JLMike
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« em: Março 20, 2008, 17:47:29 » |
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14 Agosto
O meu quarto: porta entreaberta a deixar entrar a escuridão que vem da sala; os cabides cheios de camisas, robes, casacos, bonés, uma mala Roccobarroco que nem é minha. Está tudo amontoado e sem qualquer sentido. Por baixo, no chão está um par de botas, biqueira de aço, uma posta dentro da outra, os atacadores um para cada lado; uma tomada completamente cheia. A mesa-de-cabeceira mantém o efeito de desarrumação. Dois pacotes de lenços de papel, um deles já vazio, um lenço usado no canto inferior esquerdo, uma garrafa de água vazia, um relógio que não uso – está meia hora adiantado – um globo que não me recordo de onde veio apenas me recordo que não comprei nem ganhei em algum lado nem sequer mo foi oferecido de alguma forma. Uma fotografia dos meus tempos de ginasta, eu no topo, concluindo a quadra. Um candeeiro dourado. Na parede acima duas fotografias e um quadro com o emblema do clube. A cama está por fazer, mas também a esta hora não vale a pena. Aos pés da cama está roupa engelhada, amontoada. Se olhar para o resto do meu quarto vejo que ele mantém o efeito de desarrumação… não vejo razão para continuar a descrevê-lo.
Acordei eram seis e meia da tarde, uma dor de cabeça horrÃvel, daquelas dores de cabeça que nem saem com comprimidos. Passei o dia a fazer o que de melhor faço: nada. Passo a maior parte do tempo a ver Tv ou no computador, nem uma nem outra acção dá qualquer tipo de frutos. Também não importa.
Sonhei esta passada noite (ou passado dia, não sei como lhe chamar). De todos os sonhos que tive este foi talvez um dos mais estranhos e complexos. Sei que nele participavam inúmeras pessoas, desde desconhecidos até pessoas do meu distante passado. Lembro-me de andar numa bicicleta que se conduzia como um carro e que dava para duas pessoas. Lembro-me de me tentarem matar várias vezes, embora nunca tenham conseguido. Lembro-me de me magoar imenso sem nunca me magoar fisicamente. Se agora aqui tivesse que explicar isto diria que poderia cortar-me que a minha pele voltaria ao seu estado inicial, puro e saudável. E assim dava vez a outro corte para que se repetisse o processo. Lembro-me de estar num tecto de uma casa com apenas uma divisão. O tecto era plano e eu escondia-me de alguém. Esperava o momento certo para saltar, pôr-me em cima da bicicleta-carro e fugir. E lembro-me que foi o que fiz e que deu-se azo a uma perseguição. Fui perseguido por caminhos que não conheço mas que no sonho conhecia. Ao meu lado estava uma antiga professora da primária, estranha situação que eu ignorei. Lembro-me de ter acabado por combater com alguém. Claro que fugi, disso lembro-me bem. Devo ter algum problema quando sonho pois estou sempre a fugir de algo e sei sempre como o fazer. Executo os movimentos na perfeição, se necessário salto prédios ou quase voo. Escondo-me na perfeição durante segundos mas depois descobrem-me e começa uma nova perseguição. E isto pode durar horas que nem eu – nem quem me persegue – me canso. No fim de uma perseguição lembro-me de ter encontrado um ex-colega de escola, que já nem vejo aos anos e, muito sinceramente, não faço questão em ver. Daà foi sempre a andar até chegar perto de uma amiga minha e da sua mãe. Lembro-me que fomos para uma casa. A porta abria para umas escadas Ãngremes e estreitas. No topo das escadas um corredor quadrado, vasos nos cantos, um estranho lavatório na parede da direita. A mãe dela lavou as mãos e resmungou qualquer coisa sobre o pai da minha amiga, não consigo entender o quê. Não de recordo de mais nada.
Como disse, acordei com uma dor de cabeça.
Hoje tenho vontade de fazer qualquer coisa mas estou meio apático. Está calor. Ou pelo menos deu-me um calor de repente e vou tirar a camisola. Pouso os óculos em cima dos diários de Kafka e tiro a camisola. O colarinho é apertado, tiro-a com esforço. Depois lanço-a para cima do monte de roupa que está em cima da cama. E escrevi isto. Agora vou por os óculos. Óculos postos.
“This Frozen Landscape†– Enter Shikari
03:00
18 Agosto
Não, não te esqueci, não te abandonei. Apenas me abandonei a mim mesmo durante uns dias e só agora me voltei a encontrar. É difÃcil arranjar o que escrever quando a minha vida é dormir e comer.
Apaixonado por Sunshine Underground.
Hostel Part II – Nem melhor nem pior que o primeiro.
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