carlossoares
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« em: Janeiro 25, 2023, 00:26:16 » |
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Todo o discurso belicista, todo o discurso acerca das guerras e dos heróis está por demais dominado por eufemismos insuportavelmente branqueadores da violência extrema perpetrada por monstros assassinos e demolidores que não deixam outra saída que não seja enfrentá-los até onde for necessário, com todos os meios que forem necessários para os vencer, porque não é de paz que se está a falar, é de ignomínia sem qualificação e sem perdão, crimes reiterados a uma escala inimaginável, com uma frieza e uma desfaçatez de tal ordem que a paz deixa de fazer sentido e não passa de mais um eufemismo dilacerante, porque, enquanto formos vivos, depois desta violência que estão a perpetrar contra nós, nunca mais teremos paz, e eles sabem disso. A guerra é tão horrenda e imperdoável que faz a paz perder sentido e a morte dar sentido à vida, enquanto houver criminosos para levar à justiça, esse triunfo, que é necessário, e do qual eles jamais se vangloriarão. O ideal seria consegui-lo sem armas, que eles se submetessem voluntariamente à justiça e assumissem as responsabilidades, patrimoniais, morais, históricas, humanas... Mas o mais provável é que a humanidade vá passar as próximas décadas a trabalhar para capturar os que ainda forem vivos, quiçá sem remorsos e disfarçados de benfeitores, na esperança, talvez vã, de obrigar alguém a ressarcir o que for possível, porque, quanto ao irremediável, o diabo ficará a rir às gargalhadas, para a eternidade.
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