SEM SOCORRO

[Marília]

SEM SOCORRO
Marília L. Paixão

Desligar a sede do pensamento
Desligar o horário em que chove no céu
Desligar a dor de não possuir o anel que tu me destes
Mas já desliguei-me das vestes
Das ruas
Das falsas curas
Não me desliguei do sabor da pele tua
Do olfato
Das folhas de orvalho
E sequer do vento que levou a prova de amor
Onde esclarecia
Que por onde andava
Não saltava as linhas
De nenhuma batida cardíaca
De cada palavra boa ou má
Enquanto não se sabe bem por que remar
Ou outra forma de se salvar do mar bravio


Quanto às palavras...
For you elas morreriam se não existisse amor
Deve ser por tanto existirem que brilham até em céu lacrimejante
Que me disfarçam de lagartixa, coruja ou qualquer ser rastejante
Poderia ser uma rã, uma espiã ou uma revoltada
Mas asperezas de palavras me serviriam de nada
Sequer para esconder o que tanto sinto
E pressinto que o caderno novo não bastará
E serviria para pessoas que adoram ler almas soletradas
Pessoas que possuem a poesia da estrada
Da calçada
Dos terreiros
Pessoas que vivem de deixar escorrer poesias pelos dedos
Enquanto fazem arte e se espelham no chão que derramou

Talvez elas quando elogiam um dos meus coloridos versos de contentamento ou dor
Me deixam a pensar que pelo chão derramado deles e delas
Qualquer verso meu
É uma poeira que vai pousar no calçado que usa
O poeta derramador de diamantes e flores
Ah! Eu...
Vivo só sonhando com meus amores
E não me importo onde caio
Ou quando será meu próximo vôo
Minhas palavras eu mesmo sustento
Por elas, eu mesmo morro.

[Goreti Dias]

Você é "poeta derramador de diamantes e flores"
Continue nos polvilhando com eles!
Bj

[anamarques]

Um dos seus melhores poemas, Marília. Isto é poesia profunda. Pura. Mais pura que ouro ou diamante. ÉS uma grande poeta!

[Marília]

Tento ir  melhorando a medida que vou lendo meus amigos portugueses..rs.rs...

[anamarques]

ahahahahahahah! Adoro o teu sentido de humor!