Jorge Vieira Cardoso
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Sobscrevo frases e dou-lhe a nossa morada....
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« em: Agosto 04, 2010, 10:45:55 » |
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Caiem os pĂ©s do alto onde a cegonha mantĂ©m a criação e Maria dos olhos de VĂ©nus entre as (des) graças de um desejo crescente, enfurece-se pela recusa com que a vida lhe passa o indeferido visto de felicidade. Hoje como antes a indisposição acresce numa fornalha de receios prementes, tambĂ©m nĂŁo fosse assim e nem um pio engasgava, tal a altivez do gesto agressivo de um olhar inteiramente pretensioso. Quem sabe se um dia, ela nĂŁo tivera a Ășnica oportunidade estabelecida pela vida para se conter no vocabulĂĄrio e nas vestes adornadas de palavrĂ”es? No entanto as crias sĂŁo o seu regalo misto de afecto e garras protectoras. Poderia reencarnar numa outra estĂąncia, como aquela que em certo dia disse um sim ao Prior, mas de que vale o passado se o presente se esvai, tal e qual uma leva de um corpo arrastado pela marĂ© revolta de um Oceano transbordante de gelo?! Fora ele, aquele que nem os nomes menos aconselhados chegariam para cilindrar a baixeza a que submetera Maria dos olhos de VĂ©nus. Trocara-a pelo aproveitamento monetĂĄrio e nĂŁo pelo corpo, que na certa teria melhor em casa. Fora ele que dissera o outro sim de frente para o altar, mas sem um nĂŁo, carregara Maria de rebentos e de seguida a abandonara. Agora, Maria de olhos de VĂ©nus, trincava as feridas dos lĂĄbios, na pachorrenta desgraça em que a mĂŁo alheia intercede perante os Deuses para que assim continue. Naquela noite Maria adormeceu e apĂłs toda a trabalheira para colocar os pĂ©s no alto, onde, como cegonha vela pelas crias, sonhou para acordar no dia seguinte determinada a fazer um novo pedido, que desta feita teria de chegar como deferido. Pedido que seguiu numa carta amarrotada com duas Ășnicas frases e rumo a destinatĂĄrio desconhecido. -Se hĂĄ alguĂ©m para lĂĄ daquele monte, que me valha?! Se os CĂ©us estĂŁo carregados de mistĂ©rios, que me enviem uma missiva compadecente?! O que Ă© certo, essa carta teve respostaâŠtambĂ©m com apenas duas frases vindas sem onde e sem papel algum. Chegaram apenas no som de uma voz Ășnica, mas directa ao cĂ©rebro de Maria⊠-Continua, Maria dos olhos de VĂ©nus, levando as tuas crias ao alto de uma vida! -Esquece a raiva com que cĂĄ para fora deitas na falta de humildade e aĂ, serĂĄs feliz! No seguimento das palavras escutadas por Maria⊠pouco tempo depois calaram-se os agoiros vizinhos, aproximou-se um Manuel de olhos de JĂșpiter, ajudando Maria de Olhos de VĂ©nus a sentir a felicidade de levar as crias ao alto onde a cegonha mantĂ©m a criação. Para reflectirâŠ
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