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Autor Tópico: Hishg脿r - Pr贸logo  (Lida 4775 vezes)
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JLMike
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« em: Dezembro 30, 2007, 14:54:11 »

A "pedido" do Leto deixo-vos aqui o inicio de um outro livro (de momento em stand-by).

Prel煤dio 鈥 Parte I

A FILHA DA LUZ

鈥淐orre!鈥, gritou o homem vestido com uma t煤nica azul-mar que se estendia at茅 aos seus p茅s enquanto que, ao mesmo tempo, mexia as m茫os em movimentos estranhos. 鈥淛谩 disse, corre! Isto deve dar-nos algum tempo!鈥
De repente, com um 煤ltimo movimento de m茫os, todo o cen谩rio se tornou cinzento, enevoado. Uma n茅voa espessa fustigava a vista e impedia quem quer que seja de ver mais que um palmo 脿 sua frente.
鈥漄ue fazemos agora?鈥, perguntou a mulher enquanto corria. Raios de luz sa铆am da sua m茫o, levantada bem no alto, empunhando uma garrafa de um azul transparente. Estes raios atravessavam o nevoeiro levantando-o o bastante para que apenas eles os dois pudessem enchergar o caminho.
鈥淣茫o temos muito tempo. O Uzuma n茫o os segura durante muito mais tempo.鈥 exclamou o homem correndo ao lado da mulher.
No fundo do nevoeiro estava um celeiro que em tempos servira para acondicionar os cavalos alados de Enki. Estava em ru铆nas. As plantas galgavam desde o ch茫o at茅 ao telhado meio partido. Um som de trotear de cavalos aproximava-se rapidamente.
鈥淓ntremos ali, depressa.鈥
鈥漀茫o temos hip贸tese, n茫o vamos conseguir, eles v茫o apanhar-nos!鈥, disse a mulher. A sua voz era calma e sensata n茫o espelhando o pavor que se alastrava pelo seu corpo sabendo que o seu fim estava pr贸ximo. Abriram os port玫es seculares libertando pelas redondezas um som estridoroso. Os port玫es estavam vermelho-escarlate, cobertos de ferrugem. Entraram no celeiro e o homem murmurou:
鈥漀贸s n茫o ... mas ele sim ...鈥 O homem fechou os port玫es 鈥 de novo com um som agudo - e usou como suporte umas madeiras que ali estavam espalhadas, vindas do meio tecto que havia ca铆do, trancando a entrada por dentro. 鈥 Isto dever谩 empatar o suficiente.鈥
鈥滳omo 茅 que ele sobreviver谩? Se eu morrer ele morre tamb茅m.鈥, contestou a mulher.
鈥滶sta terra chama-se Hishg脿r por alguma raz茫o, ainda h谩 Esperan莽a.鈥 O homem olhou para ela e sorriu. 鈥淪enta-te, encosta-te a铆 a essa parede鈥.
E ela assim o fez. Com cuidado, pois a sua barriga era grande, encostou-se 脿 parede coberta de musgo e sentou-se no ch茫o.
鈥淢ant茅m-te quieta. 鈥

BOOM!

BANG --- BANG!

De fora do celeiro vinham sons de explos玫es, de bramidos de dor e sofrimento, de mulheres e crian莽as a chorar, de homens corajosamente gritando por for莽as. De espadas a dan莽arem umas com as outras com tanta emo莽茫o como que dois amantes a beijarem-se, de punhais a trespassarem a carne dos corpos, de arcos a lan莽arem as suas flechas, ora envenenadas ora incandescentes, ora at茅 simples quando das outras faltava. De cascos de cavalos que troteavam velozmente e se aproximavam cada vez mais, de corpos que ca铆am no ch茫o inanimados.

BANG!

Sil锚ncio.

BANG! A porta estremecia, as t谩buas que a prendiam come莽avam a ceder enquanto que de fora dezenas de homens empunhavam largos troncos de madeira de encontra a porta j谩 por si debilitada.
BANG! De novo estremeceu a porta. As vigas come莽avam a dar de si. Era agora ou nunca, era o in铆cio ou o fim.
鈥淔ico feliz por finalmente ver o meu fim鈥 um adormecer depois de um longo, longo dia鈥︹ sorriu carinhosamente para a sua mulher. Ela n茫o pareceu entender mas devolveu-lhe o sorriso.
De novo fez movimentos estranhos com as m茫os rumorejando ao mesmo tempo c芒nticos numa l铆ngua desconhecida. Quando finalmente parou tirou do bolso um p贸 p煤rpura e desenhou no ch茫o um c铆rculo com uma estrela dentro, onde colocou a m茫o esquerda e, repousando a m茫o direita no ventre da mulher que amara a vida inteira, voltou a entoar um c芒ntico, este sim j谩 na sua l铆ngua.

鈥淟evai a vida que neste ventre descansa
Levai a vida, dai-lhe Esperan莽a.
Levai at茅 onde tudo 茅 puro
Levai a vida e dai-lhe Futuro.鈥

O c铆rculo estrelado soltou uma luz brilhante que se tornou numa corrente envolta desde o bra莽o esquerdo do homem at茅 ao ventre da mulher. Ambos arderam em chamas. No c铆rculo estrelado ficou um beb茅 rec茅m-nascido e, libertando uma luz mais brilhante que o sol, o c铆rculo desapareceu, sem deixar rasto, levando o beb茅 consigo.

LIATHAN DE HARDA

As portas abriram-se e o barulho ensurdecedor de fora consumiu o sil锚ncio que estava instalado.
O celeiro estava vazio. J谩 n茫o havia homem nem mulher, apenas cinzas.
鈥淎qui n茫o est谩 ningu茅m, talvez tenham sido mortos l谩 fora...鈥, declarou um dos soldados. Vestia um colete negro que cobria o seu peito condizendo com as cal莽as pretas que lhe tapavam as pernas. Em volta da sua cintura estava uma espada prateada com um s铆mbolo embebido no punho - uma espada e um machado cruzados com um 鈥淒鈥 por cima. Era um soldado de alta patente, possivelmente um dos grandes Mercen谩rios do Imp茅rio de Isilmuth. 鈥淧ara onde nos dirigimos agora, mestre?鈥. Dirigia-se a um homem alto, vestido com uma armadura vermelha. Nas suas costas transportava dois suportes cruzados, cada um com uma espada. O Mestre tinha um aspecto comido pelo tempo, desgastado.
鈥漃ara Didika. Faz soar o aviso.鈥, respondeu numa voz fria e 谩spera.
O Mercen谩rio levantou a m茫o em direc莽茫o ao c茅u e dela saiu uma chama vermelha que fez com que todos os soldados encetassem numa retirada. 鈥淎 caminho de Didika!鈥, gritou, galgando para cima do seu cavalo, tamb茅m ele negro. Todos o seguiram, com gritos e uivos e espadas no ar, com armaduras a tilintarem e os cascos dos cavalos a raspar o ch茫o como que f贸sforos a acenderem. Duas horas mais tarde todos os soldados haviam chegado 脿s portas de Didika, que se situava num desfiladeiro por entre duas montanhas.
鈥淒idika...鈥, murmurou o Mestre 鈥淔oi aqui que se deu Nazir-Pall, a Luta do Destino entre os Grandes. Foi aqui que sucumbimos perante o nosso inimigo. Merecemos a vingan莽a! Merecemos o poder! N茫o deixem nada vivo! Nazir! Lutai! Nazir in-ingul! Lutai pela p谩tria!鈥
Os gritos dos soldados encheram o desfiladeiro, ampliados pelo eco que se fazia sentir. Estavam prontos para a batalha. O Mercen谩rio sorriu e com um simples mover de m茫o fez explodir os port玫es que davam acesso 脿 pequena cidade.
Veloz e ensurdecedoramente todos os soldados se dirigiram para a cidade enfurecidos. Olhos vermelhos de gan芒ncia, corpos fortes de luta, encontravam caminho por entre as casas, destruindo tudo 脿 sua passagem. No centro, como se tudo 脿 sua volta n茫o existisse, como se estivesse submerso num sil锚ncio absurdamente normal, marchava calmamente uma figura vermelha. Andava pacatamente enquanto que a sua volta as casas eram afogueadas e as fam铆lias mortas. As crian莽as eram trespassadas por espadas e as mulheres choravam por momentos breves antes de serem consumadas pelas chamas. As habita莽玫es ru铆am em cinzas com o leve sopro do vento. Enquanto mantinha o andar pl谩cido, os campos 脿 sua volta eram destru铆dos, as colheitas desfeitas, as lojas, onde meros instantes antes eram vendidos produtos do dia-a-dia, eram dizimadas. Por tudo quanto passavam os soldados apenas deixavam calamidade e tristeza, destrui莽茫o e desalento, e, misericordiosamente, morte.
Serenamente o Mestre chegou ao centro da cidade j谩 todo destru铆do pelos soldados e continuou em frente, caminho que depressa o levou at茅 aos port玫es do pal谩cio de Liathan. 脌 entrada encontravam-se dois soldados de bom cora莽茫o. Mas o bom cora莽茫o n茫o os salvou e foi com apenas um gesto que ambos foram arremessados atrav茅s dos port玫es verde-lima, a 煤nica cor alegre que agora existia na cidade. Com o embate dos corpos os port玫es abriram-se e os dois soldados perderam os sentidos. No fundo da grande sala levantou-se uma figura pequena, de vestes condizentes com os port玫es e com o resto do ambiente da divis茫o. O mestre andou em direc莽茫o a Liathan. Passo a passo, seguia Liathan tamb茅m em direc莽茫o ao mestre.
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Nunquam magnum ingenium sine mixtura dementea fuit...
JLMike
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« Responder #1 em: Dezembro 30, 2007, 14:55:16 »

Prel煤dio 鈥 Parte II

HJ脹D DE ISILMUTH

O sol escondia-se por entre as montanhas Galf枚r dando lugar 脿 lua para que estendesse o seu manto p谩lido pelas terras de Hishg脿r. O c茅u tornava-se num azul-escuro conforme as horas passavam e a noite dominava a paisagem. As estrelas espreitavam envergonhadamente do c茅u, uma a uma, como pontinhos brilhantes rompendo um manto escuro. Do fundo do vale ecoaram passos r谩pidos. N茫o eram humanos.
Um cavalo rompeu a noite a alta velocidade levando montado um homem de aspecto sombrio. Trazia vestida uma armadura vermelha, de metal leve, e cal莽adas umas botas de couro negro. Atada ao seu pesco莽o, e voando ao sabor do vento, pairava uma capa de cetim preto 脌 cintura, bem apertada no lado esquerdo, estava uma espada pouco maior que o comprimento do seu bra莽o. As suas m茫os estavam cobertas por umas luvas brancas e seguravam as r茅deas com for莽a.
O cavaleiro atravessou o vale por entre as duas montanhas com os seus olhos negros fixos no seu destino: Didika.
No fundo do vale jazia a cidade de Didika, conhecida por ter dado ch茫o 脿 Luta do Destino entre os Antigos e por ter visto morrer Hister, o L铆der dos Sombras.
Os port玫es estavam escancarados e os guardas mortos, com as suas pr贸prias lan莽as cravadas nos seus peitos. O cavaleiro n茫o exitou e passou por eles sem pestanejar. Conforme abria caminho por entre as ruas reparou que tudo estava destru铆do, tudo ardia em chamas ou voava em cinzas. Mas isso n茫o o fez abrandar. Ao passar o centro da cidade contornou os destro莽os de uma pequena fonte circular e seguiu em frente, em direc莽茫o ao castelo que se erguia colosso no meio dos destro莽os. Tinha mais de dez vezes a sua altura e nem cinquenta homens seriam capazes de cobrir toda a entrada. Os port玫es eram verde-lima que agora faziam grande contraste com o cinzento espalhado por todo o terreno. Estavam ambos amplamente abertos. O cavalo refreou por ordem do cavaleiro. Ao olhar para cima viu que tr锚s grandes torres brotavam das costas deste gigante de pedra cinzenta, uma no centro, a mais alta das tr锚s, e outras duas, uma em cada lado, ambas do mesmo tamanho. Elevavam-se bem alto, perfurando a noite de tal forma que pareciam tocar nas estrelas.
O cavalo parou e o cavaleiro desceu. O seu olhar era impenetr谩vel. As duas sobrancelhas negras torneavam os olhos dando-lhe um aspecto 铆mprobo. As linhas da sua cara teciam-lhe um rosto de mi煤do mas, ao mesmo tempo, davam-lhe um ar de adulto, como que se pairasse entre os dois lados.
O cavalo relinchou baixinho, sentindo que algo se passava. O cavaleiro deu-lhe uma palmada no dorso e o animal partiu silenciosamente, desaparecendo por entre as casas desfeitas. O cavaleiro acercou-se dos port玫es abertos e ocultou-se nas sombras. Do interior soou uma voz.
鈥...Considera... talvez seja melhor abdicares... talvez seja melhor juntares-te a n贸s... assim talvez tenhas possibilidade de sobreviver. Sozinho nada far谩s.鈥
Silencio. Depois uma outra voz cortou o ar.
鈥淲v枚gh... 茅s tu que tens que te inquietar com a possibilidade de sobreviver, n茫o eu. Apesar das tuas boas inten莽玫es opto por ficar como estou.鈥
A primeira voz soltou uma gargalhada seca. 鈥淣茫o vez que ser谩 ele que nos conduzir谩 脿 antiga gl贸ria? 脡 ele... ele 茅 o nosso l铆der incarnado! Ele 茅 Hister! Ele vingarnos-谩 da humilha莽茫o que sofremos ao longo destes anos! Ele levar谩 os Sombras de novo 脿 vit贸ria!鈥
鈥淣osso l铆der? Nem os deuses me comandam! Quem me lidera sou eu e mais ningu茅m. N茫o tenho nada a ver contigo ou com o teu l铆der! N茫o sou um de v贸s!鈥
鈥淣茫o 茅s?! Tu 茅s um Sombra, 茅s descendente dos Sombras! O teu lugar 茅 connosco. Nazir! Nazir in-ingul! Lutar pela p谩tria!鈥
O cavaleiro acercou-se mais, mas apenas o suficiente para conseguir ver o que se passava. Estavam dois homens no meio do sal茫o, um em cada lado de uma mesa que ocupava mais de metade da divis茫o. Estavam ambos levantados. Um deles, o que acabara de falar, tinha um aspecto douto e velho. Era calvo e tinha uma p锚ra arg锚ntea que se enrolava num min煤sculo caracol. Vestia uma armadura vermelha e por detr谩s das suas costas estavam dois suportes, cada um com uma espada. O outro homem era pequeno e a sua cabe莽a mal passava por cima da mesa. Trajava umas cal莽as verdes acompanhadas de um colete castanho e verde feito de folhas, tecidas umas 脿s outras. 脌s costas tinha uma flauta e 脿 cintura um punhal, descansado num cinto castanho-escuro feito do que parecia ser casca de 谩rvore. A sua express茫o era, tal como a do cavaleiro, indecifr谩vel. Depois de minutos de sil锚ncio, falou.
鈥淢etade da popula莽茫o de Hishg脿r s茫o Sombras, outra metade Luzes, e todos aprendemos a viver uns com os outros. Desde o momento da Luta do Destino que deix谩mos de ter diferen莽as. Sou t茫o humano como um Luz, temos os mesmos direitos e obriga莽玫es. Somos Homens, nada mais.鈥 Mais uma vez se fez sil锚ncio, um sil锚ncio de medita莽茫o.
O cavaleiro pensou em intervir mas n茫o o fez. Talvez seja melhor ouvir o resto da conversa, pensou. Talvez descubra algo mais... Um calor intenso percorreu o seu corpo quando viu o pequeno homem abrir a boca para falar. Talvez agora digas algo 煤til...
鈥淢antenho a minha posi莽茫o. N茫o te ajudarei.鈥 O pequeno homem subiu a mesa com uma agilidade desproporcional para a sua figura.
鈥淣茫o sabes o que fazes鈥, disse Wv枚gh abanando a cabe莽a enquanto subia a mesa como quem sobe uma simples escada.
Ambos retiraram as suas armas dos suportes e encetaram numa marcha lenta, um contra o outro.
Da entrada soou uma voz sombria e g茅lida.
鈥淲V脰GH!鈥
O cavaleiro saiu das sombras revelando-se aos dois homens. Ambos ficaram im贸veis, est谩ticos, 脿 presen莽a dele. Wv枚gh ajoelhou-se e baixou a cabe莽a cumprimentando o seu Imperador.
鈥淨ue fazes aqui?鈥 perguntou o Imperador amargamente. 鈥淨uem vos deu ordem para atacarem Didika? QUEM?鈥 Avan莽ou at茅 meio do sal茫o. O som dos seus pa莽os ecoava pela sala nos momentos de sil锚ncio. 鈥淧orque raz茫o te encontro eu na mesma sala que Liathan?鈥
Wv枚gh desceu da mesa e p么s a sua m茫o direita em cima do cora莽茫o em sinal de respeito. Depois levantou a cabe莽a e disse:
鈥淧e莽o perd茫o, meu senhor. Tudo foi feito com a melhor das inten莽玫es. Estava apenas a preocupar-me pelo seu bem-estar. Estava apenas a tentar persuadir Liathan a aliar-se 脿s nossas for莽as, ele seria um aliado forte... e tem algo que vos poder谩 interessar.鈥 Sorriu ao ver um rasgo de surpresa passar pela cara do Imperador. 鈥淎 melodia da vida tem um som sublime, meu senhor.鈥
Os olhos do Imperador saltaram para a flauta nas costas de Liathan. De repente a sua face j谩 n茫o se aparentava 脿 de um mi煤do. Os olhos presos naquele instrumento lembravam os de um falc茫o que visionava a sua presa. Os seus dentes sa铆am da sua boca num sorriso doentio e esfomeado, assemelhando-se com os dentes de um lobo que mirava com prazer para um veado. Pelo seu corpo percorreu outra onda de calor, esta ainda mais intensa que a anterior. Num segundo saltou para a frente agarrando o p茅 de Liathan e puxando-o, este caindo com for莽a em cima da mesa. O Imperador tirou a espada do seu cinto. Era leve, bastante leve. Ou seria do material ou talvez da sua mestria com o instrumento. Levantou-a bem alto com ambas as m茫os e proferiu um golpe vertical apontando para o homem ca铆do na mesa. Liathan esquivou-se por escassos mil铆metros, rebolando pela mesa e descendo na extremidade. Retirando o seu punhal da cintura, caminhou em direc莽茫o ao seu oponente. Ambos come莽aram a andar em c铆rculos esperando que algu茅m baixasse a guarda. Wv枚gh ficou a ver, empurrado para um segundo plano.
Liathan atacou primeiro, um golpe horizontal directamente no centro da espada do advers谩rio, tentando desviar a arma para depois ter oportunidade de atacar no peito, mas o Imperador atalhou o ataque com per铆cia e ambas as espadas ficaram juntas, paralelas com as caras dos seus mestres. Liathan olhava o Imperador nos olhos e este respondia da mesma forma. Com um salto ambos se chegaram para tr谩s, resumindo de novo o andar em c铆rculos.
鈥淓u quero o que tu levas as costas, nada mais. D谩-me essa tua flauta e deixar-te-ei partir ileso. Recusa-me o pedido e ter谩s o teu fim neste castelo!鈥 disse o Imperador enquanto caminhava calmamente naquele ciclo girat贸rio.
鈥淣茫o desejaria melhor morte que a servir Enki. E n茫o desejaria melhor campa que a minha pr贸pria casa.鈥
鈥淓nt茫o assim seja.鈥 O Imperador retirou a m茫o esquerda da espada e ergueu a arma bem alto, perpendicular aos seus ombros. A m茫o esquerda ficou firme na sua cintura, como que preparada para dar um murro. Ambos pararam e o som dos seus pa莽os esmoreceu. Um sil锚ncio f煤nebre encheu o sal茫o.
O Imperador saltou para a frente conduzindo a espada ao cora莽茫o do advers谩rio. Liathan protegeu-se com o seu punhal. O golpe seria desviado se n茫o fosse a ast煤cia e experi锚ncia do Imperador. A m茫o esquerda que tinha posta na cintura abriu-se. Pintado na luva estava um c铆rculo negro com uma estrela vermelha dentro. O c铆rculo soltou um feixe de luz arroxeado que embateu no bra莽o em que Liathan empunhava o punhal desviando-o o suficiente para que a l芒mina da espada do Imperador trespassasse o peito do seu advers谩rio. Liathan soltou um grito de dor e uma l谩grima caiu dos seus olhos. Os seus joelhos embateram no ch茫o, a sua vis茫o ficou meio manchada, e a alma que habitava no seu corpo partiu, deixando apenas o corpo parado, inerte.
O Imperador retirou a espada do cad谩ver e limpou-a com a sua capa. Depois retirou a flauta das costas de Liathan e colocou-a 脿 cintura, juntamente com a sua espada.
Come莽ou a andar em direc莽茫o 脿 sa铆da e apenas disse 鈥淲V脰GH!鈥
O seu servo seguiu-o sem contestar.
L谩 fora o ar estava diferente. O vento soprava agradavelmente embora trazendo consigo murm煤rios e assobios de morte. A capa do Imperador esvoa莽ava atr谩s de si e o sangue de Liathan ainda ca铆a em pequenas gotas deixando um rasto atr谩s deles enquanto se dirigiam 脿 sa铆da da cidade.
Antar茂s, a primeira lua erguia-se a Sul. A Oeste, Kvaga, a segunda lua, come莽ava a aparecer por entre as montanhas. O Imperador parou para contemplar a destrui莽茫o. Observou alguns dos destro莽os, remexendo neles com o p茅.
鈥淢esmo sem a minha ordem voc锚s fizeram um belo trabalho... Apraz-me de saber que tenho t茫o bons vassalos.鈥 ponderou calmamente enquanto se apeava para pegar num pequeno urso de peluche que estava no ch茫o. Wv枚gh estava poucos metros atr谩s, na sombra de uma parede que n茫o havia ca铆do. Tinha a cabe莽a baixa de vergonha.
鈥淣茫o ser谩s punido.鈥 afirmou o Imperador (Wv枚gh suspirou de alivio) 鈥漀o entanto tamb茅m n茫o ser谩s gratificado. Apesar de tudo desobedeceste a uma ordem.鈥
Wv枚gh n茫o se importava. Ficou contente mesmo assim. N茫o seria punido o que era 贸ptimo. Desobedecer a uma ordem sempre foi caso para execu莽茫o imediata. Achou-se com muita sorte de passar ao lado de tal ac莽茫o. Algumas l谩grimas percorreram a sua face mas foram tapadas pela escurid茫o e o Imperador n茫o reparou. Se n茫o fosse por isso tamb茅m n茫o repararia. Estava demasiado concentrado numa parte dos destro莽os. Algo se movera.
Vagarosamente, empurrando algumas madeiras conforme se arribava, levantou-se um pequeno rapaz. O topo da sua cabe莽a n茫o chegava nem 脿 cintura do Imperador, tinha as roupas esfarrapadas e alguns cortes pelo corpo. A crian莽a levantou o bra莽o e apontou para o peluche nas m茫os do Imperador. Come莽ou lentamente a andar, p茅 ante p茅, pelos pequenos s铆tios onde n茫o haviam destro莽os. Quando chegou na frente do Imperador sorriu, inocentemente.
O sorriso foi-lhe retribu铆do. Mas n茫o foi um sorriso am谩vel, ou um sorriso afectuoso. Foi um sorriso s谩dico.
鈥溍 teu?鈥 perguntou o Imperador.
A crian莽a moveu a cabe莽a em confirma莽茫o e estendeu os bra莽os, seguro de que receberia o peluche de volta. Mas tal n茫o aconteceu.
Em vez disso o Imperador retirou de uma das suas botas de couro um pequeno punhal prateado, n茫o maior que o comprimento da palma da sua m茫o. Levantou-o 脿 altura da cara do brinquedo e, num s贸 golpe, perfurou ambos os olhos deixando o boneco cego.
Quase instantaneamente a crian莽a caiu de joelhos e levou as suas pr贸prias m茫os 脿 cara. A luz fraca da lua que banhava as redondezas come莽ava a desaparecer. Lentamente todo o vest铆gio de luz desapareceu aos olhos daquela crian莽a.
O Imperador soltou uma gargalhada que fez Wv枚gh arrepiar-se e falar.
鈥淪enhor, j谩 chega... talvez dev锚ssemos voltar ... talvez...鈥
鈥淪IL脢NCIO!鈥 vociferou o Imperador. 鈥淢ant茅m-te calado. J谩 tiveste sorte em seres poupado, n茫o comprometas a tua vida de novo.鈥
Wv枚gh resignou-se a assistir ao que se iria passar.
Lentamente o Imperador levantou o bra莽o em que tinha o punhal e colocou a ponta da arma no cora莽茫o do boneco. 鈥淪e rasgar os olhos te cegou veremos o que isto far谩.鈥
Do meio da escurid茫o apareceu um feixe de luz que foi colidir com bra莽o onde o Imperador segurava o punhal. Um segundo feixe de luz embateu no seu peito fazendo-o trope莽ar e cair para tr谩s.
Do fundo do nada um manto de luz branca revestiu as redondezas. Do 芒mago dessa luz apareceu um homem. N茫o ostentava qualquer arma. Trajava uma t煤nica de cetim branca ornamentada com uma fita verde envolta na sua cintura. A t煤nica cobria-o dos ombros aos p茅s, que repousavam em sand谩lias de madeira. Tinha um semblante douto, mas jovem. Os seus cabelos eram brancos e longos, atados por uma fita cinzenta atr谩s das costas. Os seus olhos eram castanhos-claros e transbordavam de sabedoria. A seu nariz era esguio e a sua boca um corte fino e agrad谩vel desdobrando-se num sorriso simples e modesto.
Erguendo a sua m茫o direita esta personagem fez a pequena crian莽a voar at茅 ele e poisou-a a seu lado.
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« Responder #2 em: Dezembro 30, 2007, 15:01:01 »

ENKI DE OR脗UL

O homem esperou que o Imperador se erguesse e s贸 depois falou:
鈥淥l谩 Wv枚gh, prazer em ver-te aqui. N茫o tinha conhecimento de que trabalhavas para algu茅m t茫o...鈥 reflectiu 鈥... poderoso.鈥
Wv枚gh saiu das sombras mas n茫o proferiu nenhuma resposta. A aten莽茫o ficou de novo no Imperador.
鈥淪hr没th igh鈥檌eld, Enki-gur?鈥(1) disse o Imperador.
A express茫o de Enki ficou mais grave. 鈥淩ag knal鈥檈m, Hj没d-s芒r.鈥(2) respondeu. 鈥淧orque falas tu na L铆ngua dos S谩bios? Medo que os teus subordinados te compreendam,鈥 Enki inclinou a cabe莽a em direc莽茫o a Wv枚gh 鈥渆 que saibam aquilo que na verdade est谩s a intentar fazer?鈥
鈥淣茫o tenho quaisquer segredos para com Wv枚gh.鈥 Hj没d, o Imperador, acercou-se de Enki calmamente. 鈥淎li谩s, se n茫o fosse ele ainda estaria muito aqu茅m do meu objectivo. Hoje demos um grande passo, um passo essencial na minha busca.鈥 Parou, mesmo em frente a Enki, olhos nos olhos. Enki falou:
鈥淯m grande passo, imagino. Mas para qu锚? Que procuras?鈥
鈥淟it wit鈥檊orgis.鈥(3) respondeu Hj没d t茫o baixo que Enki mal conseguiu discernir o dialecto.
鈥淢ais uma vez te pergunto. Porque falas tu na L铆ngua dos S谩bios? N茫o 茅 do teu saber que quem exorbita dessa linguagem se v锚 errante na loucura? Que por vezes at茅 leva a morte?鈥
O sil锚ncio assolou Didika. Hj没d n茫o respondera, ora por falta de r茅plica ou puramente por achar desnecess谩ria uma explica莽茫o. Enki n茫o proferira mais nada. Para espanto de ambos quem quebrou o sil锚ncio foi Wv枚gh.
鈥淪enhor, dev铆amos partir. N茫o temos mais nada a fazer aqui.鈥
Os l谩bios de Hj没d curvaram-se num sorriso. 鈥淭ens raz茫o. Temos o que pretend铆amos, n茫o estamos aqui a fazer nada. Vamos.鈥 O Imperador virou as costas a Enki e come莽ou a caminhar em direc莽茫o a Wv枚gh, detendo-se a meio do caminho. 鈥淣茫o me vais tentar impedir, Enki-gur? N茫o me vais tentar converter? Tentar fazer com que eu veja a Luz?鈥 Nesta 煤ltima palavra Hj没d abriu os bra莽os e olhou para o c茅u como que se tratasse de algo muito importante. Depois voltou a fixar os olhos em Enki at茅 que este disse, tranquilo e numa voz serena.
鈥淣茫o. N茫o acredito que consigas alcan莽ar o teu objectivo. Est谩s a andar numa estrada de sentido 煤nico. N茫o 茅 poss铆vel voltar para tr谩s. N茫o tentes o imposs铆vel. Perder-te-谩s no caminho.鈥
Um rasgo de f煤ria cruzou a face de Hj没d. Os seus punhos estavam cerrados, as unhas cravadas na palma da sua m茫o. 脌 sua volta abriam-se pequenas brechas e fendas no ch茫o, como que uma for莽a incorp贸rea estivesse a cravar as garras no ch茫o abrindo buracos. Quando o Imperador falou f锚-lo numa voz mais sombria e algo desatinada:
鈥淣茫o sabes do que falas. 脡 poss铆vel e eu vou conseguir! Custe o que custar eu... eu vou...鈥 a sua voz come莽ou a falhar 鈥渆u... vou... vou...鈥 uma l谩grima torneou a sua cara 鈥... Conseguir.鈥
Hj没d afastou-se e juntou-se a Wv枚gh. Olhando uma vez mais para Enki disse:
鈥淰oltaremos a encontrar-nos. Niur鈥檊h fal, Enki-gur.鈥(4) E com isto o Imperador e o seu servo desapareceram, fundidos com o pr贸prio ar, deixando Didika para tr谩s inteiramente aniquilada e em sil锚ncio.
鈥淣iur鈥檊h fal, Hj没d-s芒r.鈥(5) suspirou Enki.
Ele ficou ali parado, a olhar para o s铆tio de onde Hj没d havia desaparecido, durante um bom bocado, pouco ciente da presen莽a do rapaz.
Que procura Hj没d?
Porque est谩 Wv枚gh com ele?

(1)   Que fazes aqui, Enki?
(2)   Vim deter-te, Hj没d.
(3)   Procuro a vida.
(4)   At茅 breve, Enki.
(5)   At茅 breve, Hj没d.

LAHO DE HARDA

Sem alguma solu莽茫o na sua mente voltou-se e observou a crian莽a. O rapaz encontrava-se enroscado no ch茫o. Estava acordado e, no entanto, escassamente ciente do que se havia passado. Enki sentou-se ao seu lado e examinou os seus olhos, agora cor de p茅rola.
鈥淒esculpa-me鈥, disse numa voz calma e entristecida 鈥渕as n茫o consigo curar isto. Est谩 para al茅m do meu poder curar isto.鈥
O rapaz n茫o disse nada, e nada havia para ser dito. J谩 nada lhe importava. Estava cego. Nunca mais veria o seu pai e a sua m茫e, a sua casa, o seu ursinho de peluche...
Enki abriu boca para falar mas fechou-a de novo. Palavra alguma poderia agora ser dita, palavra alguma faria a diferen莽a.
Durante alguns minutos os dois ficaram ali, o rapaz com os seus olhos fechados e enrolado no ch茫o, e Enki sentado a seu lado olhando para todo o lado e n茫o reparando em coisa alguma. Um forte sil锚ncio cobriu Didika de novo, apenas para ser quebrado segundos depois com um o forte thunk proveniente da entrada da cidade.
Tanto Enki como a crian莽a se arribaram e olharam em direc莽茫o 脿 entrada. O rapaz nada viu, apenas sentiu uma forte presen莽a. Enki viu algo que nunca imaginaria ver.
Uma figura com aspecto de c茫o emergia da entrada. Passaria despercebido se n茫o fosse por duas caracter铆sticas bastante peculiares que sobressa铆am: a sua cauda e a sua cara. Tinha a cauda de um le茫o, que terminava com um grande tufo de p锚lo, e uma cara quase humana. Assim que se apercebeu da presen莽a deles este misterioso animal fugiu e desapareceu na escurid茫o.
Como que tal fosse um sinal Enki olhou para o rapaz e disse:
鈥淐rian莽a... diz-me o teu nome.鈥
O rapaz abriu a boca e fechou de novo, depois abriu novamente e dela saiu uma simples palavra tal qual um suspiro.
鈥...Laho...鈥
鈥淟aho...鈥 Enki ponderou, os seus olhos presos no rapaz 鈥... O que se passou hoje foi horr铆vel, o que se passou hoje nunca devia ter acontecido. Aquele que se cognomina de Imperador procura algo que de modo algum deve alcan莽ar, e nessa sua procura ele feriu e matou centenas. Os teus pais...鈥 deteve-se. Estaria correcto dizer tal coisa a uma crian莽a? Que os seus pais foram mortos ali, apenas 脿 uns minutos atr谩s? Era uma coisa dif铆cil de dizer mas igualmente dif铆cil de deixar por dizer. 鈥淧erdoa-me, Laho, mas os teus pais-鈥
鈥-Os meus pais n茫o estavam na cidade鈥︹ interrompeu Laho 鈥淢as antes do ataque correu noticia de que eles鈥. 鈥 Laho n茫o conseguiu acabar a frase mas Enki compreendeu e mudou de assunto com uma nova pergunta:
鈥淟aho... poder谩s vir comigo? Eu tenho uma casa a quil贸metros e quil贸metros daqui. Levar铆amos um m锚s a l谩 chegar mas acredito que, se cruzarmos estas montanhas e nos dirigirmos ao rio Uru-枚n, poderemos segui-lo at茅 Izn谩r e arranjar um batel que nos leve at茅 ao nosso destino: Falindur, em Or芒ul. Poder铆amos l谩 chegar em duas semanas, tr锚s no m谩ximo.鈥
Laho olhou para Enki, estupefacto, embora nada enchergasse. Era um convite estranho. Enki era um desconhecido. Poderei confiar nele?, perguntou de si para si.
Ser谩 seguro? Partir numa viajem com algu茅m que n茫o conhe莽o?
Era uma pergunta bastante dif铆cil.
Mas ele salvou-me. Estaria morto se ele n茫o tivesse aparecido.
鈥淧orque deverei confiar em si...senhor?鈥 perguntou Laho educadamente.
鈥淣茫o te estou a pedir que confies em mim. Pe莽o-te apenas que me acompanhes.鈥 retorquiu Enki.
鈥淣unca, nunca confies num homem. Os Homens s茫o criaturas ign贸beis que, dada a oportunidade, vendem os seus melhores amigos para obter poder鈥 disse numa voz fria. 鈥淎penas te pe莽o que venhas comigo. Possuo sabedoria que te ajudar谩 no futuro, tenho poderes que te ser茫o 煤teis mais tarde na tua vida. Vens?鈥, perguntou uma 煤ltima vez.
Laho reflectiu calmamente. Ele tinha raz茫o, apenas lhe tinha pedido que viajasse com ele. E ele era o seu salvador, merecia alguma confian莽a. E, de qualquer forma, para onde iria ele? Era apenas um mi煤do.
鈥淰ou. Mas numa condi莽茫o. 鈥 Laho adicionou.
鈥淥 qu锚?鈥
Laho sorriu amplamente. 鈥淓nsinas-me a voar, tal como fizeste comigo ainda a pouco?鈥
Enki deu uma risada e disse 鈥淣茫o te preocupes, ensinarei, mas, por agora, caminhemos apenas e encaremos um problemas de cada vez.鈥
Enki apanhou do ch茫o uma estaca de madeira. No cimo dessa estaca estava uma bandeira cinzenta com uma cruz branca no meio. Enki rasgou um bocado da parte cinzenta e, ajoelhando-se, delineou no ch茫o um c铆rculo com uma estrela dentro. P么s o bocado de tecido no centro do c铆rculo.
鈥淰ais gostar disto, afasta-te um pouco鈥, disse para Laho.
Com ambas as m茫os postas no ch茫o Enki fechou os olhos e concentrou-se. O c铆rculo libertou uma luz branca e luzente. Quando a luz esmoreceu o tecido j谩 n茫o estava esfarrapado. Em sua frente encontrava-se uma faixa cinzenta. Enki entregou a faixa a Laho.
鈥淧玫e-na em redor da tua cabe莽a, tapando os teus olhos. Ajudar-te-谩 a aprender algo no futuro. Acostuma-te a ela.鈥
Laho fez como foi ordenado e disse: 鈥淪enhor, n茫o consegui ver o que fizeste mas... mas senti algo, algo quente, um tipo de energia. E 脿 uns minutos atr谩s senti algo semelhante, mas n茫o era quente, era frio. O que era?鈥
鈥淭al como disse: um problema de cada vez. Responderei a todas as tuas perguntas quando chegar a altura certa. Mas essa altura ainda n茫o chegou.鈥 Respondeu docemente e Laho n茫o contestou.
鈥淰amos?鈥
鈥淭enho mais uma pergunta.鈥 disse Laho apressadamente, 鈥淐omo te deverei chamar?鈥
Enki sorriu e olhou para Laho como um pai olha para o seu filho.
鈥淭enho muitos nomes, cada um com o intuito de ser usado em diferentes circunst芒ncias. Sou conhecido como Enki, o Luz... Enki, o S谩bio... Enki, o L铆der... e, por 煤ltimo, e este pe莽o-te para nunca usares, Enki-gur. Mas como v锚s existe um nome que 茅 constantemente repetido e 茅 esse o nome que me dever谩s chamar. Enki.鈥
鈥淓st谩 bem. Chamar-te-ei Enki鈥 Laho fez uma pequena v茅nia.
鈥淎gora, deixemos estas terras para tr谩s e sigamos um novo e melhor caminho. O caminho da aventura.鈥 Enki finalizou.
E com isso tanto Enki como Laho sa铆ram da cidade e pisaram a escurid茫o das Montanhas Galf枚r.
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« Responder #3 em: Janeiro 02, 2008, 12:31:45 »

Bem, como j谩 sabes, gosto da tua forma de escrever e, especialmente, da tem谩tica  Grin

Mas eu n茫o "pedi" que colocasses c谩 a hist贸ria, s贸 sugeri.
E depois, 茅 "da Leto" n茫o "do Leto" lol

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"...Voltar谩 dan莽ando, bela sendo,
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« Responder #4 em: Janeiro 02, 2008, 13:37:44 »

upps, sorry... mas tmbm teria sentido Smiley do [membro] Leto! Tongue

eheh

pedir, sugerir... bah, isto 茅 tudo para partilhar Smiley

Inda bem que gostaste, logo 脿 noite ponho o 1潞 cap Wink

abra莽os
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« Responder #5 em: Janeiro 02, 2008, 15:32:12 »

E eu tb gostei!
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« Responder #6 em: Janeiro 02, 2008, 22:13:42 »

Cap铆tulo Um

Os Anci茫os. As Entidades. O Pacto.

鈥淐onforme o tempo passa, tanto a terra como os Homens mudam鈥 脌s vezes essa mudan莽a 茅 para melhor. Mas no caso de Hishg脿r essa mudan莽a foi para pior.鈥


Uma luz d茅bil alumiava a sala rectangular. No centro estava um homem alto de cabelos compridos e barba eb煤rnea. 脌 sua frente, sentados ao longo de tr锚s longos bancos de madeira, estavam cerca de trinta homens todos eles cobertos por capas azuis escuras. Todos eles mantinham o olhar fixo na figura do centro e todos ostentavam uma express茫o de maior inquieta莽茫o.
O homem de barba eb煤rnea deu um passo 脿 frente e olhou com desassossego para os indiv铆duos.
鈥淐onforme o tempo passa, tanto a terra como os Homens mudam鈥 脌s vezes essa mudan莽a 茅 para melhor. Mas no caso de Hishg脿r essa mudan莽a foi para pior. As terras tornaram-se sombrias e mais perigosas, mais perigosas ainda que na Era dos Luzes e dos Sombras. Agora, um inimigo ainda mais perigoso amea莽a o mundo na busca de algo que n贸s n茫o devemos nunca 鈥 repito, nunca! 鈥 consentir que obtenha.
J谩 o conhecemos, sabemos quem ele 茅. E no entanto acredito que nem metade de v贸s sabe a extens茫o dos seus poderes鈥
Ele 茅 perigoso, sim, 茅, e n茫o h谩 como negar. Mas mesmo assim n茫o vejo de v贸s qualquer esfor莽o para o impedir. N茫o desejeis que ele seja derrotado?鈥
Em torno da sala ouviram-se murm煤rios. Muitos dos homens encostavam a cabe莽a uns aos outros discutindo as suas opini玫es. Por vezes um ou outro olhava de relance para o homem no centro, que se mantinha quieto e com uma express茫o ileg铆vel.
Depois de largos minutos de pondera莽茫o todos os homens pareciam ter chegado a um consenso. Da ponta do terceiro banco, o banco que estava mais afastado do homem de barba eb煤rnea, levantou-se um dos homens que esperou que o sil锚ncio enchesse a sala e falou:
鈥淓nki鈥 Enki, o S谩bio. 脡s assim apelidado porque, outrora, no passado, foste capaz de fazer coisas que nenhum outro homem foi. Porque, ainda hoje, n茫o h谩 homem nesta terra que consiga exercer a Alquimia da forma que tu exerces.
Mas hoje, n贸s, os Anci茫os, consideramos que est谩s errado e que te precipitas para uma guerra que n茫o poder谩s vencer. N茫o s贸 n茫o temos n贸s ex茅rcito que fa莽a frente ao ex茅rcito de Hj没d, como tamb茅m 茅 muito poss铆vel que Hj没d te ultrapasse no uso da Alquimia.鈥
鈥淗j没d apenas me ultrapassar谩 se v贸s deixardes que ele obtenha o que procura.鈥 Disse Enki num silvo de raiva. 鈥淪e me concederdes uma oportunidade provar-vos-ei que estas terras ainda n茫o est茫o condenadas e que, mais uma vez, poderei fazer a diferen莽a e honrar o t铆tulo de S谩bio que v贸s me concederam.鈥  
De novo a sala encheu-se de murm煤rios e coment谩rios entre os homens. De novo o porta-voz dos homens esperou que todos se acalmassem e depois falou:
鈥淒evido 脿quilo que j谩 fizeste por Or芒ul 鈥 e s贸 apenas por isso 鈥 o Concelho de Anci茫os ir谩 reunir-se esta tarde e discutir a situa莽茫o. Amanh茫 ser-te-谩 enviado um Tyal com a nossa resposta. E essa resposta ser谩 indiscut铆vel.鈥
Enki abanou a cabe莽a em sinal de desaprova莽茫o mas n茫o disse qualquer palavra. Depois, juntando os p茅s e pondo o bra莽o direito estendido em sua frente em sinal de sauda莽茫o, fez uma pequena v茅nia, voltou as costas para os Anci茫os, e saiu da sala.
鈥淎lguma sorte?鈥 perguntou apressadamente um homem alto e de ombros largos que, pelo que parecia, havia estado a tentar escutar o que se passava na sala do Concelho.
鈥淟ugh鈥 que fazes aqui? N茫o devias estar com as tropas? Numa miss茫o?鈥 perguntou Enki intrigado.
鈥淪im鈥 acompanhar a Princesa Aembla de Izn谩r a Murian e de volta a Izn谩r, a pedido da Rainha Embla de Algorab.
Tudo correu bem e acab谩mos de chegar. Quando ouvi dizerem que estavas reunido com os Anci茫os decidi vir c谩 acima e tentar descobrir alguma coisa. Tiveste alguma sorte? Ficou alguma coisa decidida?鈥
鈥淎companhas-me?鈥 perguntou Enki gentilmente apontando para o fundo do corredor onde se encontravam. Ambos os homens come莽aram a andar at茅 ao fundo do corredor.
鈥淒iz-me, Lugh. Porque tiveram de ir soldados de Or芒ul acompanhar a Princesa Aembla? N茫o existem soldados em Algorab para fazer tal trabalho?鈥 Os passos de ambos os homens ecoavam pelo corredor vazio. Enki tinha um olhar pensativo. Lugh, com os seus ombros largos e cara arredondada e cheia de cicatrizes, tinha um olhar bastante confuso.
鈥淓xistem, mas segundo o pedido da Rainha, os seus soldados estavam a ser mobilizados para norte do rio Uru-枚n, para defesa do pa铆s contra as tropas de Hj没d que suspeitam atacar por ali.鈥
Enki ficou est谩tico. A paragem, de t茫o repentina que foi, n茫o deu tempo a Lugh para se aperceber e este esbarrou com Enki de tal forma que quase ambos ca铆ram.
Depois de se recomporem (Enki ajeitando a sua t煤nica azul-mar 脿 volta do pesco莽o e Lugh ajeitando o seu colete castanho escuro) recome莽aram a andar num passo calmo.
鈥淨uantas tropas foram deixadas na capital, sabes?鈥 inquiriu Enki, cada vez mais interessado com o rumo da conversa. Lugh ponderou um bocado antes de responder.
鈥淣茫o tenho a certeza, mas poucas. Algorab possui tr锚s pelot玫es de tropas, cada um com cerca de cem soldados cada. Pelo que sei, dois pelot玫es foram movidos para o rio ficando um para tr谩s. Por isso, na capital dever茫o estar 脿 volta de cem soldados.鈥
鈥淐em soldados?! Ser谩 que a Rainha de Algorab perdeu o ju铆zo de vez? Deixar a capital desprotegida contra um ataque do inimigo? Hj没d sozinho acaba com cem soldados!鈥
A cara de Lugh ficou quase t茫o branca como a barba de Enki. 鈥淓nki, certamente n茫o falas a s茅rio. Hj没d n茫o possui tanto poder. 脡 imposs铆vel.鈥
鈥淚mposs铆vel?鈥 disse Enki com uma express茫o de puro espanto. 鈥淪e amanh茫 o Tyal que eu receber n茫o vier conforme eu quero ent茫o podes ter a certeza que Hj没d possuir谩 muito mais poder que qualquer um de n贸s. Nessa altura quero ver o que 茅 imposs铆vel.鈥 Enki e Lugh chegaram ao fundo do corredor onde se apresentavam umas escadas em espiral tanto para o piso superior como para o inferior.
鈥淒espedimo-nos aqui. Amanh茫 脿 tarde espero que possas receber Laho. Ensina-lhe o que puderes. Dependendo da resposta dos Anci茫os ele poder谩 ser a nossa 煤nica hip贸tese de derrotar Hj没d. Podes fazer isso?鈥 perguntou Enki j谩 meio dirigido para as escadas que davam para o n铆vel superior.
鈥淐laro鈥 claro.鈥 Lugh virou as costas a Enki e dirigiu-se na direc莽茫o oposta, descendo as escadas.

***

Era de facto uma manh茫 magn铆fica, pensava Laho ao contemplar a cidade a partir da janela circular do seu quarto. O sol brilhava bem no alto e poucas eram as nuvens que cruzavam o c茅u. A acompanhar este dia t茫o perfeito estava tamb茅m uma ligeira brisa que enchia os pulm玫es de Laho e lhe banhava a cara carinhosamente enquanto que este permanecia deitado na pr贸pria janela. J谩 脿 muito que a pr贸pria cegueira deixara de ser raz茫o para que Laho n茫o pudesse ver. Durante os 煤ltimos doze anos Enki ensinara-lhe o S茅timo Sentido.
Gra莽as a tal arte, Laho podia agora sentir tudo 脿 sua volta. Usando os seus outros sentidos Laho foi ensinado a desenhar um plano mental do que o rodeava. Pouco tempo depois de se iniciar nesta t茅cnica Laho j谩 conseguia desenhar o plano mental em tal perfei莽茫o que era praticamente como que se tivesse olhos como toda a gente. E por isso, todas as manh茫s, Laho perdia-se a contemplar a cidade de Falind没r a partir da sua janela circular, no topo da Torre.
Vista de cima da Torre a cidade era bastante bela. Rodeando toda a Torre estavam, primeiro que tudo, as habita莽玫es do povo de Falind没r. Depois, um pouco mais afastadas, estavam quatro torres de vigia, uma situada a cada ponto cardeal, embora a torre que dava para o mar estivesse sem guarda. Mas de qualquer das maneiras nunca ningu茅m havia aparecido daquele lado.
Bem l谩 no fundo, j谩 depois at茅 das torres de vigia, estavam as muralhas que se erguiam colossais do meio da terra como que se pertencessem mesmo 脿 natureza. Mais uma vez n茫o existia muralha do lado do mar. E nisto notou Laho que, agora, fixava os seus pensamentos na raz茫o pela qual n茫o havia nem vigia nem muralhas no lado do mar. Se algum dia sofressem um ataque por aquele lado seria certamente o seu fim. Os soldados inimigos chegariam 脿 Torre e tomariam a Torre t茫o depressa que ningu茅m daria por nada.
Perdido nestes pensamentos Laho n茫o reparou que a porta se havia aberto e que Enki, o seu Mestre, havia entrado. Foi preciso Enki cham谩-lo duas vezes para que este despertasse e olhasse para ele.
鈥淟aho, que fazes tu perdido em pensamentos? N茫o devias estar a estudar?鈥 perguntou Enki, aproximando-se da mesa que estava no centro do quarto e sentando-se num pequeno banquinho que puxou de baixo dela.
Laho fez o mesmo que o seu mestre e, sentando-se num outro banquinho, disse:
鈥淓 estava.鈥
Os seus olhos branco-p茅rola estavam postos em Enki e pareciam brilhar. O seu sorriso era grande pois sabia que o que dizia era verdade e que o seu Mestre estava errado em chamar-lhe a aten莽茫o.
鈥淓stavas? Como podes estar a estudar olhando pela janela?鈥
Laho virou a cabe莽a e olhou de relance para a janela.
鈥淧or vezes, abstrairmo-nos de tudo 脿 nossa volta, permite-nos pensar mais claramente e obter melhores resultados.鈥 disse Laho levantando-se e dirigindo-se de novo 脿 janela.
Enki sorriu, satisfeito com a resposta.
鈥淓nsinei-te bem, estou a ver. Mas agora vem, senta-te.鈥
鈥淪im, mestre.鈥 Laho fez como ordenado, sentando-se de novo em frente de Enki e observando o seu mestre com uma express茫o de ansiedade, 脿 espera daquilo que ele iria dizer a seguir. Enki, notando a ac莽茫o involunt谩ria do rapaz, retirou do seu manto uma pequena luva branca que colocou na m茫o direita. Depois, estalando os dedos, conjurou um longo pergaminho de papel completamente em branco.
鈥淎gora quero que tu v谩s buscar a pena.鈥 disse para Laho.
Laho estava a preparar para se levantar quando foi interrompido por Enki.
鈥淣茫o, n茫o, n茫o. Tr谩-la at茅 aqui. Sem lhe tocares.鈥
Os olhos de Laho fixaram-se nos olhos de Enki. Laho sentiu a energia quente emanada por Enki.
鈥淎cha que consigo, mestre?鈥, perguntou.
鈥淭ens que treinar. Se n茫o conseguires desta vez conseguir谩s para a pr贸xima. Agora for莽a, traz a pena at茅 aqui.鈥
Laho olhou para a estante encostada 脿 parede oposta 脿 da janela e concentrou-se, desprendendo-se do seu plano mental e apenas fixando os seus pensamentos nesta sua miss茫o. Enki repreendeu-o.
鈥淣茫o abandones o plano mental! Quero ver no campo de batalha quando tiveres que impedir cem flechas de te perfurarem o corpo, quero ver se a铆 tamb茅m abandonas o plano mental. Concentra-te mas n茫o o abandones. J谩 sabes o que tens que fazer, j谩 to ensinei. N茫o 茅 na pena que deves pensar 茅 no que est谩 a volta dela, do ar que a rodeia. Pensa no ar, concentra-te nele e em todas as suas part铆culas. Usa essas part铆culas para te trazerem a pena at茅 ti.鈥
Laho retomou o plano mental e fez como Enki lhe disse. Rapidamente a pena que estava na prateleira se ergueu no ar.
鈥淢uito bem. Agora tr谩-la calmamente at茅 ti. Isso, isso mesmo!鈥
A pena estava agora a meio caminho, voando calmamente em direc莽茫o 脿 secret谩ria. Mas, j谩 pouco depois de meio caminho, a pena estremeceu e pairou lentamente at茅 ao ch茫o.
Enki olhou para Laho e sorriu gentilmente.
鈥淣茫o faz mal, para a pr贸xima consegues.鈥
鈥淪im, mestre, para a pr贸xima darei o meu melhor e conseguirei.鈥 assegurou Laho.
Enki estalou os dedos e a pena voou directamente do ch茫o para a sua m茫o. Laho estremeceu de emo莽茫o. Por muito usual que a Alquimia agora fosse para ele, ainda ficava fascinado sempre que via algu茅m, e sobretudo Enki, exerc锚-la em algum objecto.
Enki entregou a pena a Laho, levantou-se, e come莽ou a andar paulatinamente de um lado para o outro.
鈥淥ra bem.鈥 disse Enki, pensando. 鈥淐omo sabes, Hj没d, o homem que te atacou e te provocou esse ferimento 鈥 felizmente reparado 鈥 tem estado inactivo.
Mas isso apenas se d谩, e nisto tenho eu a total certeza, porque est谩 a reunir tropas para atacar uma das cidades mais importantes de Hishg脿r: Izn谩r ou Falind没r.
N茫o sei para que o faz, n茫o mo perguntes, mas sei que se prepara para atacar uma delas. E suspeito que seja Izn谩r pois Hj没d nunca se atreveria a atacar Falind没r.
鈥淧orque n茫o, mestre?鈥
Enki parou a meio do quarto, sorriu, e olhou para Laho.
鈥淧orque eu estou aqui.鈥
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« Responder #7 em: Janeiro 02, 2008, 22:14:23 »

Retomou o andar met贸dico de tr谩s para a frente e j谩 n茫o voltou a olhar para Laho, mantendo a cabe莽a presa, virada para o ch茫o.
鈥淧ara o impedir, eu pedi ao Concelho de Anci茫os para me permitirem organizar um ex茅rcito que mais tarde seria fundido com o ex茅rcito de Algorab para uma eventual batalha.
Mas o Concelho naturalmente me negar谩 tal proposta. Por isso, hoje, venho aqui ter contigo, para iniciar o teu verdadeiro treino, pois talvez venhas a ser bastante importante nesta luta contra Hj没d.鈥
鈥淚mportante?鈥 perguntou Laho. 鈥淐omo posso eu ser importante? N茫o sou mais que um aluno, n茫o possuo metade do conhecimento do Mestre.鈥
Enki parou no meio do quarto e olhou para Laho com um olhar tanto de confian莽a como de receio.
鈥溍 poss铆vel que sejas mais do que tu pensas.鈥
Laho n茫o contestou, a sua express茫o ficou mais s茅ria, e endireitou-se no banco, esticando o peito e afastando os ombros, meio convencido e tentando parecer mais velho e de confian莽a.
Enki soltou uma risada e recome莽ou a andar de tr谩s para a frente.
鈥淐omo disse, hoje principias o teu verdadeiro treino. E eu decidi que, a partir de agora, durante todas as manh茫s, passar谩s duas horas comigo onde eu te contarei a hist贸ria de Hishg脿r e, mais tarde, te ensinarei os segredos da Alquimia.鈥
Um largo sorriso brotou da cara de Laho ao aperceber-se daquilo que o seu mestre acabara de dizer. Finalmente, a verdadeira hist贸ria de Hishg脿r e os verdadeiros segredos da Alquimia.
Laho sabia perfeitamente que muitas das hist贸rias que lhe iam contando sobre deuses que disputavam entre si para obter poder eram puras hist贸rias. Que todos os contos e lendas que ouvira sobre anjos e dem贸nios ainda controlarem os humanos n茫o passavam de inven莽玫es feitas para controlar o pr贸prio Homem.
Agora, finalmente, iria saber aquela verdade que muitos morrem sem saber.
鈥淨uero que anotes o que te vou dizendo, est谩 bem?鈥 pediu Enki.
Laho consentiu com a cabe莽a e pegou logo na pena, pronto para escrever toda e qualquer palavra dita pelo seu mestre.
鈥淥ra bem鈥 脿 muito, muito tempo, ainda antes dos homens existirem鈥 antes da pr贸pria terra ser criada鈥 antes da pr贸pria 谩gua ser criada鈥 no Vazio que era o universo, existiam duas entidades: Na卯r, a entidade do Bem, e Sa没r, a entidade do Mal.
脡 contado que estas duas entidades, estes dois deuses, se assim os quiseres chamar, viviam juntas no Vazio do universo e que, um dia, de t茫o fastidiosos que estavam, decidiram jogar a um jogo.
Resolveram criar o mundo e conceber seres inferiores a eles para que depois pudessem incitar uns contra os outros e ver quem ganhava.
E foi o que fizeram. Criaram a terra, envolveram-na com mares. E criaram os seres menores.
Estes seres eram, n茫o s贸 os homens, mas tamb茅m os animais e todos os seres m谩gicos como as Or茅ades e os Drag玫es鈥
Durante anos e anos estes dois deuses entretiveram-se com o mundo at茅 que um dia, movido por uma aposta, Na卯r concordou com Sa没r em descerem ao mundo e chefiarem os seus ex茅rcitos.
Assim feito, os dois deuses desceram ao mundo. Mas essa descida custou-lhes caro. A partir do momento em que pisaram o solo do mundo tornaram-se t茫o mortais como a mais 铆nfima formiga.
Sem saberem disso ambos embateram em combate e foi apenas quando Sa没r se feriu que ambos se aperceberam do erro que haviam perpetrado e que j谩 n茫o eram imortais.
Mas era tarde. O mundo estava praticamente destru铆do. Os homens lutavam todos entre si, descendentes de Na卯r contra descendentes de Sa没r. Os animais e as plantas extinguiram-se, os seres m谩gicos para esse mesmo destino caminhavam鈥
E foi a铆 que, pela primeira vez, ambos os deuses estiveram de acordo.
Sacrificando as suas vidas ambos os deuses recompuseram o mundo. Num pacto que exilou as suas almas de novo para o Vazio, Na卯r e Sa没r dividiram o mundo em duas partes, os Luzes, descendentes de Na卯r, e os Sombras, descendentes de Sa没r. E ambos os lados concordaram em viver em paz.
Ou pelo menos foi o que disseram na altura. Est谩s a escrever tudo o que te digo?鈥
Laho estava t茫o compenetrado a escrever tudo o que o seu mestre havia dito que apenas mexeu a cabe莽a em confirma莽茫o. A pena, que segurava na m茫o, n茫o precisava sequer de ser molhada em tinta pois estava encantada por Enki. Assim, Laho conseguia escrever muito mais depressa que o habitual.
鈥溍損timo.鈥 continuou Enki. 鈥淎caba l谩 de escrever que o que tenho para dizer de seguida 茅 da maior import芒ncia e quero a tua total aten莽茫o.鈥
Laho escrevia desenfreadamente no pergaminho. Quanto mais escrevia mais prazer sentia e mais cobi莽ava escrever. Toda esta informa莽茫o parecia de uma import芒ncia tal e de tal forma inovadora que Laho imaginava que a partir de agora, a partir destas aulas e explica莽玫es, tudo seria completamente diferente e tudo 脿 sua volta seria agora visto de um prisma diferente. Quando finalmente acabou de escrever Laho largou a pena, respirou fundo, e esticou os bra莽os por cima da sua cabe莽a. Depois, sem pensar duas vezes, voltou a pegar na pena e ficou 脿 espera que Enki continuasse a sua hist贸ria.
鈥淛谩 est谩?鈥 perguntou Enki. 鈥溍損timo, 贸ptimo. Agora quero que tomes aten莽茫o.鈥
Enki sentou-se de novo em frente do seu pupilo e retirou de dentro da sua manga um pequeno saco cheio de um p贸 p煤rpura.
鈥淧odes-me dizer o que 茅 este p贸? Ainda te recordas?鈥 inquiriu Enki sem sequer olhar para Laho e distribuindo o p贸 pela mesa formando um rect芒ngulo.
鈥溍 Sila.鈥 retorquiu Laho. 鈥淎 componente prim谩ria de todas as coisas.鈥
鈥淢uito bem, e para que serve?鈥
鈥淧rincipalmente para pequenas transmuta莽玫es. Para construir um Circulo de Transi莽茫o.鈥
鈥淎penas para pequenas transmuta莽玫es?鈥 inquiriu Enki levantando os olhos e analisando Laho.
Laho n茫o se mostrou minimamente intimidado por tal gesto. De facto, ao ouvir tal pergunta, Laho sorriu ligeiramente.
鈥淣茫o necessariamente. Por vezes 茅 utilizado em transmuta莽玫es mais fortes, mas 茅 raro, pois quanto mais forte a transmuta莽茫o maior ter谩 que ser o Circulo de Transi莽茫o e mais Sila dever谩 ser usada.鈥 respondeu o aluno prontamente.
鈥淢uito bem, e ent茫o o que se usa nas transmuta莽玫es mais fortes?鈥 continuou o mestre.
鈥淒altt.鈥
鈥淰ejo que andas a estudar. Mas mesmo assim ainda te vou perguntar mais duas coisas.鈥 disse Enki, intrigado pelas respostas correctas do seu aprendiz. 鈥淥 que 茅 o Daltt鈥 e para que serve tanto o Daltt como C铆rculos de Transi莽茫o?鈥
Laho deteve-se para considerar um pouco. Pela cabe莽a de Enki j谩 passava a ideia de que Laho n茫o iria conseguir responder. No entanto, passados alguns segundos de sil锚ncio, Laho falou, e f锚-lo com uma voz precisa e decisiva.
鈥淥 Daltt 茅 Sila. Mas Sila comprimida e armazenada em pequenos cristais. E tanto o Daltt como os C铆rculos de Transi莽茫o servem como ponte de liga莽茫o entre o objecto e o sujeito, permitindo ao sujeito, assim, efectuar a transmuta莽茫o e metamorfosear o objecto.鈥
Enki observou o seu aluno durante um minuto sem proferir qualquer palavra. Laho, impaciente, perguntou:
鈥淓st谩 certo?鈥
O mestre aclarou a garganta. 鈥淪im, est谩s certo. 脡 para isso mesmo que serve tanto o Daltt como o Circulo de Transi莽茫o, feito de Sila pura. N茫o cuidava que aprendesses tanto em t茫o pouco tempo.
Todos estes anos apenas te tenho instru铆do sobre o S茅timo Sentido, que t茫o bem agora controlas. Onde foste tu aprender todos estes conceitos e defini莽玫es?鈥
鈥淣a biblioteca da Torre.鈥 respondeu Laho. 鈥淨uando n茫o estou a treinar vou para a biblioteca e leio tudo o que posso. Mas mais de metade do que li e aprendi sobre Hishg脿r e a Alquimia est谩 errado. Se na verdade, tal como o Mestre me diz, existiram apenas dois deuses,鈥 Laho consultou o seu pergaminho, procurando os nomes dos Dois Grandes. 鈥淣a卯r e Sa没r, ent茫o todas as hist贸rias de Anjos e Dem贸nios, de Deuses do Sol e das Luas, de Deuses que criaram o nosso Mar e a nossa Terra鈥 todos esses Deuses n茫o s茫o nada, e todo o conhecimento que adquiri a partir da Biblioteca foi in煤til.鈥
鈥淣enhum conhecimento adquirido 茅 in煤til. Tudo se aproveita. Mesmo que tais hist贸rias n茫o sejam mais que isso mesmo 鈥 hist贸rias 鈥 concederam-te um dom bastante precioso.鈥
鈥淯m dom?鈥 perguntou Laho, confuso com tal ideia. Como poderia um livro transmitir um dom a uma pessoa. Um livro n茫o era mais que um livro. N茫o tinha vida nem vontade em si e por isso n茫o deveria ter a capacidade de transmitir qualquer dom.
Enki ergueu a m茫o direita e passou-a por cima do rect芒ngulo feito de Sila. O p贸 come莽ou a libertar uma luz p煤rpura bastante brilhante.
鈥淪im, um dom. A vontade de saber e de aprender. 脡 esse o dom que os livros transmitem. E foi esse o dom que a ti transmitiram.鈥
Enki olhava atento para o rect芒ngulo como que esperando por algum sinal que lhe mostrasse que deveria passar para o n铆vel seguinte. Num 谩pice a luz tornou-se num branco refulgente e de seguida, quase automaticamente, num castanho claro que lentamente foi desaparecendo at茅 que na mesa nada ficou sen茫o um rect芒ngulo completamente negro.
Enki ergueu a cabe莽a e olhou para Laho. 鈥淨uero que me prometas que aquilo que se ir谩 passar aqui fica contigo e que nunca contar谩s a ningu茅m. 脡s capaz de tal compromisso?鈥
鈥淪im, mestre, sou. Tudo o que for aqui dito ficar谩 comigo e n茫o ser谩 transmitido a mais ningu茅m.鈥
鈥淢uito bem. Confio em ti.鈥 Enki passou de novo a m茫o por cima do rect芒ngulo negro. Lentamente come莽aram a aparecer pequenas letras douradas que formavam um pequeno texto escrito numa letra muito rebuscada e quase ileg铆vel. Por baixo desse pequeno texto apareceu outro, mas este estava escrito com s铆mbolos que Laho n茫o percebia.
Laho esticou o pesco莽o para tentar ler o que estava escrito mas a voz de Enki f锚-lo recuar.
鈥淚sto 茅 o Pacto feito entre a entidade do Bem, Na卯r, e a entidade do Mal, Sa没r.鈥
A boca de Laho abriu-se de espanto. Quando todas as letras haviam aparecido, Enki aclarou a garganta e proferiu:

鈥淧elas espadas ensanguentadas te convocamos.
Pelas lan莽as envenenadas te convocamos.
Pelo sangue derramado te convocamos.
Pelas vidas perdidas te convocamos.
N贸s, os Dois Grandes, te convocamos.
N贸s, os Dois Grandes, te usamos,
Como Ponte, como Leme,
Como Meio, como Fim.
Convocamos o Poder Superior.
Usamos o Poder Superior.
Morremos pelo Poder Superior.
Criamos a Vida com o Poder Superior.鈥 (1)

Enki proferiu a cita莽茫o sem qualquer falha e numa voz t茫o prof茅tica que parecia que ele pr贸prio estava, na verdade, a convocar um poder superior.
鈥淚sto 茅 o Pacto, assinado em sangue pelos Dois Grandes. S茫o poucos aqueles que o conhecem. No nosso reino apenas eu, tu, e alguns Anci玫es 茅 que o sabem na totalidade.鈥
A boca de Laho ainda estava aberta. O choque que havia recebido era demasiado grande para se recuperar t茫o depressa.
O Pacto! O verdadeiro Pacto assinado com sangue pelos Dois Grandes, os dois e 煤nicos Deuses do Mundo. Nunca na vida Laho pensaria ouvir tal coisa. O que levaria Enki a confiar t茫o plenamente nele, ele que era apenas um aluno?
鈥淰ejo que est谩s espantado. N茫o admira. Tais palavras inspiram n茫o s贸 poder como tamb茅m medo.鈥 afirmou Enki. 鈥淭ens alguma pergunta sobre o Pacto?鈥
Laho fechou a boca e abanou a cabe莽a, afastando de si a sensa莽茫o de espanto. Depois levantou-se e inclinou-se por cima da mesa de forma a analisar melhor as palavras escritas no rect芒ngulo. Ap贸s duas ou tr锚s leituras seguidas do Pacto tornou a sua aten莽茫o para os s铆mbolos ileg铆veis que estavam inscritos mais abaixo.
鈥淥 que s茫o estes s铆mbolos? Que querem dizer?鈥 inquiriu.
 鈥淪茫o s铆mbolos da L铆ngua Antiga. A L铆ngua dos S谩bios. Foi nessa l铆ngua que o Pacto foi efectuado. O que eu te li foi apenas uma tradu莽茫o para a nossa l铆ngua actual.鈥
鈥淓 como se l锚 o Pacto na L铆ngua Antiga?鈥 perguntou Laho com interesse.
Enki ficou apreensivo em dar alguma resposta. Ap贸s ponderar durante uns minutos (minutos os quais foram preenchidos pelo rumorejar de Laho enquanto este proferia vezes e vezes o Pacto) Enki falou:
鈥淣茫o te irei ler o Pacto na L铆ngua Antiga. E por agora nem te irei ensinar a falar na L铆ngua Antiga. 脡s muito novo e os perigos que adv锚m dessa l铆ngua s茫o demasiado grandes para suportares. S锚 paciente. Quando chegar a altura logo te ensinarei.鈥
Laho n茫o gostou da resposta e mandou um olhar reprovativo ao seu mestre.
鈥淣茫o me olhes assim. A minha posi莽茫o n茫o se vai alterar. N茫o ir谩s aprender a L铆ngua Antiga, 茅s muito novo!鈥 repetiu Enki numa voz decisiva.
Laho dirigiu-se 脿 sua cama, deitou-se de barriga para cima e de bra莽os cruzados por detr谩s da sua cabe莽a. Fixando os olhos no tecto, disse:
鈥淢ais alguma coisa para hoje?鈥
Enki levantou-se tamb茅m, guardando dentro da manga o pequeno saquinho de Sila e passando a m茫o direita por cima do rect芒ngulo de forma a que este desapareceu sem deixar rasto.
鈥淣茫o. Hoje n茫o. Amanh茫 estarei aqui por volta da mesma hora.鈥 Enki caminhou at茅 脿 porta e, ao abri-la, afirmou:
鈥淗oje 脿 tarde quero que v谩s ter com Lugh. Vais come莽ar o teu treino. Depois de almo莽o. At茅 amanh茫.鈥
Enki saiu do quarto fechando a porta atr谩s de si. Laho ficou deitado na cama sem se mover.
Tanta coisa que havia aprendido hoje e, no entanto, ficou com uma vontade tremenda de aprender ainda mais. Principalmente a L铆ngua Antiga.
Qual seria a raz茫o que levava Enki a negar-se a ensinar-lhe a L铆ngua Antiga?
Uma imagem do seu passado passou na sua mente. Enki, no meio de umas ru铆nas, e Hj没d, na sua frente. Hj没d proferiu umas palavras estranhas que Laho nunca havia escutado e Enki disse: 鈥淧orque falas tu na L铆ngua dos S谩bios? N茫o 茅 do teu saber que quem exorbita dessa linguagem se v锚 errante na loucura? Que por vezes at茅 leva a morte?鈥.
Ser谩 que a L铆ngua dos S谩bios 茅 assim t茫o perigosa?, pensou Laho de si para si.
Ser谩 essa a raz茫o para Enki se negar a ensinar-lha?
Laho virou-se para o lado e adormeceu instantaneamente.

(1)   O Pacto de Sangue na L铆ngua dos S谩bios (l铆ngua original) l锚-se da seguinte forma, apresentada em linguagem fon茅tica.

Munt klox dir鈥檚laiir vun Iem sumeri.
Munt flut dir鈥檊ross vun Iem sumeri.
Munt slaiir parcut vun Iem sumeri.
Munt Lit sonui vun Iem sumeri.
Vun, Nid Marr, Iem Kari.
Ir Gal, ir Ult,
Ir Strud, ir Unt,
Vun sumeri Vatt Unnid
Vun Kari Vatt Unnid
Vun zit or鈥橵att Unnid
Vun strad Lit cev鈥橵att Unnid.
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Sejam bem vindos 脿s escritas!
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Boa tarde!
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Bom Ano! Obrigada pela companhia!
Dezembro 30, 2022, 19:42:00
Entrei para desejar um novo ano carregado de infla莽茫o de coisas boas para todos
Novembro 10, 2022, 20:31:07
Partilhar 茅 bom! Partilhem leituras, coment谩rios e amizades. Faz bem 脿 alma.
Novembro 10, 2022, 20:30:23
E, se n茫o for pedir muito, deixem um incentivo aos autores!
Novembro 10, 2022, 20:29:22
Boas leituras!
Novembro 10, 2022, 20:29:08
Boa noite!
Setembro 05, 2022, 13:39:27
Brevemente, novidades por aqui!
Setembro 05, 2022, 13:38:48
Boa tarde
Outubro 14, 2021, 00:43:39
Obrigado, Administra莽茫o, por avisar!
Setembro 14, 2021, 10:50:24
Bom dia. O site vai migrar para outra plataforma no dia 23 deste m锚s de setembro. Aconselha-se as pessoas a fazerem c贸pias de algum material que n茫o tenham guardado em meios pessoais. N茫o est谩 previsto perder-se nada, mas poder谩 acontecer. Obrigada.

Maio 10, 2021, 20:44:46
Boa noite feliz para todos
Maio 07, 2021, 15:30:47
Ol谩! Boas leituras e boas escritas!
Abril 12, 2021, 19:05:45
Boa noite a todos.
Abril 04, 2021, 17:43:19
Bom domingo para todos.
Mar莽o 29, 2021, 18:06:30
Boa semana para todos.
Mar莽o 27, 2021, 16:58:55
Boa tarde a todos.
Mar莽o 25, 2021, 20:24:17
Boia noite para todos.
Mar莽o 22, 2021, 20:50:10
Boa noite feliz para todos.
Mar莽o 17, 2021, 15:04:15
Boa tarde a todos.
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Ol谩 para todos!
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Ol谩 para todos!
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Boa feliz noite para todos.
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Bom fim de semana para todos
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Boa noite para todos.
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Boa noite feliz para todos.
Fevereiro 28, 2021, 17:12:44
Bom domingo para todos.
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