ATÉ AMANHÃ...

[josé antonio]

Quando cheguei à tua cama no hospital
estavas cansada por debaixo da máscara do oxigénio
talvez - por teres passado a noite no campo
vigiando o gado sempre traiçoeiro e irresponsável
por teres feito as camas
mas pior que todo o mais
por causa da colega da cama vizinha que passa o tempo e gemer
como uma criança a aprender a falar.
- como tu desabafaste, cansada de a ouvir!
Valha-a Deus. Mimalhona.
Tu
ou te lembras da palavra certa ou não a dizes
e terminas a  frase com um sorriso
que nunca ponto final
apenas reticências
para quem te quiser continuar a escutar.

Até amanhã…

[Goreti Dias]

Momentos em que inventamos a lucidez se ela não é assim tão clara. O amor, esse, é muito claro.
Abraço

[josé antonio]

O apego a quem nos colocou neste mundo não tem dimensão.
E potencia-nos até à potência sem limite de potência multiplicadora.
O olhar na nossa direcção é sinal de comunicação intensa.
O sorriso por debaixo da máscara do oxigénio esboçando o beijo é de atroz carinho!
O beijo ténue, mas beijo desejado para ser dado a quem se ama, é aterrador, porque portador de tanta força e vontade.
Desculpem-me a fraqueza, mas falo da minha mãe.

Abraço
José António

[Vóny Ferreira]

Comovente e como sempre
revelador da sua extrema sensibilidade.

Há que viver um dia da cada vez, quando
a saúde nos abandona.
Grande abraço
Vóny Ferreira

[António Lóio]

JA
Texto bem real que gostaríamos que não fosse.
Abraço
Tom

[vilde]

JA, nem sempre a comunicação tem que ser utópica, aliás penso haver sempre como base a realidade, mais ou menos disfarçada.
O amor esse é sempre belo, com ou sem sofrimento.
As melhoras!
Bjs
vilde

[josé antonio]

Amigos
Vóny,
Tom
e
Vilde,

Grande abraço embrulhado num grande bem-haja para vós pelo carinho e apoio.
José António