Deus não é uma filosofia

[carlossoares]

Desde tempos imemoriais que Deus está no centro das meditações e dos questionamentos do homem. Hoje, volvidos tantos séculos de pensamento e investigação e cultura e "contraditório" entre religiões diferentes e dentro das próprias religiões, entre culturas e concepções diferentes e até antagónicas, podemos reconhecer que todo o tipo de tentativas foram feitas (e continuam a ser) pelos homens de cultura e de ciência para "afirmar" ou "negar" Deus.
Mas Deus não é uma teoria, nem é uma hipótese. Deus não é uma filosofia. Nem é uma explicação. É certo que tudo pode ser teorizado e questionado sem limite. Se Deus fosse uma hipótese, ou uma teoria ou uma filosofia, não causaria mais dificuldades do que as questões sobre qualquer outro assunto. Nenhuma teoria, filosofia ou religião consegue transformar uma coisa naquilo que ela não é, ou fazer com que ela deixe de existir. Mesmo aqueles que (apenas) teorizam ou filosofam sobre Deus sabem que teorizam sobre um mistério, sobre o mais antigo e inesgotável dos mistérios. Os que acolhem Deus "revelado" nas suas vidas vivem numa relação construtiva e edificante com esse mistério, uma relação cujos termos são parte essencial da revelação.

[elvira]

Olá, Carlos
Muito obrigada por ter partilhado connosco este seu texto... comungo do mesmo pensamento! Obrigada
Bj
Elvira

[Goreti Dias]

Vale a pena de quando em vez não esquecer que assim deve ser entendido.
Beijo

[gdec2001]

Sabem que, no meu entender, deus pura e simplesmente, não existe . Assim não pode ser nem uma filosofia nem um mistério nem nada .É claro que eu sei que existe a palavra deus , como existe a palavra abacadabra ou outras semelhantes que podemos inventar mas que na verdade significam nada . Mas também sei que essa palavra tem um destino singular na historia da humanidade pois tem servido para os homens esconderem os seus medos por de traz dela o que é claro, não tem impedido que os homens morram de medo. Infelizmente ela também tem servido de pretexto para os mais horrendos crimes sendo certo que eu não sei se eles não seriam praticados com ela ou sem ela. Também é certo que algumas das mais belas ideias morais são atribuídas a homens que foram julgados enviados de deus -ou de deuses- mas para mim é claro que se podemos creditá-las a esses homens e nada mais.
A questão principal, para mim, é que há alguns homens de boa fé que acreditam em deus e praticam o bem por isso mesmo. As crenças de boa fé devem merecer-nos respeito mas o mal é que a maior parte dos homens que dizem acreditar em deus se servem da crença que se espalha como uma superstição e para os piores fins .
É o diabo, enfim...
 Geraldes de CArvalho

[Figas de Saint Pierre de]

Olá.
Raramente comento textos d'outros nem espero que comentem os meus, mas, como em tudo, não há regra sem excepção.

Em relação há questão divina,
concordo plenamente com o seu texto e assino por baixo,
porque a questão divina,
na sua grande maioria tem mais a função de latrina,
onde os homens defecam seus defeitos e ainda esperam que lhe limpem o rabo.
É o diabo!

Nota:
Há muito anos, escrevi um poema irónico: "Deus não nasce, faz-se", que está por aqui.

Deus não é mais que um ponto de interrogação a que cada um vai tentando dar a resposta certa, sendo uma questão espiritual que se alimenta do material! E como se alimentam!
Cumprimentos do Figas

[carlossoares]

Geraldes,

em meu entender Deus existe. E não é um problema. As palavras existem todas, não há nenhuma que não exista, assim como as coisas. Mas a palavra Deus não significa o mesmo para duas pessoas, quanto mais para biliões delas?!
Os filósofos deparam todos com Deus incognoscível. Não podemos imaginar o que seria o mundo sem Deus, porque Ele esteve sempre presente na vida e na linguagem do Homem.
Nenhum tribunal isento ousaria condenar Deus pelos pecados dos homens. Deus nem sequer concede ao homem um direito que seja. Deus dá e exige. O homem perante Deus só tem deveres. E isto que lhe refiro não tem a ver com acreditar ou não acreditar. Qualquer estudioso (pode ser um ateu) da religião judaico-cristã verificará que é assim.
Abraço

[gdec2001]

É claro, meu amigo carlosoares, que não posso aceitar nada do que diz e muito menos que um ateu -ou seja um homem que não acredita em deus-verifique que deus etc etc. etc
Mas como creio que V. é sincero tenho de respeitá-lo .

Obrigado, caro Figas .

vosso
Geraldes de Carvalho

[carlossoares]

Pois é Figas. O homem tem essa faceta "diabólica" para o negócio.
Cumprimentos

[josé antonio]

" O BURRO DE BURIDAN" ou " A PARALISIA DA INDIFERENÇA"

Não saber que partido tomar, hesitar, balançar entre duas opções, que parecem equivalentes, e acabar por ficar imóvel. Os tormentos da acção apresentam-se, neste caso, como uma espécie de paralisia. Se a opção A ou a opção B me atraírem tanto uma como outra, não vou ficar sem agir? A reflexão sobre essa paralisia da indiferença é atribuída a filósofo da época medieval, Jean Buridan. Esse filósofo, nascido em 1298, foi reitor da Universidade de Paris e teria cogitado uma espécie de impossibilidade de decisão, devida à paralisia de um ser que estivesse dividido entre motivações estritamente equivalentes, que se equilibrariam, um pouco à maneira de duas cordas que o puxassem de dois lados opostos, com duas forças idênticas, e que fariam com que ele ficasse absolutamente imóvel no ponto onde se encontrasse. Jean Buridan apresentou essa primeira versão da fábula do burro de Buridan. O burro tinha tanta sede como fome, e colocaram o animal a igual distância de um alqueire de aveia e de um balde de água. Não sabendo determinar se tinha mais fome que sede, o animal não foi capaz de decidir se devia comer ou beber em primeiro lugar. Ficou indiferente ao aprovisionamento proposto e morreu - de fome ou de sede, coisa coisa que a fábula não diz.

Retirem-se os ensinamentos.

HENRI PENA-RUIZ

[Lucrécia Bórgia]

Neste site anda a discutir-se muito determinado tema, ou é da minha vista? ou é da católica, da protestante ou da igreja baptista? Cá por mim, abstenho-me.

[josé antonio]

Lucrécia,
Nada disso, se há coisas que eu detesto são catalogações das pessoas.
Apenas se trata dum tema que foi iniciado com profundidade e isenção pelo Carlos Soares e que, ainda bem, duma forma sadia, que tem permitido a troca de pontos de vista àcerca do mesmo.
Tal só prova a liberdade de pensamento reinante neste site.
Abraço
José António