Figas de Saint Pierre de
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« em: Dezembro 20, 2011, 13:27:24 » |
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Boas contas faz o preto
Óptimo empresário. Como Midas, em tudo que tocava dava milhões de lucro. CaracterÃstica que se reflectia na produtividade familiar. Tinha contribuÃdo com cinco filhos para a riqueza da nação.
“Fino como o alhoâ€, as empresas sucediam-se, subordinadas ao seu lema de “Tempo é dinheiro†!
Muito disciplinado, ocupado em reuniões e em viagens, pouco tempo sobrava para conviver com os filhos, que ficavam ao cuidado da mãe, que deles tratava com amor e carinho, mas , chegados à idade escola,r eram “despachados†para os melhores colégios internos. Após o secundário, devido às boas notas (tinham a quem sair) iam para as melhores Universidades da Europa. Apesar, do pragmatismo da melhor da melhor educação para os filhos, a mãe cada vez mais sentia-se mais só, vendo o marido ausente quase permanente devido aos negócios. Os filhos, esses, só vinham casa nas férias grandes ou intercalares.
Os anos foram passando. Os filhos formados.Os pais mais velhos e alquebrados, até que chegou a altura do nosso empresário entregar a gestão das empresas aos filhos, mantendo a titularidade das mesmas, porém, recomendado sempre que “TEMPO É DINHEIROâ€. Com o desgosto da morte súbita de sua mulher, o empresário sofreu grandes depressões ficando, com comportamentos bipolares até que uma queda o levou a uma cadeira de rodas, numas das visitas ao túmulo da mulher onde ia muitas vezes e no regresso, antes de sair do cemitério, gostava de conversar com o coveiro.
Rodeado de empregadas e empregados, que lhe davam toda a assistência necessária, ia passando os dias, em sua casa, o melhor possÃvel, atento aos relatórios, apresentados pelos filhos sobre as empresas e ao sobe e desce das suas acções, mas as visitas que recebia eram só sobre negócios, porque não havia tempo a perder com a manutenção ou incremento dos afectos para com o pai. Um filho até sugeriu que a apresentação dos relatórios fosse por vÃdeo- conferência. Que não, dizia o velho. Que não havia nada melhor que o contacto pessoal e olhar de frente, olhos nos olhos. Todavia, ia-se apercebendo da indiferença afectiva dos filhos para com ele, sem falar nas noras, que raramente o visitavam, porque o achavam muito “chatinhoâ€
Em cada visita que recebia, tentava falar sobre outros aspectos da vida; sobre os netos, por exemplo, que raramente via, mas, quase sempre ouvia a frase “-Ó pai, tenho que embora e, como o pai diz, tempo é dinheiro. Espera-me uma importante reunião para um negócio importanteâ€. “Está bem. Tu é que sabes â€, respondia o pai, já com mais de 90 anos! Aos seus ouvidos iam-lhe chegando rumores de desavenças progressivas entre os seus descendentes, porque vendo a fortuna que iriam herdar, já andavam a armadilhar esquemas para, cada um ficar com o melhor naco possÃvel do património disponÃvel a herdar. Uma das vezes, aquando duma visita do filho mais velho, notou que ele estava um pouco alterado. -“Que foi?â€, perguntou. -“Nada, nada. Já passou†Certo é que tivera uma discussão com o irmão mais novo. Nada foi mais preciso, para o empresário juntar dois mais dois e chegar à conclusão de que após sua morte as coisas iriam azedar. Então, resolveu chamar o notário para fazer seu testamento, pondo certas regras.
O Notário, estava habituado à s mais estranhas disposições testamentárias, por isso, não estranhou que o testamento tivesse que ser lido em duas partes distintas. Se alguma dúvida tinha, ainda antes de fazer o testamento, o velho empresário ficou esclarecido, pois que, através dos empregados que tinha à sua volta, sabia que os filhos achavam que o pai estava cada vez mais xé xé e faziam grande esforço para o aturar nas visitas. Finalmente, aos 95 anos partiu para os grandes negócios no outro mundo, deixando os deste aos cuidados dos filhos, que chamados pelo notário para a audição do testamento, tomaram conhecimento de que um envelope seria entregue ao coveiro do cemitério, onde estava o jazigo de famÃlia e que ninguém seria deserdado, mas só passados 60 dias é que teriam conhecimento da parte do património a cada um atribuÃdo!
Ao sexagésimo primeiro dia, compareceram, novamente, perante o Notário, para saber, finalmente, das disposições finais. Ficaram surpreendidos ao serem convidados a entrar numa sala, onde iria ser projectado um vÃdeo, que mais não era que um filme feito sobre as idas dos filhos ao cemitério, para visitar as campas dos pais. O filme abria com a legenda “TEMPO É DINHEIRO†.
O coveiro, conforme as instruções recebidas, mediante uma câmara oculta, tinha feito a cobertura imagética de todas as visitas durante os sessenta dias!
Finalmente, preparados para ouvirem as quotas da fortuna a cada um atribuÃdo, ficaram a saber que quem mais visitas fez aos túmulos dos pais e quem mais tempo esteve no cemitério nesse perÃodo, ficariam com quarenta por cento da fortuna total a cada um, sendo os restantes vinte por cento divididos pelos outros três filho.†Fica assim demonstrado, na prática, que “TEMPO É DINHEIROâ€. Ganhou quem mais tempo investiu em nósâ€, dizia na parte final do seu testamento. ………………………………………………..xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx………………………………. Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo Gondomar
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