Alexa Wolf
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Sou uma menina traquinas, que gosta de escrever!
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« em: Fevereiro 09, 2012, 15:32:41 » |
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UM ANJO SOBRE MIM
Hoje lembro com ternura a primeira vez que te vi, a tua fisionomia, a tua voz à qual me deixo sempre embalar, o modo como gaguejavas e acentuavas o teu sotaque, devido ao nervosismo mas sempre, sempre olhando, quase me devorando com os teus olhos camaleões. Nesse dia deixaste no ar um calor, um desejo reprimido que nos inibiu ao beijo que se queria soltar. Desabafámos os dois à distância, quisemos abafar um amor proibido, mas esse cupido teimoso, quiçá zarolho, lançou a sua seta obrigando-nos a ceder ao seu capricho, ao seu feitiço, à sua loucura transformando-a exclusivamente só nossa. Sem me dar conta, os anos passaram, uns atrás dos outros, com altos e baixos como assim deve ser o amor, mas nunca caindo em rotinas, apenas extravagancias, sensualidades dignas do universo, momentos de candura, exclusivos, paixão, compreensão, dedicação e suporte nos tempos em que nem a saúde nem o dia-a-dia nos deram tréguas. Dizes que sou louca! Sim! Sou louca por ti! Quero que saibas… sou feliz! Apesar de não te ter eternamente ao meu lado, foste, és e serás sempre o responsável pelos desafios que aceito, pelas loucuras ardentes que cometemos, pela presença constante numa vida nem sempre fácil, mas que graças a ti, sobrevive, passa um dia de cada vez, ganha auto-estima e forças para continuar. Dizes-me que sou responsável pela tua libertação, pelo amor esquecido que amordaçaste no passado com uma trágica perda, que sou única, dona da tua liberdade e dos teus afectos, da tua atenção e até mesmo da tua vida. Quantos planos fizemos em busca de uma felicidade futura, quando na realidade, felizes já o somos, cada um à sua maneira, no seu tempo próprio, no nosso mundo secreto. Passámos por metamorfoses psicológicas sem nos apercebermos, subtilmente adaptámo-nos à existência um do outro, unindo mente e alma, sentimentos e emoções, corpo e prazer, tão perfeitos e protegidos como pérolas nas suas conchas protectoras. Quantas vezes me questiono o que teria eu feito para merecer algo tão perfeito, constante ao meu lado, constante até na distância que se interpõe quando menos esperamos, mas teima em ficar junto de mim como um espÃrito invisÃvel, um personagem mágico do mundo da fantasia, uma transparência, uma invisibilidade mesmo que sem ser observada, é sentida profundamente. Bebo as palavras doces que me escreves secretamente e me presenteias quando não estás presente, sinto-as na pele, no mais profundo Ãntimo do meu ser, calando a saudade, matando a solidão, alimentando o meu ego e o meu coração. Suspiro constantemente como uma adolescente enamorada, sonhando acordada, perdendo-me no tempo, inocentemente imaginando como seria se aqui estivesses. Chegou o correio! Traz-me uma carta tua… Ai, o meu coração disparou, tento disfarçar o nervosismo, a ansiedade e rasgar o envelope neste preciso momento. Estou ávida, louca para ler o que tens para me dizer, mas aguento o impulso, fecho a porta atrás de mim e deixo as pernas perderem as forças, sentando-me no chão frio, rasgando sem compaixão o envelope e devorando cada letra tua manuscrita.
“No teu olharâ€
''No teu olhar, Na minha paixão por ti, No amor que me deste, No amor que tenho por ti, Tantos versos que te escrevi, Que nunca te enviei, Tantas cartas de amor! Tantos anseios reprimidos, Tantos sonhos perdidos, Escuta-me, amor! Os sentimentos que sinto, Dentro do meu peito, Por ti, São formas de libertar-me, São formas de eu sonhar, Contigo ao pé de mim.''
JL
E agora? Leio e releio centenas de vezes, decoro cada palavra cada virgula, derramando algumas lágrimas sem saber se de tristeza pela tua ausência, se tamanha demonstração de amor, carinho e paixão. Vou perder o dia inteiro, quero mergulhar nesta tua melodia, neste conforto inesperado com que me brindaste e na doçura do teu gesto simbólico, nesta carta de amor em forma de verso. Anseio pela tua presença… como daria anos e anos da minha vida para poder estalar os dedos e trazer-te por magia, neste preciso momento para perto de mim. Raios… tocam à campainha! Quem será o monstro que se atreve a importunar-me a meio do meu pensamento, a meio do meu sonho abraçado nesta linda canção de embalar dos meus doces pensamentos mais profundos? Abro a porta com maus modos, exaltando a minha fúria, não é justo! É o espanto, é o medo e o desespero! Estou a ser raptada… quero espernear e gritar, jamais me deixarei levar assim, ainda tenho tanto para viver contigo meu amor… vou lutar! Monstros… amarraram-me a uma cama, seminua, vendada… ai amor, quero que saibas que aconteça o que acontecer, serei sempre tua e não partirei em vão. Acredita! Vá para onde for velarei por ti, sentirás a minha presença como uma fresca brisa, num dia soalheiro de Verão. Tocam-me nos cabelos, no rosto de uma forma peculiarmente reconhecida… beijam-me o pescoço com um calor caracterÃstico, uma suavidade como só os teus lábios têm… És tu! Reconheço cada pormenor, o toque das tuas mãos, o calor da tua boca, o serpentear do teu corpo, o ritmo carinhoso e a explosão inebriante descaradamente só tua. Sou levada de novo ao meu destino tal como me trouxeram, já não luto… já não resisto… já não digo nada! Cheguei a casa! Que descuidada… deixei a carta pelo chão! Está fechada? Como é possÃvel? É outra! Faltam-me novamente as forças, as pernas bamboleiam e deixo-me cair no chão lentamente, roçando as costas pela parede. Os meus olhos enchem-se de lágrimas cobertas de emoção e ternura…
“Esta carta de amor...
Escrevo-te esta carta, de amor, com amor, Com a saliva de minha boca, com desejo por ti, No pedaço de teu corpo nu, Desejoso do meu e de ser tocado, Por ti meu amor, E eu, de tocar o teu, num ritmo, Lento de quem pensa e escreve, diz e sente, Um poema de amor entre nós, Escrevo-te estas palavras, Com a vontade que um homem tem, De ser amado por aquilo que é, Pelo seu amor, Com a vontade de trocar-mos os dois, Em segredo e num momento só nosso, Os desejos do nosso amor, Aquele amor que nos une e nos deixa caÃdos um pelo outro, Escrevo-te esta carta de amor, Simples e singela com uma vontade, Muito grande e pura de te amar Num amor sincero e natural, Como aquele que cresceu, Nasceu dentro de mim e que sinto por ti Um amor de união, de amizade, De companheirismo, de luta de coragem, Um amor num olhar doce entre nós, Os dois a sós, CaÃdos nos braços um do outro, Um beijo doce molhado, Apaixonado e de amor, Para ti meu lindo amor.
Derreti… não me levanto mais! Sou pote de mel a transbordar de felicidade. Ai que susto! Maldito telefone! Que hora mais ingrata para me telefonarem…
- Olá meu amor! Liguei para perguntar se sabes que dia é hoje? - Sim meu querido, é o dia dos namorados, dia de S. Valentim! - E tiveste alguma prenda especial? - Ai se tive, a mais preciosa de todas! - E que tesouro foi esse? - Para grande surpresa minha… UM ANJO SOBRE MIM!
Acho que me deixei levar pelas emoções e prolonguei esta minha carta de amor, acabadinha de escrever, sem pensar nos erros, nos tempos devidos, nos verbos conjugados… mas amor, é com amor, tremenda paixão, louco desejo que ao fim de uma década ainda sinto por ti. Não sabia o que te oferecer neste dia, queria algo especial e não os tradicionais ursos de peluche ou caixinhas de bombons em forma de corações, já tão batidos e nada surpreendentes… Sei que vais sonhar comigo! Também vais ler esta carta escrita, durante o dia inteiro, saboreando cada palavra minha, ao pormenor de cada situação descrita. Já somos velhotes meu amor, a vida ensinou-nos a honrar o nosso compromisso, porque ao longo dela a sabedoria nos segredou que:
NAMORAR É PRECISO!
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