Nanda
|
|
« em: Novembro 11, 2009, 22:20:15 » |
|
- Por favor, ajude-me! - Ajude-me, minha senhora! - A senhora é mãe, não é?
Foi assim que tudo começou. A campainha insistia, ansiosa e o simples toque fazia anunciar o desespero em forma de gente. Corri a abrir a porta e na minha frente estava a angústia cravada num rosto másculo, de traços finos e perfeitos. A mão esbofeteava de forma reiterada a testa suada e a voz tornava-se acutilante à medida que implorava, literalmente, ajuda para retirar do 2º andar-E, do prédio, a filha de apenas 2 anos de idade.
- O senhor tenha calma! - Diga-me, exactamente, o que se passa?
- Não há tempo! - Eu deixei fechar a porta sem querer e a minha filha, de 2 anos, ficou lá dentro. - Já tentei abrir a porta com uma radiografia, mas nada. - Preciso de ajuda, de dinheiro para um táxi! - Tenho de ir ao trabalho da minha mulher buscar a outra chave!
O tom aflito e austero contrastava com os passos oscilantes, ora para trás ora para a frente, como se estivesse na sala de espera de um hospital nos momentos que antecedem o acto de ser pai. Hesitei, mas resolvi dar conhecimento ao Director da Instituição do que se estava a passar e este balbuciou algo do tipo: - Emprestem-lhe 5,00€ para o táxi.
Aà o tom de austeridade elevou-se e o “pai sofrido†gritou com todas as letras, ao mesmo tempo que voltava a auto-agredir-se na testa: - Isso não chega! - Tenho de ir e vir de táxi, preciso de, pelo menos, 10,00€. Por favor eu moro aqui no prédio, eu venho pagar.
Logo se foi juntando gente no hall da Instituição e houve quem se oferecesse para o levar ao trabalho da esposa o que muito lhe agradou e ao que este respondeu: - Tenho, apenas, que avisar a vizinha da frente que já tenho boleia. - É a senhora que me vai levar?
A minha Directora ia responder que sim, quando o Presidente que recusara olhar o indivÃduo de frente, gritou: - Daqui não sai ninguém! - Emprestem-lhe 10,00€, então.
O indivÃduo saiu à porta do prédio e perdeu-se nos seus labirÃnticos corredores.
Posteriormente viemos a constatar que, afinal, no 2ºandar ninguém tinha uma menina pequenina.
Esta é uma chamada de atenção para mais um golpe que utiliza a “cantiga do bandidoâ€. Neste caso se a minha chefe lhe tem dado boleia, o que poderia ter acontecido com ela nesse entretanto?
Em Setúbal o golpe já é recorrente.
Fica o alerta!
|