Rios de pó de arroz

[Figas de Saint Pierre de]

2008/05/18
Rios de pó de arroz
No início a terra clamava por braços para o seu amanho, hoje clama por máquinas, e os homens são cada vez mais desnecessários ou reduzidos a simples números ou “máquinas”! Estima-se que em 2040 Portugal tenha menos um milhão e trezentos mil portugueses. Qual o espanto de, no mundo desenvolvido, verificar-se a regressão demográfica? Num mundo a caminho dum desenvolvimento global, é utópico pensar que casais, a recibos verdes ou com trabalho a prazo, tenham, em média, três filhos! Consequência: População sempre a diminuir.! Hoje em dia, ter filhos fica caro, e num mundo onde só números é que contam, qual o Estado que garanta a alimentação, saúde, educação e ocupação aos filhos da pátria? Certo que a previsão ainda é de crescimento populacional na Ásia e em África, mas também chegarão ao ponto de viragem e, como sabem, a China já está a herdar as “modernices” ocidentais e até, legalmente, já impede a livre natalidade! Já lá vai o tempo em que precisavam de mil chineses, para cada um com seu cesto cheio de terra fazerem um monte! Hoje, com uma só máquina fazem mil montes de mil cestos! Mais chineses para quê? Quando forem totalmente capitalizados, como os ocidentais, não terão tempo de ser pais! Nessa altura não terão falta do arroz doce! Talvez até tenham rios de pó de arroz! Haverá apenas falta de bocas e faces! Em compensação não faltarão máquinas, bem pintadas! Motores! Muitos motores! O excedente do arroz será seu bio-combustível! Depois, talvez apareça um novo Diógenes; famoso filósofo grego, com sua candeia acesa na mão, caminhando pelas ruas, em pleno dia, provocando espanto entre os atenienses, que lhe perguntavam: -“Que procuras?” -“um Homem”, respondeu! Desconheço se ele comia muito arroz ou se tinha muitas acções.

Autor:
Figas de saint pierre de lá buráque, Gondomar

[Goreti Dias]

Fiquei a pensar nisto... habitualmente, pensava que a raça branca extinguir-se-ia e os chineses ocupariam o mundo todo. Bem vistas as coisas, talvez a realidade seja essa de um dia os vindouros terem que procurar um Homem porque só as máquinas calcorreiam as ruas...