O peso do anel, o fardo que ele impunha nos seus ombros, o fardo que, muito brevemente, teria que passar para o seu filho, era demasiado pesado e ela sentia que nunca mais conseguiria andar.
鈥淭enho que falar com o meu filho. Se ele estiver de acordo ele aparecer谩 por c谩 amanh茫 quando o sol soltar o seu primeiro raio. Se tal n茫o for o caso, eu e ele partiremos esta noite e nunca mais seremos vistos de novo.鈥
Caminhou at茅 脿 sa铆da devagar, o peso imagin谩rio a exercer uma for莽a tremenda sobre si. Rodou a ma莽aneta da porta e partiu em direc莽茫o 脿 estalagem onde ela e Liath passavam as noites. O sol j谩 se havia posto, Yond卯l estava agora coberto por um manto p谩lido que n茫o transmitia outro sentimento que n茫o o desespero. Ouviu-se o piar de uma coruja, ao longe鈥 ou ent茫o era o crocitar de um corvo鈥 Isabelle j谩 n茫o compreendia nada do que a rodeava鈥
« Última modificação: Dezembro 10, 2007, 23:23:05 por JLMike » Registado
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« Responder #4 em: Dezembro 12, 2007, 01:10:40 »

Capitulo Dois



鈥淓la percorreu infinitos caminhos e nem sequer se mexeu. A sua mente tentou entender o que se passava mas, ou era demasiado para ela, ou ela simplesmente n茫o estava destinada a entender. Confiou no seu filho e nas suas palavras que, naquele momento, lhe pareceram bastante s谩bias. E ent茫o fez-lhe o pedido.鈥

鈥淥 Inicio do Fim 鈥 O Pedido de Isabelle鈥, Euronymous.




脌 meia noite, conforme o combinado, Liath desceu as escadas da estalagem onde, de momento, pernoitava com a sua m茫e, e atravessou a grande pra莽a central dirigindo-se 脿 sa铆da da cidade. Isabelle j谩 havia sa铆do um pouco antes. Tinha dito que havia algo que ainda tinha que fazer e que, para isso, necessitava meditar. Liath ficou, assim, encarregue de se encontrar com ela 脿 sa铆da da cidade, quando o rel贸gio da Torre Santa(1) desse as doze badaladas.
Uma badalada. Liath estava atrasado. Apressou o passo de tal forma que as suas canelas fizeram-se sentir, pulsantes de dor.
Duas badaladas. Liath contornava a pra莽a e entrava numa rua estreita que a ligava a uma outra rua.
Tr锚s badaladas. Liath corria pela rua estreita tentando n茫o pisar a cauda de um c茫o que estava a dormir em frente a uma porta. Deu um salto, trope莽ou, e quase caiu. Parou e respirou fundo enquanto ouvia a quarta e quinta badalada.
Seis badaladas. Contornou a esquina e entrou na 煤ltima rua onde, bem no fundo, dois port玫es escarlate se abriam para a escurid茫o. Correu mais um bocado, para desprazer das suas canelas.
Sete, oito鈥 por fim, doze badaladas. Liath chegara mesmo a tempo, cansado e ofegante.
Mas n茫o estava l谩 ningu茅m.
O sil锚ncio pesava nos ombros. Apenas um leve tinir se mantinha, inabal谩vel e irritante, nos ouvidos de Liath: o eco gritado pelos sinos da Torre Santa.
- Por Gorgondel, tanta pressa para nada. 鈥 Contestou Liath dirigindo-se a ele mesmo e 脿 Noite.
Depois, como que por resposta ao seu coment谩rio, acendeu-se uma luz, t茫o d茅bil quanto a luz de uma estrela distante, no meio das 谩rvores. Certamente 茅 o sinal, pensou ele.
Seguiu a luz, interessado e curioso. Quanto mais se aproximava mais percebia do que se tratava. Era uma vela, uma vela negra como o breu, que ardia e alumiava pouco mais que um metro de dist芒ncia.
Era erguida por uma m茫o muito pequena, dedos finos e belos. A m茫o de Isabelle.
- Por Gorgondel, Alteza. Que faz aqui, no meio destas 谩rvores? E se algu茅m aparecesse e lhe tentasse qualquer maldade? Que faria eu, Liath de Gorgondel, Filho Legitimo de Isabelle, Rainha da Cidade Una?
- Ainda que dissesses Cidade Nenhuma, talvez a铆 acreditasse鈥 鈥 Replicou Isabelle desgostada. O seu tom de voz era menos cuidado, menos pomposo, muito mais simples em compara莽茫o ao que usara com Euronymous. 鈥 J谩 n茫o sou Rainha, Liath, e se o sou ent茫o sou Rainha do Nada.
- O Nada 茅 o Tudo. E se n茫o o 茅 ent茫o certamente 茅 mais que o Tudo! Fostes Rainha, sois Rainha e sempre ser谩s Rainha. 鈥 Concluiu Liath baixando-se numa v茅nia exagerada.
Isabelle deteve-se uns segundos calada, talvez avaliando as palavras do seu filho, talvez tentando compreende onde ele estava pois a escurid茫o era tal que n茫o se via um dedo na frente, mesmo 脿 luz da vela.
Depois aproximou a vela ao rosto de Liath. Este retraiu-se, pensando que ela o iria queimar, mas depois acalmou-se. Ela apenas lhe queria ver a cara.
- Esse teu grande desejo鈥 茅 de Eu ser Rainha? Ou de Tu seres Pr铆ncipe?
Ele n茫o respondeu. Os seus olhos fixaram o ch茫o negro e mal iluminado.
- Bom鈥 鈥 Continuou Isabelle. - 鈥 N茫o se pode dizer que te falta fama. Afinal, segundo Euronymous, est谩s destinado a salvar o mundo.
- O qu锚?! 鈥 Exclamou Liath, incr茅dulo, a sua voz mais elevada que o costume.
- 脡 isso mesmo.
- Da铆 tanto secretismo, Alteza? 鈥 Usara o honor铆fico mas n茫o o quisera. Sentia-se ultrajado por tal not铆cia apenas chegar aos seus ouvidos agora. 鈥 Da铆 termos de falar 脿s escondidas, no meio de uma d煤zia de 谩rvores?
- Sim. 鈥 Respondeu-lhe Isabelle de uma forma directa. 鈥 Ali谩s, estamos demasiado perto. H谩 uma pequena clareira ali, preferia que fal谩ssemos l谩, pode ser?
Liath mordeu o l谩bio e assentiu relutantemente. Os dois avan莽aram lentamente pelas 谩rvores, as estrelas a fugirem na imensid茫o das folhas primaveris. S贸 a pequena vela negra lhes oferecia luz. Encontraram a clareira em menos de cinco minutos. Mal se podia chamar aquilo de clareira. Era apenas um intervalo entre duas 谩rvores que, por acidente da m茫e natureza, havia ficado ligeiramente maior, dando assim para ambos estarem ali confortavelmente.
- Caro Liath 鈥 Come莽ou Isabelle, parando repentinamente e voltando-se para ele. 鈥 Amanh茫 partir谩s de viagem. O teu destino n茫o 茅 do meu conhecimento, apenas Euronymous to poder谩 dizer.
Liath ouvia atentamente, como um vassalo ouve a ordem do seu mestre. J谩 estava habituado a ser ordenado, for莽ado a fazer viagens, excurs玫es entre col贸nias para que as mais long铆nquas terras n茫o se esquecessem que tinham uma Rainha e impostos para pagar. Esta ordem, esta viagem, seria apenas mais uma dessas jornadas.
- De manh茫, quando o sol soltar o seu primeiro raio e afugentar as tr锚s luas dos c茅us, encontrar-te-谩s com ele em sua casa. A partir da铆 estar谩s 脿s suas ordens.
Liath, ainda que habituado, n茫o conseguir evitar mostrar-se apreensivo.
- 脡 s贸 isso? 脡 essa a raz茫o para falarmos aqui neste fim do mundo? 鈥 Perguntou ele, agora j谩 nem usando o honor铆fico.
Isabelle j谩 nem o olhava como um vassalo. O seu olhar era terno, doce, maternal. Sorriu e afagou-lhe a cara com a m茫o que tinha livre. Depois respirou fundo, preparando-se para voltar a falar.
- N茫o, Liath. A raz茫o pela qual fiz quest茫o de falar aqui, nesta clareira t茫o apartada da cidade, 茅 devido 脿 tua futura companhia.
- Minha companhia? Ent茫o n茫o irei sozinho?
- Ir谩s com o filho de Euronymous, acho que o seu nome 茅 Ehmeriel, ou Elloriel, n茫o me recordo鈥 e ele n茫o 茅 como tu.
- Como assim? N茫o 茅 um homem, de carne e osso? N茫o tem sangue a pulsar nas veias?
- Sim, pulsa-lhe sangue nas veias. Se 茅 vermelho, como o nosso, n茫o sei. E tamb茅m 茅 de carne e osso como n贸s, embora a sua carne seja mais fr谩gil e o seu osso, certamente, mais quebradi莽o. E sim, de certa forma, 茅 um Homem. Mas n茫o 茅 Humano. 脡 um Magi.
Liath n茫o teve qualquer reac莽茫o, ora positiva ora negativa, e, secretamente, Isabelle n茫o gostara disso. Quando Isabelle se apercebeu de que Liath n茫o riria dizer nada, adoptou um ar mais altivo.
- N茫o entendes, Liath? Ele n茫o 茅 como n贸s, tem aquele sangue infectado com Magia. N茫o confies nele.
A s煤plica de Isabelle foi, para Liath, de certa forma, repugnante, mas ele nada disse.
Em todas as suas viagens encontrara Magi鈥檚 e nunca pensou que fossem muito diferentes dos Humanos. Talvez fossem um bocadinho diferentes, principalmente no f铆sico. Eram sempre homens ou mulheres pequenos, magrinhos e de aspecto fr谩gil. Mas Liath sabia que, por detr谩s dos olhos de um Magi (que eram sempre exageradamente belos) se escondiam pensamentos extremamente inteligentes, e, por detr谩s dos seus l谩bios finos, se ocultavam palavras mort铆feras, capazes de matar um Homem com um simples suspiro. Isabelle n茫o o entendia, nem como Rainha nem como M茫e. N茫o valia a pena contestar sequer.
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« Responder #5 em: Dezembro 12, 2007, 01:28:29 »

Liath acordou ainda o Sol n茫o havia nascido. O acordar foi calmo, como um despertar numa vida mon贸tona鈥 Mal sabia ele que tudo estava prestes a mudar.
Levantou-se da cama ainda meio ensonado e dirigiu-se ao m贸vel de madeira que lhe servia de c贸moda. Banhou a cara numa bacia de 谩gua que l谩 estava em cima e despertou. Recuou dois ou tr锚s passos e voltou a sentar-se na cama.
Que estaria ele prestes a fazer? Seria esta jornada apenas mais uma simples aventura? N茫o tinha qualquer conhecimento sobre o que iria fazer, como iria fazer e, mais importante que tudo, o porqu锚 de o ter que fazer.
Mas a sua m茫e, Isabelle, havia ordenado a sua compar锚ncia e ele n茫o podia dizer que n茫o. Muito menos ap贸s a conversa da noite anterior. Ap贸s todo aquele discurso anti-Magi feito, pela primeira vez, de m茫e para filho e n茫o de Rainha para vassalo, Liath n茫o podia dizer que n茫o.
- Que achas tu dos Magi鈥檚? 鈥 Liath recordou-se da pergunta da sua m茫e. Os olhos dela estavam muito abertos, expectantes, desejosos que a resposta dele fosse simplesmente 鈥渘ada鈥 e que depois pudesse, com aqueles l谩bios j谩 t茫o bem treinados, despejar coment谩rios negativos e ideias pessimistas sobre os Magi鈥檚. Mas n茫o foi isso que Liath respondeu.
- Acho que s茫o, no mais m铆nimo dos cen谩rios, 煤teis. S茫o capazes de coisas que n贸s n茫o somos. N贸s, por sua vez, tamb茅m somos capazes de coisas que eles n茫o s茫o. Quanto muito, completamo-nos. Somos, cada um, uma das faces de uma moeda.
- Achas mesmo? 鈥 Interrogou Isabelle. 鈥 Ent茫o porque estamos n贸s em guerra com eles?
- N茫o sei. 鈥 Admitiu Liath. 鈥 Eu n茫o ando em guerra com ningu茅m. Sois v贸s que guerreais contra eles. Em casas Magi鈥檚, nas minhas viagens, sempre encontrei comida, um canto onde dormir e roupa lavada. Nunca fui mal recebido por ser um Humano. E nunca receberei mal qualquer Magi que me pe莽a ajuda ou guarida. Ali谩s 鈥 Continuou ele, mirando um fio de cera que escorria da vela. Levou o dedo at茅 脿 vela e limpou-o, evitando assim que a sua m茫e se queimasse. 鈥 Ali谩s鈥 acho que ningu茅m sabe a raz茫o da guerra.
Isabelle arqueou as sobrancelhas de espanto. Se o fez devido 脿 ac莽茫o do seu filho ou como reac莽茫o 脿s suas palavras, Liath nunca entendeu.
- J谩 que estamos num momento de sinceridade entre鈥 - Isabelle parou e respirou fundo - 鈥 entre m茫e e filho, posso confessar-te que n茫o, n茫o sei porque guerreamos. Mas se o fazemos 茅 por uma qualquer raz茫o importante, e se n茫o 茅 importante para n贸s agora 鈥 Prosseguiu ela ao ver que Liath ia tentar replicar. 鈥 ent茫o foi para os nossos antepassados e isso basta para alimentar a batalha e tirar a fome de sangue das nossas bocas.
Liath sentiu-se enjoado com tal express茫o. Deu dois passos para tr谩s e encostou-se 脿 谩rvore, 谩spera e fria. A sua face ficou oculta nas sombras e, quando falou, f锚-lo numa voz tr茅mula e baixa, parecida a um simples murm煤rio, um suspiro do vento pela noite escura.
- Compreendo vossas convic莽玫es, mas confie em mim, m茫e.
Talvez a palavra m茫e tivesse despertado algum instinto maternal em Isabelle, Talvez, uma poss铆vel forma de ternura, uma pequena chama de amor que, embora sempre o tentasse esconder, nutria em rela莽茫o a Liath. Ela respirou fundo mais uma vez, o pr贸prio ar a pesar-lhe por dentro, nos pulm玫es.
- Eu confio.
Liath sorriu nas sombras. Isabelle esticou o bra莽o e entregou-lhe a vela. Ele pegou nela com cuidado para n茫o derramar mais cera. Ergueu-a ao n铆vel dos olhos; eles brilharam com aquela luz, 谩ureos como ouro. Isabelle desatou um fio prateado que tinha em volta da cintura e dele deixou cair um anel dourado. Levou-o at茅 ao n铆vel do seu olhar, ao n铆vel da luz, e o anel cintilou na escurid茫o, uma e outra vez, um dourado mais forte, um dourado mais fraco; um cora莽茫o de ouro que pulsava sozinho.
- Este anel 鈥 principiou a Rainha. 鈥 faz parte da nossa fam铆lia desde 脿 s茅culos, passando de gera莽茫o em gera莽茫o, de Rainha em Rainha. Hoje, por obra do destino, vejo-me for莽ada a pass谩-lo a ti, o 煤nico filho que tive, suposto herdeiro do trono de Gorgond毛l鈥 o trono que agora est谩 destru铆do. 鈥 Isabelle baixou o olhar do anel. O tal peso invis铆vel estava a fazer-se sentir, empurrando o seu olhar para o ch茫o negro. Uma leve aragem come莽ava a fazer-se notar. A pequena clareira onde estavam, desprovida de qualquer vegeta莽茫o, parecia atrair o vento. O cabelo de Isabelle esvoa莽ava livremente atr谩s de si, enquanto que tudo o resto se mantinha im贸vel. Dava-lhe um ar tanto ang茅lico como demon铆aco, Liath tinha dificuldade em compreender qual dos dois estaria mais correcto.
- Diz-me, Liath 鈥 proferiu Isabelle 鈥 Salvar谩s este mundo da destrui莽茫o?
Liath endireitou-se e voltou a deixar-se banhar pela luz.
- Pela minha honra e pela minha vida.
- Ent茫o levar谩s este anel para te recordares da tua promessa. 鈥 Isabelle pegou na m茫o esquerda do seu filho e p么s-lhe o anel no dedo anelar, o dedo onde ele tinha, desde a nascen莽a, uma marca, tal qual o desenho daquele mesmo anel. 鈥 Us谩-lo-谩s quando salvares o mundo. E, quando regressares, ser谩s Rei.
E aquela profecia, dir谩 por Anjo ou Dem贸nio ou Humana, foi ali feita.

Liath aproximou-se da sua mesa-de-cabeceira, onde ardia uma chama d茅bil de uma vela negra j谩 meio derretida, abriu uma das gavetas, retirou outra vela, acendeu, levantou-se e caminhou em direc莽茫o 脿 c贸moda. Prostrado por cima do tampo da c贸moda estava um espelho. Liath pousou a vela num suporte perto do espelho e contemplou a sua figura. Seguramente, n茫o era a figura de um pr铆ncipe.
O seu cabelo estava mal cortado e, a esta hora da madrugada, ainda despenteado. O seu olhar ostentava olheiras, meias luas negras por baixo daqueles olhos dourados. A sua barba estava por fazer e mal parecia barba; era uma simples penugem que aparecia na sua cara, escurecendo os lados e o queixo. Acercou-se do espelho para ver melhor os seu olhos. Mal havia dormido e isso notava-se bem pois os seus olhos estavam meio avermelhados. Mas, mesmo assim, ele tinha de admirar a beleza daquele contraste. O seus olhos, grandes e dourados, com um fundo escarlate, quais moedas de ouro mergulhadas em sangue. N茫o conseguiu evitar pensar que essa express茫o definia perfeitamente as riquezas de Gorgond毛l.(2) Baixou o olhar, agora repugnado consigo mesmo, e tirou a camisola. A luz incerta da vela banhava-lhe o peito com contrastes quase er贸ticos e ele percorreu a m茫o pelo corpo. N茫o se olhou enquanto o fez, tinha demasiada vergonha de si mesmo.
Molhou as m茫os na 谩gua e lavou-se o melhor que p么de. Pegou a sua roupa de cima dos p茅s da cama e vestiu-se com cuidado. As primeiras impress玫es s茫o sempre as mais importantes. Depois de vestido voltou-se uma vez mais para o espelho, tentou, futilmente, pentear-se e apagou a vela. Rodou nos calcanhares para ir apagar a outra mas esta extinguiu-se sozinha. Liath tentou n茫o tomar aquilo como um mau press谩gio e saiu do quarto. Passou pela porta do quarto de Isabelle. Estaria ela ainda a dormir? Deveria ele, como filho devoto, ir despedir-se? N茫o sabia como ela reagiria. Poucas vezes se tinha comportado como uma m茫e para ele. Decidiu n茫o incomodar.

---

(1) - A Torre Santa aqui referida n茫o 茅 mais que uma r茅plica da mais alta torre de R谩chan, a Cidade Santa do Este. Esta cidade foi, em tempos, conhecida pela grande quantidade de meditadores que por l谩 passava. De inicio n茫o era mais que uma simples metropole, comerciando com as cidades mais proximas e mantendo-se num seguro afastamento do resto do mundo. Ao passar dos anos, mais e mais oradores passavam pela cidade at茅 que a adoptaram como sua casa, criando uma Associa莽茫o dos Meditadores, erigindo um grande palacete em honra dos Deuses e passando indeterminados dias fechados em profundas medita莽玫es. A torre da qual esta Torre Santa 茅 r茅plica foi construida por Februus, um dos cidad茫os que, para sua desgra莽a, n茫o gostava muito de religi茫o. Tentara construir uma Torre que chegasse aos Deuses para depois os matar. Como 茅 obvio, n茫o conseguiu. Enquanto trabalhava no topo da Torre uma tempestade passou pela cidade. A chuva alagou o ch茫o, ele trope莽ou e caiu da Torre a baixo, morrendo. Os Meditadores enterraram-no ali perto e deram 脿 Torre o nome de Torre Santa, pensando assim acalmar os Deuses de uma possivel furia. Levaram um sino para o topo e agora, em todos os anivers谩rios da morte de Februus, o sino toca quatro vezes: uma porque trope莽ou, uma porque caiu, uma porque morreu e uma pelos deuses que, l谩 do alto, se riram dele.

(2) Esta express茫o fora, outrora, usada por Hortensio, irm茫o do pai de Liath e seu tio. Fora usada numa valente discuss茫o entre Hortensio e Isabelle ap贸s ter ouvido que ela pilhara uma cidade nortenha e matara uma familia inteira apenas para conseguir as suas riquezas. Hortensio, um pobre homem j谩 velho, de cabelo calvo e desdentado, que tinha ido para Gorgond毛l apenas para tratar dos Jardins Reais, pois essa era a sua paix茫o, recusava-se a viver mais sobre um tecto erigido com sangue.
Diz-se que ele ficou maluco e se escondeu nas montanhas onde morreu de frio. Alguns ainda suspeitam que foi Isabelle quem o mandou assassinar e ser levado para as montanhas de forma a esconder o corpo.
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« Responder #6 em: Dezembro 17, 2007, 22:58:17 »

Obrigado DiteApolinario!

J谩 aqui est谩 o segundo capitulo. Leiam e comentem, se quiserem Wink

FIcarei grato por quaisquer criticas que me tenham a fazer, desde que construtivas.

Wink
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« Responder #7 em: Dezembro 17, 2007, 23:28:13 »

E algu茅m sabe de verdade porque guerreia?! O mundo mete nojo de guerras alimentadas 脿 custa de loucos ambiciosos e invejosos...
Gosto da tua escrita sim!
Bjs
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« Responder #8 em: Dezembro 17, 2007, 23:40:52 »

Obrigado goretidias Smiley

脡 pena uma guerra entre dois povos come莽ar por falta de bom senso e por demasiada ganancia... Humanos a enjaular MAgi's para tentar extrair magia para seu proprio proveito... depois levar uma m茫e Magi 脿 loucura e esta deixar-se apoderar pela Magia, matando tudo 脿 sua frente...

A partir daquele momento eles apenas lutaram, sem sequer perderem um minuto para discutir a raz茫o... 茅 assim o meu mundo imaginario... e acho que tmbm 茅 assim o meu mundo real... infelizmente...

Obrigado pelo comentario Wink
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« Responder #9 em: Dezembro 26, 2007, 10:17:48 »

Tens aqui uma boa fic莽茫o, mas devias colocar os cap铆tulos em novo t贸pico. Terias mais leituras porque 茅 mais f谩cil aceder.
Parab茅ns!
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« Responder #10 em: Dezembro 26, 2007, 10:27:26 »

Olha, at茅 eu deixei este coment谩rio onde n茫o queria... era para outro cap铆tulo...
Bjs
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« Responder #11 em: Dezembro 26, 2007, 10:26:40 »

Deixei o coment谩rio a este cap铆tulo em outro...
V谩 l谩, come莽a a separar os t贸picos!
Bjs
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« Responder #12 em: Dezembro 26, 2007, 11:09:37 »

Bem, est谩 deveras interessante e muito bem escrito.
Estou a gostar, faz o meu g茅nero de fic莽茫o.

Continua, fico 脿 espera do pr贸ximo cap铆tulo  Grin
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"...Voltar谩 dan莽ando, bela sendo,
Voltar谩 crian莽a pequena, correndo,
Voltar谩 eterna sinfonia,
Voltar谩 assim um dia."

http://asameiasdocrepusculo.blogspot.com
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« Responder #13 em: Dezembro 26, 2007, 11:12:46 »

Tamb茅m pensei o mesmo Damien xD
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« Responder #14 em: Dezembro 26, 2007, 12:10:58 »

Calma!!!

Damien e Leto!

N茫o desistam de escrever por nada! Tongue

Eu pr贸prio n茫o sou mais que um jovem de 19 anos que gosta de escrever.

Tive uma ideia e prossegui-a. Tive meio livro completo e acabei parado sem saber o que fazer.
Depois come莽ei este e ainda vou neste inicio, ainda nem sei o que vai acontecer a seguir, eu escrevo conforme me vem 脿 cabe莽a no momento.

Ainda bem que est茫o a gostar, mas at茅 eu proprio tinha duvidas (e ainda tenho) em rela莽茫o 脿 minha escrita. Acho-a demasiado simplista.

Continuem a escrever Wink Abra莽os!
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Novembro 30, 2023, 09:31:54
Bom dia. Para todos um FigasAbra莽o
Agosto 14, 2023, 16:53:06
Sejam bem vindos 脿s escritas!
Agosto 14, 2023, 16:52:48
Boa tarde!
Janeiro 01, 2023, 20:15:54
Bom Ano! Obrigada pela companhia!
Dezembro 30, 2022, 19:42:00
Entrei para desejar um novo ano carregado de infla莽茫o de coisas boas para todos
Novembro 10, 2022, 20:31:07
Partilhar 茅 bom! Partilhem leituras, coment谩rios e amizades. Faz bem 脿 alma.
Novembro 10, 2022, 20:30:23
E, se n茫o for pedir muito, deixem um incentivo aos autores!
Novembro 10, 2022, 20:29:22
Boas leituras!
Novembro 10, 2022, 20:29:08
Boa noite!
Setembro 05, 2022, 13:39:27
Brevemente, novidades por aqui!
Setembro 05, 2022, 13:38:48
Boa tarde
Outubro 14, 2021, 00:43:39
Obrigado, Administra莽茫o, por avisar!
Setembro 14, 2021, 10:50:24
Bom dia. O site vai migrar para outra plataforma no dia 23 deste m锚s de setembro. Aconselha-se as pessoas a fazerem c贸pias de algum material que n茫o tenham guardado em meios pessoais. N茫o est谩 previsto perder-se nada, mas poder谩 acontecer. Obrigada.

Maio 10, 2021, 20:44:46
Boa noite feliz para todos
Maio 07, 2021, 15:30:47
Ol谩! Boas leituras e boas escritas!
Abril 12, 2021, 19:05:45
Boa noite a todos.
Abril 04, 2021, 17:43:19
Bom domingo para todos.
Mar莽o 29, 2021, 18:06:30
Boa semana para todos.
Mar莽o 27, 2021, 16:58:55
Boa tarde a todos.
Mar莽o 25, 2021, 20:24:17
Boia noite para todos.
Mar莽o 22, 2021, 20:50:10
Boa noite feliz para todos.
Mar莽o 17, 2021, 15:04:15
Boa tarde a todos.
Mar莽o 16, 2021, 12:35:25
Ol谩 para todos!
Mar莽o 13, 2021, 17:52:36
Ol谩 para todos!
Mar莽o 10, 2021, 20:33:13
Boa feliz noite para todos.
Mar莽o 05, 2021, 20:17:07
Bom fim de semana para todos
Mar莽o 04, 2021, 20:58:41
Boa quinta para todos.
Mar莽o 03, 2021, 19:28:19
Boa noite para todos.
Mar莽o 02, 2021, 20:10:50
Boa noite feliz para todos.
Fevereiro 28, 2021, 17:12:44
Bom domingo para todos.
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