...minha

[gdec2001]

 
Minha
(remordendo-se)

Que clamor é esse
minha ?
Porque assim
pranteias
minha ?
Quem te abandonou
minha ?
Onde estão teus olhos
minha?
E teus pensamentos
minha ?
Onde estão teus dentes
os que me mordiam
minha ?
E a boca toda
que era a minha sala
minha ?
Onde estão teus seios
que eu remorderia
minha ?
Por que andas agora
vestida de azul
minha ?
Onde é que deixaste
o teu traje amarelo
minha?
Quem é a criança
que trazes ao colo ?

Ela não é minha
minha.

Geraldes de Carvalho

[Goreti Dias]

Porque a "minha" deixou de ser "minha" se remordem eles...
Interessante!

[gdec2001]

É muito delicado da sua parte ter escrito "eles" assim, no plural ...
Muito agradecido
Geraldes de Carvalho

[Goreti Dias]

Pois... se apenas houvesse um desses "ele", bem feliz seria o mundo!

[gdec2001]

Bom, mas só um -felizmente virtual- se queixa...
Geraldes de Carvalho

[luadepedra]

Belíssimas interpelações.

1 Bj*
Luísa

[gdec2001]

Interpelações ... É isso, cara Luiza .
Obrigado - também por me ajudar a entender o meu poema-
seu
Geraldes de Carvalho

[vilde]

Essa "minha" que foi tua
e depois deixou de ser
Foi doutro, talvez da lua,
em pranto de malquerer

abraço
vilde

[gdec2001]

"...em pranto de malmequer..."
são os que doem mais, sabe?
seu, agradecido
Geraldes de Carvalho