Vanda Paz
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« em: Fevereiro 21, 2010, 13:02:09 » |
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Eram lindas, deixaram a vinha airosa prevendo um ano de excelência. O dono da vinha, um Conde solitário e frio, sorria ao ver tamanha beleza. Porquê a mim? – Perguntava-se sem resposta enquanto a vinha parecia ter asas e esvoaçava esbelta como se o céu fosse um rio. As Ninfas cantavam ao sol fazendo crescer a seiva dentro das videiras. Um dia, o Conde perguntou à s Ninfas que lhes poderia oferecer. - Beijos – responderam. - Beijos? Não posso dar! Semeei-os em terra infértil, tenho poucos e só os posso colher com calor no peito. Terei de os guardar até então. Os cânticos perderam o brilho, mas continuaram com palavras de amor. A vinha continuava linda. Os pequenos cachos começaram a aparecer. O Conde, cantarolava com as Ninfas, e uns dias mais tarde, tornou a perguntar. - Que vos posso oferecer por acção tão carinhosa? - Podes dar-nos beijos! - Beijos? Vocês cantam o amor todos os dias. Cantam beijos, dançam beijos, crescem beijos dos vossos dedos, dos vossos olhos, das vossas palavras, dos vossos cabelos que esvoaçam sem parar nesta brisa quente que acalma a minha vinha, que acalma a minha vida. Ao longo do Tejo espalham beijos à s terras férteis que crescem e dão vida. Porque precisam de beijos? Não vos posso dar os meus, são os únicos que tenho! As Ninfas tristes deixaram de cantar, os cachos começaram a desavinhar. Dos olhos nasciam lágrimas sem parar. O Conde sem saber o que fazer, pediu à s Ninfas que semeassem os seus beijos para os poder colher. - Já semeamos, quando aqui chegámos. - E então? Onde estão? - Morreram afogados pelas lágrimas que caÃram dos nossos olhos! O Conde desesperado não queria acreditar que aquelas lindas Ninfas pudessem precisar de beijos para viver. As suas videiras morriam de fome e tristeza, tal como ele morria por dentro por não sentir calor no peito.
Nunca foi capaz de colher os beijos que semeara e matar a fome às Ninfas, a vinha morreu e ele com ela. Os seus beijos também desavinharam e murcharam.
As Ninfas voltaram ao Tejo escrevendo amor a quem tem calor no peito e semeando beijos para quem os queira partilhar.
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