pedrojorge
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« em: Setembro 28, 2007, 19:55:37 » |
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Abomino-te, detesto-te, menosprezo-te! Quem quer que me leia! Muito poucos que são! Penso que odeio! Eu não penso! Tão-só repudio! A flor brilha, ao alvorecer, infestada na maresia era cristalina. Nenhum indÃcio de mágoas, era Abril. Ninguém me lê e por isso mal desejo a quem lê! Esse que me lê, que me aguardará até ao dia do meu fim! Esconjuro! Porque ninguém me lê? Plicas de papiro desfazem existências. Sobeja uma floresta, uma história análoga a outras. O matagal, pinhas, musgo, pinheiros e erva ruim eram um quinhão do labirinto. O remanescente ninguém cismava, não podia ser alcovitado nas portas da Igreja, no Ãntimo do cabresto há falta de classificação, aquelas frases feitas são isso mesmo, vindas de há séculos, de bocas de lÃnguas sujas, na altura de desÃgnio criativo. Já não sou lido! Nada, nem alguém me lê! Não sei apregoar, muito menos sei escrever, sou um iletrado, há sempre quem saiba melhor do que eu o que é o melhor para mim. Visto isto basta-me comprar uma tshirt que subscreva no quotidiano o meu nome, por aà andarei eu de rua em rua, alçando as calças na sequência do deambular. No meio disto não haverei de me desculpar pela minha escrita miserável, pela falta de criatividade e erros constantes de sintaxe e ortográficos, a culpa não é minha! O senhor da esquina do outro lado da avenida disse “não faça da cidade uma esquinaâ€, eu passava e cuspia no chão, desafiando-o com as escaldadelas nos braços — Já me leu? — Q sêntid tien tissot? — Já meu leu? Por louvor ao santo senhor que não existe, não oiço perfeitamente, pode responder com clareza? — ï›â˜»â™£á»‡áº„Ỷắ! — Só o consegui ouvir na primeira vez, com esse seu aviso! Agora, espero que saiba Kick Boxe, Muay Thai, Krav Maga, Kung Fu, Jiu-Jitsu, ou o raio que o parta, posso não saber escrever, mas pressinto que ainda sou capaz de me debater consigo. Não sei escrever mesmo, porque não explico nada da minha realidade, falta de expressão, pertenço eu ao expressionismo assim? Eu, eu não sei escrever! E odeio quem me lê! A menina da floresta era lÃmpida, tinha uma inteligência fora do vulgar, crescera a respirar ares que toleravam obsessões, depressões, psicoses de quaisquer tipos. Faces campinas, usava um vestido florido, era Abril. Se a tivessem ensinado a escrever jamais ficaria com este problema, o de não saber escrever! Para quê amar quem me lê se não existe? Requer uma resposta %paravida%. Amorteçamos, nós que não me lêem, se pudesse estribar tudo, aquele senhor nunca me tinha desafiado, do outro lado da avenida. Oh, era o meu reflexo numa vitrina, afinal oiço dentro dos limites da normalidade, a sua voz não era mais que a balbúrdia do pessoal da joalharia ao lado, do que a menina numa floresta, a olhar enquanto o filme se tornava bicromático e as folhas das árvores estremeciam, estaladiças, a afastar-se gradualmente, até que se visse a mata rasteira, vista do espaço sideral.
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