CIDADE DO CAOS - AS MENINAS MULHERES

[CAMPISTA CABRAL]

   Dá logo o que interessa. E ela tira o vestido e o coração. Não é vagabunda, mas é uma menina que não quer ser mulher. Mulher de bandido? Menos ainda! Justo ela! Ela que ficava no canto da sala e não falava. Ela que usava jeans e camisa branca e não se pintava. Ela. E agora ali. De frente e nua para uma besta. Um desgraçado que se interessou por seu corpo. De frente e trêmula para um menino-homem-bicho. E fechou os olhos quando sentiu as mãos que a tocavam. O ar quente daquela boca e o hálito de cerveja e de cigarro. Os bigodes e a barba cerrada que marcavam suas pernas e sua barriga. Gostava de rosa e tinha um caderno  da hello kitty. Assistia ainda desenhos e ria de novelas. O seu corpo no chão. O corpo do outro sobre o seu e os músculos e a agressividade do dia e o suor e a boçalidade. Tudo sobre si. Agonia. E ela que ficava no canto da sala. E ela que não queria casar tão cedo. As janelas do barraco fechadas e os olhos também...

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Que sina essa de gente violentada! Até quando viveremos um mundo de brutos e brutalidades? O amor arrancado sem amor. O prazer de satisfazer as necessidades insaciáveis sem prazer. Indignação, violação, perverção. E a bestialidade cresce e avança.
Texto forte e muito bom na série que você criou.
Parabéns!

Um grande abraço.

Oswaldo
 

[CAMPISTA CABRAL]

Brutos e brutalidades! Disse muito bem! O sistema, etse é o maior problema, embrutece cada vez mais as pessoas. O sistema e o descaso e a desigualdade distanciam seres, destroem sonhos e criam amarras.

Abraços amigo!

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Aos pouquinhos, temos de roer essas amarras...

Um Feliz Sábado com Deus...

Oswaldo

[CAMPISTA CABRAL]

Oswaldo,

Romperemos amarras sempre que tivermos coragem de dizer as coisas. Calar nunca. Dizer sempre!

Abraços!

[Eduarda]

Campista,

Uma realidade tão abjecta, mas tão viva infelizmente.Serão poucos os adjectivos para esses seres que fazem da infância uma morte.

bj

[CAMPISTA CABRAL]

Eduarda,

E serão poucos mesmo! A violência em qualquer situação e em qualquer grau é inadmissível. É preciso dizer as coisas. Disse isso ao meu amigo Oswaldo. É preciso dizer em alto e bom som.

Obrigado pela leitura!

Abraços do Brasil!