ALGODÃO DOCE

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

ALGODÃO DOCE


   “Sentado no caixote e abraçado à viola. Roda pede pra cantar. Eu vou sentindo. Agora é hora de voltar a ouvir do começo a história. Desses tempos me recordo. Só eu sei por onde andei. É pena que hoje acordo pra contar o que sonhei. Bate o sino... O que é que trouxe? Algodão doce! Algodão doce! Roda, roda, roda bicicleta, bicicleta. Roda, roda desfazendo algodão doce. Algodão doce. E o tempo levou...” 
                                                                                                                          (Daniel Azulay).


   A “Turma do Lambe-lambe” entrava na nossa sala anunciada pelo músico arauto do algodão doce com sua gravata borboleta, óculos de aro redondo e lápis atrás de uma das orelhas. “Algodão doce pra você!”. Era sábia alegria esperta em pura diversão inteligente. O cartunista educador Daniel Azulay apresentava suas criações e criaturas divertidamente. Aprendia-se a brincar de criador em brinquedos de sucata sem se levantar bandeira de reciclagem. O importante era a criação. O mundo infantil circense de Piparote e Tristinho unia-se ao universo das outras crianças: Pita e Damiana.  Quatro amigos tão humanos quanto a vaca Gilda, desafinada cantora de banheira apaixonada pelo elefante Bufunfa, Xícória, galinha caipira empregada do Prof. Pirajá, coruja sapientíssima moradora do oco duma árvore. Era cultíssimo. Sabia de tudo. Sua empregada cozinhava muito bem. Nenhum dos dois ensinou, porém, como se fazia essa nuvem doce e colorida que nos deliciava em bocados de nada.
   Comer nuvens rosas, azuis e amarelas era uma alegria para a criançada nos finais de tarde justamente na hora da Turma do Lambe-Lambe. Era comunhão dos sentidos. Um sarau eletrônico onde se degustava açúcar em cores. “Algodão doce!” Garçom não era necessário. Avós deseducadoras, tios sem juízo e primos mais velhos camaradas contrabandeavam da rua a iguaria de glicose das mãos dum velho e negro Dom Quixote tropical montado no Rocinante de duas rodas, gentil quando estendia a lança de esteira espetada de guloseima, ocasião aproveitada para descansar sua garganta e os ouvidos dos adultos de “Algodão doce!”. Enquanto a negociação se fazia do lado de fora sem o policiamento dos pais, estávamos tomados do outro algodão doce a dissolver-se não na boca, mas na memória de criança.

[Goreti Dias]

As minha ocupações não me têm proporcionado tempo para o site. E este óptimo texto aqui a perder-se! Muito bom!

[Eduarda]

Oswaldo,

Memórias doces, mesmo sem algodão.

Amei!

bj

[Á flor da pele]

Doce texto que trás doces lembranças...
Delicioso :

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Oi, queridas Goreti, Eduarda e A flor da pele...

Que bom que gostaram do algodão doce.

Beijos para as três.

Osw

[Goreti Dias]

Quem não gosta de algodão doce?!
Abraço

[josé antonio]

Oswaldo,
Afinal você é um óptimo contador de histórias!
Abraço
JA

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

É mesmo, Goreti. Acho todos gostamos dessas nuvens doces.

José Antonio, gosto mesmo de contar uns "causos", como diriam em Minas Gerais.

Abraço a ambos.

Osw

[M. Nogueira Borges]

JÁ LHE CHAMARAM A DOÇURA DO SONHO...

[Guita Pimpolho Mc]

Tal como o nome indica algodão doce recheado de doces memórias... Felicidades!

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Obrigado, Nogueira e Guita, pelos comentários.

Abraço

Oswaldo