Oswaldo Eurico Rodrigues
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Amo a Literatura e as artes.
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« em: Novembro 16, 2009, 15:06:31 » |
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Estou com saudades de apanhar um livro bom para ler. Não é falta de oportunidade e nem de material. Tenho uma quantidade razoável de bons textos em casa de todos os gêneros e tipos textuais. Falta-me o quê então? Sinto-me como alguém que perde a fome diante de enorme glutões esfomeados numa churrascaria com sistema rodÃzio. Fico enfarado só de ver. Quero um bistrô. Pratos bonitos num ambiente aconchegante de um museu ou centro cultural. Passarei pela casa daquela tia, cujo tempero simples encanta. Um self-service? Seria quase o mesmo do rodÃzio na churrascaria ou na pizzaria. Talvez pior. O glutão poderia ser eu mesmo e sem induções. Parece a escassez ser o motivo da procura. Na realidade não estava com fome. Estava com vontade de comer. Fazia outras coisas para me distrair. Nesse distrair-me as energias se foram e precisei realmente me alimentar e fui em busca de comida para sustentar-me. Comia bem e sem exageros, mas não estava nutrido. Faltava um ingrediente, ou melhor, faltava um prato. Todos precisamos de bons alimentos. Frescos, selecionados, limpos e bem preparados. Precisamos de ambiente agradável e calmo para mastigar sem pressa a fim de retermos ao máximo os nutrientes por nós ingeridos. Sai em viagem pelo mundo. Quase sempre aporto em meio à s comidas árabes. Amo aqueles temperos e ingredientes integrais. A comida tailandesa é boa, mas muito apimentada e tem aquele molho de peixe no lugar do sal. A chinesa é tão variada e gostosa, embora extremamente exótica até mesmo para mim. O Japão apresenta um visual correto, extremamente minimalista, porém é como se estivéssemos numa casa limpa, bonita, bem decorada e sem aconchego. Do Brasil conheço muito. Da Europa agradam-me os doces. Dos Estados Unidos, nem pensar! Detesto fast-food! Um vegetariano quase ortodoxo quer comer. Não somente os carnÃvoros como o leão e a onça são agressivos quando sentem fome. Os elefantes e os bois igualmente o são. Ser vegetariano não é sinal de ser puramente manso. Chega! Minha barriga ronca. Vou para a Ãfrica. Tenho cinco destinos. Embora não descarte os paÃses do Magreb (também são cinco?), busco avidamente por uma terra no extremo oposto, banhada pelo Ãndico. Moçambique! Finalmente aportei onde se fala português. Entenderei bem o cardápio sem precisar de ajuda. Não me apresentaram nenhuma carta. Fui direto à s prateleiras (essa comida se guarda em blocos de papel compactados). Minha fome, gente, é de ler. Falei de comida para chegar à leitura. Precisava era preencher a alma com boas letras. Procurei e não encontrei o desejado. Queria encontrar Mia Couto, mas ele estava em Terra sonâmbula. Estava tão cansado que precisa de um tapete vermelho par descansar. De jeito nenhum! Fui à s estantes de novo. Precisei sair de lá. Elas estavam mal arrumadas e cheias de pó do tempo, mas sem nenhuma gota do sangue de Carolina. Desse nome, encontrei a mulher amada de Machado de Assis e A sucessora. Queria sangue. Encontrei histórias Estórias extraordinárias. Vi alguns irmãos. Entre eles os Karamazov. Quase fiquei satisfeito. A capa do livro era vermelha, a cor da paixão. Olhei para esquerda e vi Cem poemas de amor. Perdoem-me Srª Nabuco, Senhores Machado de Assis e Dostoiévski, Dom Pablo Neruda e Mr. Edgar Alan Poe. Vou me embora para Maputo. Lá terei o conto desejado na tela que escolherei. Afinal li Sangue da avó manchando a alcatifa, de Mia Couto, na Internet. Querem saber se haverá sobremesa? Agora estou lavando a louça e cozinhando ao mesmo tempo. Convido a todos para o próximo almoço ou jantar. Quem sabe um sarau? Literatura casa muito bem com boa comida e boa música. Leremos bons textos com clássicos ao fundo. O sabor virá de cada expressão e o brinde será a satisfação de compartilharmos a boa leitura sorvida a cada página. O convite está feito.
R.S.V.P.
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