22segundos
Visitante
|
|
« em: Janeiro 26, 2008, 20:55:51 » |
|
O ar que me insuflas nas narinas...
Génesis. No começo dos princÃpios, no Éden divino, virginal, No inÃcio foi o "Verbo", Foste-me tu a matéria vital. Com o terroso barro me moldas, da tua própria costela me roubas, do pó mais fino tiras os acabamentos, e fazendo-me amar-te, estreias-me os tormentos.
E a vida com que me animas, o ar que me insuflas nas narinas, o olhar com que me dás vida, a tua mão forte, em que me acho perdida. Marcas-me os contornos do corpo, desenhas-me as nervuras da alma. E insuflando-me o ar, estreio os respiros, começo a respirar.
E só porque me criaste, porque do teu corpo me tiraste, sendo eu de ti extensão, a minha vida derrete-se em absoluta paixão. Não contrario pois o desejo, não cerceio aos membros o ensejo, não contrario pois a vontade, o meu grito de natividade.
Entrego-me decidida à exploração dos teus dedos. Entrego-me resoluta à aplacar os teus medos. Entrego-me completa à satisfação dos teus anseios. Entrego o corpo todo à materialização dos teus devaneios.
((E entrego-te gratamente o clitóris, e os lábios (pequenos e grandes), e o sexo todo, e os seios e as pernas e a boca, e o mundo... ...e fico-te nos dedos, quando tos cubro de húmida (incontida) emoção))
Percorre-me pois de forma tÃmida ou decidida, amorosa ou incontida, ingénua ou experiente, contida ou urgente. Como quer que o faças, não pares nunca até que chegue lá, te imploraria suplicante, que de rainha a mendicante, me remanipulasses, remoldasses, "Já!".
Prontifico-me pois (diligentemente) a perder os sentidos. E a alma; e a razão; e a virtude; e a moral (beatificamente).
E no fim desesperada, torrencial, em epifania, vou chorar incontrolável, onde se fronteira a fantasia?
O mundo ganhou para mim côr, a côr ganhou em mim vida, a vida ganhou-me à morte, fez-me carne já sentida. (O choque dos sentidos acabou-me, no orgasmo em que me perco e dou-me)
Assim completas o teu trabalho de Criador...
Insuflaste-me primeiro a vida, (mestre de arte sentida!), agitas-me agora violentamente um coração (explora-o já pelas viagens da tua mão!).
22segundos
|