Dante sabia que estava morto mas não sabia de onde lhe vinha aquela força toda. Pernas e braços que tinham sido seus ainda nem há meia hora, agora eram animados por uma determinação indómita. Uma vida inteira consagrada ao deixa andar do destino ocasionalmente animado por um único centro de prazer que só acendia as luzinhas todas quando embrulhado na boca suave de um anjo ajoelhado.
A Branquinha imobilizara-se, mas as rodas giravam furiosamente projectando um nevão sujo de terra. A voz na mente de Dante soprou um plano de acção para dentro do corpo.
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«Cabra, o seu anjo está a sangrar no meu casaco de pele.»
«O sangue não é dele.»
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«Isto não estava no nosso acordo, minha senhora» disse Tito, olhando-a do alto do camião através da porta aberta do pendura. «Custa-me deixá-la. Uma mulher sozinha na Cidade Baixa. Deus ainda não inventou nomes para os horrores que lhe podem fazer aqui.»
«Não se preocupe» disse Aurora, descendo para a avenida deserta. Teve de cobrir a boca e o nariz com a mão. O cheiro era insuportável. «Já estive em lugares piores.»
«É doida, se pensa que existe lugar pior que este.»
Olharam-se pendurados num momento em que nenhum deles sabia se estava a fazer a coisa certa. Tito podia citar-lhe as estatÃsticas. Diziam que na Cidade Baixa um anjo caÃa a cada nove minutos. Diziam muitas coisas nesse género. Em vez disso, foi-se embora.
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O discurso cabalÃstico da Baronesa resistia aos longos momentos de silêncio que o fragmentavam em peças cada vez mais breves.
«A estátua. Lá em baixo, atrás da parede nascente. Traga o meu amor para casa.»
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A agulha da bússola de pulso oscilava no braço direito, parecendo tão desorientada quanto Aurora. A parede nascente era algo que soara mais fácil de encontrar para lá das colinas, onde o sol nascia e o norte era sempre o norte. Na Cidade Baixa, o norte era o oeste era o este era o sul. O sol não passava de uma promessa eternamente por cumprir.
Só que havia dinheiro na ponta daquela demanda. Dinheiro para o resto da vida, suspenso apenas no êxito da caçada. Aurora queria esse dinheiro. No interior das ruÃnas do templo berço de Sheol, sentiu o êxtase avassalador próprio da ganância a instantes de se ver cumprida. Com uma voz a contar zeros na coluna da direita na sua cabeça, a caçadora de anjos regressou à ambulância para ir buscar a marreta que vira na divisória traseira. A velha Dodge estava bem recheada de ferramentas, pertencentes ao anterior dono, e Aurora esperava que o vento fosse amigo e abafasse o ruÃdo das pancadas. Derrubar paredes costumava ser tarefa barulhenta. E morosa.
Dante continuava estendido ao comprido no chão da ambulância, nadando de costas numa poça do seu sangue que demorava a congelar. O ratoneiro era um enorme peso morto sob o qual se escondia a marreta. Aurora virou-o de lado à custa da perna recauchutada. A dor antiga cozeu-lhe um gemido na garganta, não muito diferente do pranto do vento que abanava a Branquinha. A neve entrava pelas portas traseiras e colava-se à máscara de neve da caçadora de anjos.
Coxeando e arrastando a marreta atrás de si, enumerando toda a sorte de vernáculo que sabia de cabeça e que o ar frio do depósito de monstros gelava logo à saÃda dos seus lábios, Aurora voltou a entrar nas ruÃnas de Sheol.
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«Nunca vi o sol» disse a miúda assim que soube que Aurora vinha do outro lado das colinas.
«Estás a gozar.»
«O que dizem por aà é que deixou de arder.»
A ambulância tinha desistido de tentar sair da vala. O pé de Aurora descansava no acelerador à espera dum plano melhor. A estátua que a Baronesa passara mais de cem anos à procura não era muito grande. Mais uma estatueta, na verdade, parecida com as peças de jardim que Aurora costumava surripiar. Pesada, mas transportável, mesmo com a sua perna bamba a dar-lhe cabo da agilidade que os seus quilinhos a mais ainda permitiam.
«Leva-me a ver o sol?»
«Se me disseres qual é o caminho mais rápido para se sair desta fossa dos infernos, miúda, até te compro um biquini às bolinhas.»
«Consegue correr com a perna nesse estado?»
«Consigo coxear muito depressa.»
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Aurora martelou noite e dia, e noite novamente. As paredes resistiam obstinadamente aos beijos constantes da marreta. Se se sentia demasiado cansada para continuar, a caçadora de anjos procurava um local protegido no interior das ruÃnas e sentava-se a descansar. Quando adormecia, um anjo falava com ela. A voz era doce e ponderada. Por vezes expressava-se na mesma cadência arquejante da Baronesa de Aradia. As palavras “Estrela da Manhã†iam e vinham no sono e até conseguia cheirar os fósforos queimados. Depois, era Tito a falar dos anjos que choviam por toda a Cidade Baixa, um a cada nove minutos, e Aurora sentia na boca o sabor do tabaco de mascar do camionista. O anjo tomava também a voz de Dante, o dono da ambulância estacionada lá fora que a olhara sem medo algum quando Aurora surgira por trás apontando-lhe o agrafador industrial que ele ainda há instantes pousara. «Não penses que sais daqui viva, porque não sais» disse a voz do homem, e era estranho conseguir identificá-la, porque Aurora não lhe dera tempo de falar. O agrafador era pesado, mas conseguira segurar nele com ambas as mãos. Premira o gatilho antes que alguma palavra se evadisse daquela boca desdentada. No sonho, quando se aproximava do homem para se certificar que estava mesmo morto, ele abria os olhos na cara dela e repetia a frase, exalando um sopro podre que cheirava a carne crua e cebola.
Ela acordava destes sonos passageiros completamente gelada, com a dor na perna esquerda cada vez mais insuportável. O tempo passava sem que o pudesse quantificar. Ou não passava de todo. Não sabia se era dia ou noite. O relógio perdera o tino, tal como a bússola, e o mostrador digital apenas piscava 7:9 em tracinhos verdes. Aurora levantava-se do seu canto a coxear, pegava na marreta e atacava a parede mais próxima até ser altura de descansar outra vez. Não se lembrava de ter comido, de ter sede, de se ter agachado para mijar e cedo começou a ouvir as vozes enquanto estava acordada. Uma delas era a do anjo de casaco de peles que Aurora nem sequer conhecera ainda. Choramingava. Parecia sofrer de muitas dores. Para abafar o ruÃdo agonizante, a mulher que roubava aos mortos para vender aos vivos, como uma louca, brandia a marreta de encontro à s paredes.
***
«Tenho frio.»
Aurora olhou para a miúda caÃda na neve à sombra do Tartarus. Um som terrÃvel ecoava-lhe perdido na mente.
***
Dias e noites. Não havia uma aurora que distinguisse entre eles. Quantos teriam passado? A dor na perna já lhe afectava a anca. Devia ser do frio. Sentia as calças ensopadas, e os ossos da perna berravam-lhe obscenidades. A certo momento, Aurora encontrou-se segurando a marreta com ambas as mãos, parada em frente a uma parede cavada. Lúcifer devolvia-lhe o olhar do seu nicho oculto. Uma pequena estátua alada agrilhoada a uma base, toda em mármore e em perfeito estado de conservação. E agora que estava a descoberto, Aurora podia ouvi-lo ainda melhor. O anjo falava, como a Baronesa garantira.
«Anjinhos», pensou Aurora, sem paciência. Estendeu o braço para agarrar a estátua mas esta indicou que não se soltava do poleiro sem oferecer resistência. Aurora tirou uma faca serrilhada do bolso do casaco. Não se recordava de a ter trazido consigo mas aqueles dias enclausurada nas ruÃnas de Sheol estavam cheios de memórias fendidas. A lâmina estava peganhenta da neve, mas fez o seu serviço. «Vem à mamã.»
Perdeu meia-hora a embrulhá-la em plástico almofadado antes de sair das ruÃnas do convento. Assim que enrolou uma faixa de bolinhas de ar à volta da cabeça da estátua, o anjo calou-se. Foi como se um peso tivesse sido levantado da cabeça de Aurora. Sem as vozes, podia pensar. Queria sair dali. O quanto antes. Com a estatueta do anjo nos braços, deu um último relance à s paredes destruÃdas. Apenas uma exibia danos. Todas as outras estavam como as havia encontrado. Antes que esse mistério a seduzisse a demorar-se por ali, Aurora dirigiu-se à saÃda.
Lá fora estava escuro e frio e ainda nevava. A neve tinha-se amontoado de ambos os lados da ambulância e talvez não fosse possÃvel fazê-la sair dali. Aurora abriu as portas traseiras da viatura e colocou o embrulho lá dentro. A perna esquerda deu de si e soltou um grito atroz que se foi juntar ao lamento do vento. O grito não fora apenas de dor. O cadáver do dono da ambulância não estava onde o tinha deixado. Parecia que se tinha levantado e ido embora. Pegadas que a neve ainda não cobrira afastavam-se da ambulância. Não iam longe. Davam a volta. Para trás dela.
«Não penses que sais daqui viva, porque não sais.»
Aurora girou o corpo, afundando as botas na neve.
A miúda tinha uma navalha e a navalha estava apontada ao peito de Aurora. A miúda pensou que a intrusa estava razoavelmente impressionada pela pequena lâmina e pelo tom firme na sua voz.
«Vai à procura de sumo de pila para outro lado, cabra. Este ponto é das Capuchinhos Vermelhos!»
Aurora quase nem a viu. Deu três passos atrás por outra razão. O rabo dela bateu na entrada do compartimento traseiro da ambulância e a caçadora de anjos ficou meio sentada no chão metálico da mesma. O frio do metal exposto ao nevão atravessou os três pares de collants e as calças de montanha para lhe morder o rabo. O braço de Aurora mergulhou na escuridão da ambulância em busca de algum instrumento que servisse para a safar daquela situação. A miúda adivinhou-lhe a intenção e deu um passo em frente, de navalha em riste.
«Achas que estou a brincar…?»
A pergunta desapareceu dos lábios pintados de branco da miúda quando uma sombra se projectou sobre ela. Foi a sua vez de se voltar. Uma mão do tamanho duma antena parabólica fechou-se sobre a sua cabeça, abafando os gritos de surpresa. O anjo do casaco de peles voou, aterrando na neve uns metros mais além. O dono da ambulância virou-se para Aurora. Quando esta acabou de engolir em seco, os dedos dele estavam à volta da sua garganta. Muito antes de poder morrer sufocada, Aurora morreria com o pescoço partido.
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«Quando me falaram no seu nome» disse a Baronesa, «percebi que me tinha sido concedida uma última oportunidade de encontrar o meu anjo.»
«O meu nome? Não estou a perceber.»
«A Estrela da Manhã é visÃvel a olho nu apenas por breves instantes… antes da aurora.»
«Antes da aurora…» repetiu a caçadora de anjos.
«O seu nome tem poder sobre o dele. Está escrito.»
Não passo duma gatuna de túmulos, gorda e coxa, pensou Aurora, que não enxerga as cores. Não lhe parecia que a sua pessoa viesse na BÃblia.
«Mas tem de me prometer que não dará ouvidos ao que ele lhe disser. Samael está na Cidade Baixa há tanto tempo e fez daquele sÃtio a sua casa. Fará tudo para que não seja deslocado. Tentará influenciá-la como faz com as vidas e os actos de todos os que lá vivem.» O rosto da senhora tornou-se claramente cadavérico de repente. «Procurará enganá-la. Não o deixe. Não lhe dê ouvidos.»
«Vou tentar.»
«Sim…» A Baronesa deixou pender a cabeça para o ombro direito. «Tenho fé em si.»
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Aurora teria morrido à s mãos de Dante se a miúda não tivesse saltado para as amplas costas dele e espetado a navalha até ao cabo no seu pescoço. O homem soltou a garganta de Aurora e levou uma mão à lâmina, procurando arrancá-la. Era difÃcil acreditar que uma coisa que mais parecia um palito no flanco dum paquiderme o pudesse incomodar minimamente, mas Aurora aproveitou a folga para firmar o corpo no chão da ambulância e, com as pernas, empurrar Dante para trás.
Dante caiu desajeitado. Aurora, apesar da explosão de dor na perna esquerda, rebolou sobre si mesma, pôs-se de gatas e moveu-se para o compartimento dianteiro da ambulância. O motor pegou assim que deu a volta à chave e ela meteu logo a primeira mudança. Não notou que a miúda também saltava para dentro da viatura quadrada. Quando ouviu um baque e olhou para trás esperando ver o homem que não morria, soltou um suspiro de alÃvio.
«Cabra, vai!»
Aurora pisou o acelerador.
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A estatueta parecia cada vez mais leve à medida que Aurora a carregava ao longo do gigantesco casco negro do Tartarus, cuja quilha estava firmemente enterrada na neve. A miúda tinha dito que havia um caminho através do casco do petroleiro abandonado, não muito longe. Não era o caminho mais seguro. Era o mais rápido, e fora isso que Aurora lhe pedira.
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A miúda fora a primeira a sair da ambulância. Tinha os lábios brancos esborratados. Aurora esteve quase a perguntar-lhe que raio de cor de batom era aquela quando uma sombra de duzentos quilos se abateu sobre o corpo franzino do anjo de casaco de peles.
Dante saltara do tejadilho da ambulância. De alguma forma, durante a perseguição, conseguira erguer-se para o topo da Branquinha e desaparecer do retrovisor que Aurora espreitava constantemente. Pensava que o tinha despistado. Não sabia que Dante estava em cima da ambulância.
Quando caiu sobre a miúda, um som de algo a quebrar-se para sempre ecoou bem mais alto que qualquer uivo do vento. A espinha da jovem tinha-se estilhaçado sob o peso do ratoneiro. Olhava para Aurora, que ainda estava dentro da ambulância. Olhava-a com um rosto choroso.
«Tenho frio» disse ela. «Não sinto as pernas.»
Aurora respondeu saltando por cima dela, para a neve. A dor na perna esquerda quase a fez cair. Aguentou o peso do corpo na outra perna, evitou a manápula de Dante por milÃmetros e coxeou tão depressa quanto pôde, sempre apertando contra o peito o embrulho com a estatueta de Lúcifer. Uma vida ao sol, era o que aquele anjo significava para si. Nada mais do que uma vida ao sol.
Lembrou-se duma promessa que fizera e olhou para trás. A miúda já tinha desaparecido debaixo da neve. Apenas um pouco do seu casaco de pele se encontrava à superfÃcie, balançando muito branco ao vento. Aurora pensou que, com exercÃcio, o tal biquini à s bolinhas ficaria melhor a si que à miúda. Arrastando a perna má, continuou a avançar ao longo do Tartarus.
***
Dante estava morto há algumas horas, mas ainda sabia conduzir. Instruções em como fazer para desatascar a Branquinha ribombaram na sua cabeça numa voz que parecia a de um anjo.
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Aurora sentiu-se tonta, de repente. Corria há quase dez minutos. Coxeava, corrigiu-se ela. Arrastava-se, amparando o corpo contra o casco rugoso devido à s conchas de moluscos antigos. A mão que não segurava o embrulho, estava arranhada, completamente em sangue, bem como esse braço. A perna esquerda já não respondia. Toda ela ardia dolorosamente, por baixo do tecido húmido e quente das calças e dos collants. Era difÃcil enxergar à sombra do Tartarus. O comprimento do navio era impressionante, visto de perto. Mas a miúda dissera que a entrada não era muito longe. Não podia ser.
A caçadora de anjos tentou dar um novo passo mas não conseguiu. Apoiou o corpo contra o casco gelado, arfando, tentando fazer a terra parar de girar, firmar os olhos nalgum ponto.
Dois focos de luz incidiram sobre a sua cara. Aurora protegeu a vista com a mão que segurava a estatueta. Quando o clarão balançou, conseguiu ouvir o rugido dum motor. Conhecia aquele motor.
A Branquinha, com Dante no assento do condutor, aproximava-se a toda a velocidade. Na cabeça de Aurora, a voz do anjo repetiu as palavras proféticas.
«Não penses que sais daqui viva, porque não sais.»
E Aurora percebeu que assim seria. Nascera em muitos sÃtios, mas seria na Cidade Baixa que viria a morrer daà a nada. O seu nome, afinal, não tinha poder algum sobre o do Anjo CaÃdo. Era apenas um nome.
A estatueta no seu braço, pensou, como último recurso. A figura de Lucifer embrulhada em plástico de bolinhas de ar. Aurora ergueu-a acima da sua cabeça, exibindo-a aos faróis da ambulância que se preparava para a esmagar contra o flanco do Tartarus encalhado. Se o Diabo queria a estátua de volta, teria de fazer Dante travar a fundo. Depressa. Já não restava muita estrada e o piso estava gelado.
«Queres a tua estátua, cabrão? Queres a tua…»
Uma gota de neve derretida desprendeu-se do embrulho e atingiu Aurora nos lábios a meio daquele grito de desafio. Instintivamente, lambeu-a. Não lhe soube a neve. Nos derradeiros momentos de vida, Aurora percebeu o logro.
No instante seguinte, a Branquinha esmagou-se contra si.
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A Baronesa de Aradia sonhava, estendida na sua cadeira de repouso na sala que cheirava a cera e fósforos queimados e velharias. No seu sonho, via Aurora deambular pelas ruÃnas do Convento de Sheol. Via-a a andar de um lado para o outro, brandindo um pesado martelo de cabo comprido, apenas atingindo o ar.
Enquanto dormia, a velha senhora estrebuchava de terror. Conseguia ouvir a voz do seu anjo, do seu amor, que zombava de si. Viu Aurora acertar um golpe de marreta, finalmente, na parede. Viu pedaços de pedra antiga desprenderem-se e derramarem-se sobre o chão nevado das ruÃnas, revelando absolutamente nada por detrás. Testemunhou o poder do Anjo Preferido operar a sua influência na mente da mulher que tanta esperança significava para si. Sem nada poder fazer, a Baronesa viu quando Aurora baixou as calças e os collants e com uma faca que trouxera da ambulância cortar um naco da sua própria coxa. Sangue vermelho vivo derramou-se sobre a neve branca que atapetava o interior das ruÃnas. Aurora parecia não distinguir o branco do vermelho. Viu-a embrulhar o que se assemelhava a dois quilos da sua carne num plástico. Viu-a voltar a vestir-se, perfeitamente ignorante do que estava a fazer.
Haveria mais para ver, mas a Baronesa de Aradia acordou com um fio de baba a escorrer-lhe sobre o ombro direito. Endireitou a custo a cabeça centenária, estranhando tanta luz. Todas as velas na divisão se encontravam acesas, contrariando as suas ordens de muitos anos. Os seus mordomos rodeavam-na em silêncio. Rostos de homens-anjo, fechados e solenes, miravam-na. Depois, sorriram, mostrando dentes afiados. Numa voz que já não tinha agudos nem graves, a Baronesa ainda tentou gritar quando os anjos começaram a devorá-la.
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