NUM SÓ TEMPO...

[Eduarda]

num só tempo fui pedra rasgada
na carta de alforria
e pêndulo de vinho encravado no Inverno.
recordei mitos e falésias
nas paredes do sal derramado.
fiz-me humidade no equilíbrio da cintura
e cortei a alça do ombro
que me estreitava como vaticínio
lavrei o pão e tornei-me germinação
num canto invisual da terra escura.
sem galeria de sentinela
cortei as costas do deserto
e agrafei o pulmão no tear do livro.
aprendi a lucidez na humidade da manhã
e cosi-me sem adorno de espumas.
num só tempo sou agora
impressão de caligrafia
na revolta da onda escondida
e selo de insecto
sem recanto de importância.

Eduarda

[carlossoares]

Eduarda,

Num só tempo pode-se ser muitas coisas, pelo menos de perspectivas diferentes.
Pode-se defrontar a tormenta e vencê-la ou não. Tu venceste-la?
Ou, pelo menos, sobrevives-lhe.
Gostei da construção do teu poema. Da linguagem.
De um vigor estranhamente feminino, mas magoado.
Ressentido?
Bjo

[Eduarda]

Carlos,

Acho que a dualidade existe em todos nós.

Ressentida? É algo que nunca tive. Nostalgia talvez1

bj

[Nanda]

Eduarda,
Há que libertar, com carta de alforria, todo o saber ancestral que encontro na tua poesia.
Beijinho
Nanda

[Eduarda]

Nanda,

Há cartas que estão tão coladas, que será difícil deixar de ser alforria.

bj

[Edite Cecília Rodrigues]

Boa escrita! Mas uma certa tristeza e amargura é notória. O sol vai brilhar em si como brilham as palavras que escreve.
Edite Cecília Rodrigues

[Eduarda]

Edite,

Num só tempo a vida tudo pode destruir.

O prazer enorme da partilha.

bj

[Edite Cecília Rodrigues]

Obrigada pela resposta. A quem o diz. Hoje sou fruta madura do verão, mas também posso dizer que tive uma primavera bem tempestuosa.
Um bjo 

[Á flor da pele]

Sente-se dor...
Intenso...

[Eduarda]

Edite,

embora podre, haverá sempre um cantinho que terá luz.

bj

[CAMPISTA CABRAL]

Eduarda,

Feliz em ler mais um poema tecido por ti! Concordo com o Carlos Soares, a construção e as imagens criadas e intuídas... um trabalho primoroso!

Abraços!

[Eduarda]

Á flor,

a dor que sempre existe nos que sentem.

bj

Campista,

emoções que britam do mais profundo.

bj

[CAMPISTA CABRAL]

Que seja assim! Que seja assim!

Abraços brasileiros!

[Vóny Ferreira]

São poemas como este teu,
de uma beleza gritante,
de um nostalgia tocante,
que me fazem ler-te sempre com agrado, Eduarda.
Beijo
Vóny Ferreira

[Eduarda]

campista,

Sempre aquele abraço.

bj

Vóny,

O prazer da tua partilha que tanto prazer me dá.Emoções que nos tocam e nos fazem nostálgicos.

bj
Eduarda