CAMPISTA CABRAL
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Escritor, poeta, documentarista e roteirista.
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« em: Agosto 18, 2020, 19:29:41 » |
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Há uma linha que sempre existiu e que, pensava eu, não deixaria nunca de ser a nossa referência enquanto civilização, humanidade, decência, espÃrito público, entre tantos valores importantes para uma sociedade.
Entretanto, a linha parece quase rompida...
Esta linha separa ou separava a razão da loucura, o bom senso da estupidez...
O que melancolicamente constato é que a sociedade está doente como jamais visto em nossa história! Como disse em outras crônicas, o homem medieval, no meio da sua grande ignorância, tinha a seu favor um contexto histórico que explicava tempos tão sombrios.
No século XXI, o tempo das máquinas autônomas e telas insinuantes, a linha tem sido ultrapassada com certa frequência e, espantosamente, visto como algo normal, banal, comum...
O ser humano deste novo século, com muito mais informação e tecnologias variadas age como se estivesse em outra época, a Idade Média!
E, como sabemos, pela lógica e pela razão das coisas, dos sentimentos e das criaturas, é inadmissÃvel agir como vemos hoje.
A linha parece não mais existir ou com a desfaçatez dos que não possuem caráter algum é ignorada solenemente!
Quando ultrapassamos esta linha, deixamos nossa humanidade.
Quando ultrapassamos esta linha, nos perdemos de nós mesmos.
Quando ultrapassamos esta linha, somos guiados pelo ódio, pela selvageria, pela barbárie.
E nisto reside nosso drama pós-moderno: a banalização da barbárie. O espetáculo da barbárie!
E esta mesma banalização está em vários discursos, sobretudo nas redes sociais (cada vez mais tóxicas).
A estupidez tem norteado ações e palavras de muitas pessoas. E, de forma constante, o diálogo é deixado de lado. O que importa é a voz mais alta e não a razão. O grito, o murro, o tapa, a raiva e o olhar duro e violento aparecem como a única resposta!
E assim, vamos ultrapassando a linha mais e mais.
E a estupidez, irmã irascÃvel da morte, vai encaminhando milhares e milhares de homens e mulheres para uma cegueira bruta e incorrigÃvel.
E mais e mais gente ultrapassa a linha e acha que tudo é normal!
E mais e mais gente ultrapassa a linha e aponta o dedo julgando e condenando!
E mais e mais gente ultrapassa a linha, agarra uma pedra e se prepara para jogá-la com determinação. A determinação dos imbecis!
Este o drama! Este o cenário! Este o nosso tempo!
O que mais virá quando esta linha deixar mesmo de existir?
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