josé antonio
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escrever é um acto de partilha
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« em: Agosto 31, 2009, 19:41:00 » |
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A “Weltliteratur†foi desejada por Goethe e preferencialmente de origem alemã. Passados dois séculos, Le Bris e Rouaud são a favor de – uma literatura do mundo. Em Outubro de 2008, Horace Engdahl, secretário permanente da Academia Sueca, declarou numa entrevista à “Associated Pressâ€: - “ Todas as grandes culturas possuem uma literatura poderosa†– “ Mas não se pode escapar ao facto de que a Europa, e não os Estados Unidos, continua a ser o centro do mundo literário.†Depois de Toni Morrison em 1993 ter ganho o Nobel, nenhum escritor norte-americano ganhou tal prémio. Os EUA estão demasiado isolados e são demasiado insulares. Horace Engdahl não estava, ou não apenas, a censurar os EUA e o seu alegado provincianismo literário. Tem toda a razão quando diz que os norte-americanos, e porque não os ingleses, não traduzem tanto quanto deveriam, enquanto em França cerca de um terço das obras de ficção publicadas anualmente são traduções, do outro lado do Atlântico. A razão desta situação reside na hegemonia mundial da lÃngua inglesa. A verdadeira causa do mal-estar de Engdhal é o facto de aquilo a que chamou o “grande diálogo da literatura†se desenrolar hoje essencialmente em inglês, graças aos naturais das antigas colónias britânicas, em especial as da Ãsia Meridional e das CaraÃbas, também graças aos escritores não anglófonos. Um dos romances mais interessantes e celebrados nos EUA, foi “The Lazarus Project†de Aleksander Hemon, escritor de origem bósnia, que à sua chegada aos EUA em 1992 apenas tinha conhecimentos rudimentares de inglês. Este caso é deveras interessante pois Hemon é originário dum pequeno paÃs europeu, tal como o romeno E.M.Cioran. Este último disse: -“ Confinados a um canto da Europa, desprezados e ignorados pelo resto do mundo, querÃamos chamar a atenção para a nossa existência…QuerÃamos guindar-nos à superfÃcie da Históriaâ€. Em 1820 Goethe declarou que a era da “Weltliteratur†– literatura mundial – estava próxima. “ A literatura nacional já não significa muito actualmente. Estamos a entrar na época da “ Weltliteratur†e cabe a cada um de nós acelerar esse processoâ€. Goethe concebia a literatura mundial como uma série de intercâmbios entre as literaturas nacionais, que acabaria por dar origem a uma espécie de “ humanidade universalâ€. A literatura estava a sofrer uma evolução análoga à do mercado económico que começava a tomar forma na altura através de Marx e Engels que estabeleceram vinte anos mais tarde no “ Manifesto do Partido Comunista “: “ Que o que se passa em relação à produção material é também válido para a produção intelectual. As produções intelectuais de cada paÃs tornar-se-ão propriedade comum (…) A partir das numerosas literaturas nacionais e locais irá emergir uma literatura mundialâ€.
(Fonte de pesquisa Courrier Internacional nº 161)
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