Nação Valente
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outono
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« em: Maio 30, 2024, 19:09:34 » |
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E tudo o vento levou
Quando as armas se calaram o império estava destruÃdo. Por cima das cinzas começou a reconstrução. Inimigos recentes deram as mãos e prometeram um mundo novo. Um mundo de paz de harmonia, de cooperação. Ano após ano, década após década, renasceu a esperança, sob o lema da unidade e sob a égide da deusa Europa. Apenas uma ligeira brisa de leste perturbava, de quando em vez, a longa marcha para o progresso. Mas um muro separava as águas e mantinha seguro o rumo traçado com convicção e inteligência. A utopia parecia realizável.
Um tornado anunciado, que começou nas estepes, varreu o império de leste e derrubou a pesada cortina de ferro. O império ocidental rejubilou. Agora era possÃvel unir os dois impérios, do Atlântico aos Urais e concretizar o paraÃso de um mundo de justiça e de bem estar. Uma a uma, por vontade própria, as nações foram aderindo ao projecto da grande Europa.
De um dia para o outro, começou o pesadelo. Os homens da reconstrução, calejados pela longa experiência de um apocalipse, deram lugar a uma nova geração de gente sem referências históricas. Filhos de uma prosperidade dolorosa, que não construÃram, sem recordação da guerra e da fome, foram presas fáceis dos demónios do individualismo selvagem. Do salve-se quem puder. Da lei do mais forte. Deitaram, sem remorso, para trás das costas, décadas de esperança, de solidariedade, de união de povos e culturas. Ressuscitaram das cinzas, ódios, xenofobias, racismos. Para estes próceres da desgraça, saÃdos da prosperidade embora imperfeita que não construÃram, querem destruÃ-la, aproveitando-se das imperfeições da democracia.
Isto já corre mal e se não for travado correrá ainda pior. O sonho da grande Europa, de paz e sem fronteiras, está a tornar-se num pesadelo. A apatia dos povos, a mentalidade do "amanhã penso nisso", levará a uma nova saga de "tudo o vento levou". Escrito com letras de sangue. A voz das armas caladas durante décadas, voltou a fazer-se ouvir, acima de vozes sensatas. O pior da natureza humana, a bestialidade, aproveita-se da ingenuidade dos povos, para impor a sua verdade.
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