Brincando com a situação

Mesmo correndo o risco de que me julguem burro; até hoje ainda não consegui perceber qual a finalidade, ou melhor, o que tem resultado de positivo nas tão faladas comissões de inquérito da assembleia da república.
Vai lá fulano, beltrano, sicrano… falam, argumentam, acusam e…puff!!!
È que quem lá vai sente-se, (porque está, pressupostamente, entre amigos com telhados de vidro também), tão confortável que, ao contrário do que dizia o refrão duma velha música – eu não quero ir à máquina zero – eles dizem … eu só quero ir à comissão de inquérito…pois…pudera!
A meu ver… os responsáveis por ilícitos comprovados ou por fortes suspeitas de tal, seja o Zé dos anzóis, o Manel das tretas ou qualquer outro figurão, tinham era de prestar contas aos órgãos de justiça competentes, ou seja policias e tribunais, e serem julgados e condenados como qualquer outro delinquente.
Mas como justiça, infelizmente, não é igual para todos; resta-me brincar com a situação e dizer… eu também quero ir à comissão de inquérito

Brincando com a situação

Nas comissões da assembleia
ditas serem de inquérito…
vê-se uma douta plateia
falsa e oca…sem mérito!

Já lá foram deputados
ministros e conselheiros
e até dos mais reputados
doutores e engenheiros

Falaram todos mui bem
a seu favor… já se vê!
A cabala… armou-a alguém
vai-se lá saber porquê!

Corrupção…bem…nem pensar!
Subornos…mas que ironia!
O que se passa, a julgar,
será mera fantasia

Muito fumo sem ter fogo
fantochada ou diversão…
será tudo falso jogo
raiva, inveja ou invenção!?

As notícias difundidas
serão todas orquestradas
quais cabalas promovidas
e intentonas concertadas!?

Sem reservas nem receio
afirmo, firme, que não!
Mas nas voltas deste enleio
quem se lixa é o mexilhão

As razões são escondidas
nos porões das falsidades
e as verdades distorcidas
nos palanques das vaidades

E depois…bem…e depois
lá se inquire um tal senhor
p’ra fingir dar nome aos bois
e do povo ter louvor

e, então, na comissão número…ora…sei lá!

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O inquirido

È a imprensa meus senhores!
São histórias nos jornais
que nos causam dissabores
por ser-mos sérios demais

O inquiridor

Mas… excelência… vá lá!
Confesse que deu aval
e embolsou, diga lá,
mais dum milhão e tal

De novo o inquirido

Meus senhores com franqueza
mas que grande falsidade!
Se ostento hoje riqueza
devo à minha honestidade!

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Há amarelos risinhos
alguns engasgos fugazes
e reparos comezinhos
com a soltura dos gases
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De novo o inquiridor

Pois excelência… pois bem!
Mas então aquele resort
o bpp e também
o assunto do Friport?

Riposta o inquirido

Isso são tramóias puras!
Em abono da verdade
foi tudo feito, (há juras)…
na maior legalidade

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E lá termina a audição
com vénias dos aliados
e tudo fica no não…
não há crime nem culpados!

Abgalvão (In pedras de fisga)