''Num continente perto de si''
Ondeia o tsunami! De prensas titânicas, um monstro marinho.
O fim abeira.
O mostrengo.
Adeus terra, quiçá — Adeus Terra!
É um comboio: Pouca Terra, pouca-terra, poucaterra. — E o rochedo junta-se, até que o som se baralhe com os motores da catástrofe.
Enquanto isso não me exteriorizo. Conturbado visiono-a, de olhos cerrados. Absurdo. O periclito das Canárias.
O que me justificaria agora? Iria pedir-lhe os dedos que estalejavam com o pressionar perspicaz do telemóvel?
— Nada de amor agora —, dizia Y a mim, — empreende aquela onda de 100m. Há cinquenta anos nenhum leigo eduziria o fim que dela provém, apocalÃptico. — Uma remessa de água o degolou, estiraçando cada fragmento ósseo do indivÃduo. Perante tal cambaleei sadio sobre a enxurrada de entulho e água e solo, esmaguei-me contra uma parede. Ribombaram os meus restos simultaneamente a milhares de edifÃcios alagados. Se estivesse vivo estaria a pensar na frase do outro tipo, o Y, e afinal o Y tinha razão, morrera a pensar e com razão. No meio de tantas ondas e o seu pensamento não saÃra balançado. Daria conta também do meu pulo para o agachar e salvar da vaga, ignorantemente, sem perceber que o perigo nos abarcava aos dois. Sem ressalva, sem bote. Não repararia que estaria numa superfÃcie comercial que enveredava destroços e mais nada. Que muitos mais efebos se encontravam lá.
Adeus Salazar, adeus Hitler, adeus Lenine, adeus Estaline, adeus Mussolini, adeus Franco, adeus Pinochet, adeus Saddam, adeus Kim, adeus Fidel, adeus roupa, adeus amor, adeus patriotas, adeus camaradas, adeus discÃpulos, adeus Jesus, adeus Vaticano, adeus caxemira, adeus Sagres, adeus Euros, adeus neuros, adeus Portugal, adeus Europa, adeus Ãfrica, adeus Bin Laden, adeus paranóia e histórias de embalar, adeus mandalas, adeus bolsa, adeus Suárez, adeus Chávez, adeus Bongo, adeus trident amora-silvestre, adeus Nike, adeus Adidas, adeus Microsoft, adeus Oliveira de Azeméis, adeus Jintao, adeus Júlio César, adeus ‘freedom’, adeus Brejnev, bye Bush!
Era assim um submersÃvel, de placas de vidro, papéis, bancas, breu, sofás, roupas, cabides, lojas, hotéis, automóveis, autocarros, estantes, traça, balcões, estaminés, betão, alamedas e cigarros, a flutuarem no seu Ãntimo.
O efeito local de um Tsunami internacional.
Resumidamente, vários jovens morrem e uma cidade fica abalada, e, no fim, meio mundo.