Araci
Contribuinte Junior
Offline
Sexo:
Mensagens: 57 Convidados: 0
Ainda não sei o que sou, mas sei quem eu sou
|
|
« em: Agosto 22, 2010, 10:13:04 » |
|
Havia,numa aldeia,há muitos e muitos anos,um sujeito,dono de terras e casas,que tinha o feio costume de nao pagar aos seus criados,valendo-se para isso de habilidades e espertezas. Um dia,apareceu-lhe um rapaz fino e ladino que lhe trocou as voltas como se vai ver. - Quanto queres ganhar por um ano?-perguntou-lhe o lavrador. -Seis moedas de ouro-respondeu o rapaz,que era decidido nas falas. - Fica combinado,mas com a condição de fazeres só o que te mando.Estás pelos ajustes? O rapaz estava pelos ajustes e entrou logo ao serviço.Trabalhou o ano todo,sem cometer uma falta sequer.Quase no fim do contrato,o patrao chamou-o: - Quero um almoço muito leve.Se for pesado,diz adeus à s tuas seis moedas. O criado pôs-se a pensar na malÃcia do amo e na maneira de trocar-lhe as voltas.Nisto,poisou perto um pintassilgo.O rapaz teve artes de apanhá-lo,meteu-o numa terrina,tapou-a com a tampa e esperou pelo patrão. Quando ele entrou e viu a terrina,fingiu-se zangado: - Pois tu não sabes que as sopas são alimento muito pesado para mim? - Veja bem patrão.Olhe que não são sopas... O amo levantou a terrina e o pintassilgo safou-se. Parece-me que não podia arranjar-lhe um almoço mais leve-disse o criado. O amo calou-se.No dia seguinte,último dia do contrato recomendou-lhe: - Vais comprar-me cem escudos de arres e cinquenta de ais. O rapaz ficou um bocadinho atarantado,mas pensou uns tempos e foi ao campo com um saco,onde meteu grande porção de urtigas.Depois comprou laranjas,enfiou-lhes alfinetes com as pontas para fora e colocou-as por baixo das urtigas. Trouxe o saco para casa e disse ao amo: - Aqui tem o saco que me mandou comprar. O amo abriu o saco e meteu dentro a mão. - Arre! - gritou,sentindo-se picado pelas urtigas. - Os ais estão mais abaixo- avisou o rapaz. - Ai!Ai!Ai!- gritou o patrão desesperado,picando-se nos alfinetes. O criado finório,entao,disse-lhe: - Como vê,cumpro sempre as suas ordens. E o patrão,no fim do ano,teve mesmo de pagar-lhe o combinado.
Digam lá que este conto popular não é de mérito? (adaptado por António Torrado)
|