Nação Valente
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« em: Fevereiro 25, 2023, 19:46:40 » |
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Viajantes do tempo II
Pai, o que é a guerra? (Em diálogos improváveis)
- Pai, o que é a guerra? - Neste planeta arcaico é o uso da força para conseguir mais bens materiais. - Mas esses bens não são comuns a todos eles? - Não. Filho, a guerra está na génese desta civilização e faz parte da natureza do que dela resultou, o “homostultusâ€, (estúpido) mas autoconhecido como “sapiensâ€. A sua história é longa na sua noção de tempo, mas reduz-se a esta ideia: satisfação da gula, e do sexo, expresso no poder e na riqueza. - E sempre assim foi? - Desde que saiu da sobrevivência natural, e começou a acumular. A luta pelos “domÃnios†diversos, tem sido o motor evolutivo deste planeta. De pequenas lutas tribais, a lutas entre paÃses, impérios, civilizações, tudo pautado por acumulação da riqueza. - Mas pai e a evolução das mentalidades? - Claro que evoluÃram. Pensadores mais avançados conseguiram introduzir comportamentos menos bárbaros, e que permitiram criar regras que deram azo ao que chamam valores humanistas, mas que não alteraram a natureza original. - E por que não seguiram a nossa evolução? - Não consigo explicar. Talvez estejam numa fase ainda muito primária. Talvez tenham tido origens diferentes. - E pai, não podemos fazer nada para os modificar? - TerÃamos que os confrontar e gerarÃamos guerra no universo, o que não está na nossa natureza. Embora tenha havido e haja, gente humana que evoluiu no sentido do pacifismo, da solidariedade, da generosidade, são a gota submergida pela onda. - Vão entrar continuar a matar-se? - Lamento, filho, mas será assim. Houve ainda quem tentasse criar um “modus vivendus†possÃvel, para atenuar a tendência suicida depois de grandes guerras, e conseguiu-o por algum tempo com a ilusão que seria para sempre. Não resultou. A guerra que hoje estamos a observar mostra isso. - Mas não perceberam que violência gera violência? - Com certeza que perceberam. A ambição sem limites, o poder total, a escravatura assumida ou disfarçada, o apego ilimitado a bens materiais, o domÃnio territorial, para ter mais riqueza, a vã glória do poder, tolda o raciocÃnio. E então pai, para onde caminham? - Para já para a morte desnecessária, para a destruição do que tanto custou a construir. A cegueira do poder, não deixa discernir, não respeita a vida. E nesse aspecto nada mudou. Para onde caminham não sei, mas autodestruição, é uma hipótese. - Já que não podemos interferir, pai, temos de continuar a nossa viagem. Vamos? - Obrigado filho por me chamares. Hoje não ouvi o despertador. Estava embrenhado num pesadelo. Ainda bem que são apenas reflexos da realidade
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