Antonio
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« em: Maio 04, 2008, 12:04:35 » |
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Enquanto todos saÃam, o Morais fez um sinal ao Paulo. Este ficou para trás e o mais velho disse-lhe: - Vou precisar da sua ajuda por causa do rapto do Tiago. Alinha? O jovem pensou um pouco e disse: - Em princÃpio, sim! Mas queria saber que tipo de ajuda. - Então diga-me o número do seu telemóvel, por favor. Logo à tarde vamos combinar um encontro para falar sobre o assunto. O moço ditou e o António escreveu. - Então bom apetite, Paulo! – despediu-se o “detective†– E não fale nisto a ninguém. - Esteja descansado! Eu percebo que é uma situação que tem de ser tratada de forma muito discreta. Até logo! – respondeu o jovem, já excitado com a hipótese de ter uma aventura diferente do normal. Eram umas quatro horas da tarde e o sol espreitava de vez em quando por entre as nuvens que ameaçavam chuva. O Paulo Nogueira recebeu uma mensagem: “Posso passar por sua casa logo à s 21 para o apanhar?†E escreveu: “Sim. E vamos aonde?†A resposta foi: “Minha casa. Depois levo-o de volta. Diga-me seu endereço†E o empregado da agência de viagens rematou: “Combinado! Rua D. Manuel I, 110 1º Dtºâ€
Pouco passava das nove da noite e o Morais estacionou junto do prédio onde vivia o rapaz. Saiu e tocou à campainha. Pelo intercomunicador ouviu: - Quem é? - António Morais para o Paulo. - Um momento, por favor. Logo de seguida outra voz disse: - Já vou descer. E em menos de quinze minutos estavam junto da casa do ex-bancário que enriquecera à custa da herança dos pais e de um tio rico e solteirão que tinham falecido. - Quieto, Valente! – disse o anfitrião ao mesmo tempo que segurava um belo exemplar de boxer. Dentro da moradia, o Morais apresentou o jovem à esposa: - Este é o Paulo Nogueira que é também um fanático da literatura policial – mentiu o António. - Pobre de si! Vai apanhar uma seca do meu marido – disse, sorrindo, a Anabela Leitão. E concluiu: - Prazer em conhecê-lo. - Obrigado e igualmente – correspondeu o moço. E a mulher informou virando-se para o companheiro, pois viviam maritalmente embora fossem ambos divorciados: - Vou deixar-vos à vontade! Hoje houve muito trabalho no salão e depois de fazer umas arrumações vou-me deitar. - Está bem, Bela! Eu depois vou levar o Paulo a casa. O Rui está cá? – quis saber o homem. - Não! Já saiu! Boa noite! - Boa noite! – respondeu o convidado. - Até logo! – retorquiu o anfitrião. Dirigiram-se para um escritório e o dono da casa falou: - A Anabela é proprietária de um salão de cabeleireira. Podia não trabalhar e limitar-se a dar ordens. Mas gosta de o fazer. O Rui Manuel é filho do primeiro casamento da minha mulher. Eu também sou divorciado mas não tenho filhos. E continuou: - Mas isto foi só um intróito para conhecer a minha famÃlia. Vamos agora ao assunto. - Estou pronto! – disse o rapaz. - Eu gosto muito de investigação policial e leio não só romances mas tudo o que diz respeito a casos reais que me vem parar à s mãos e ainda livros sobre teorias da investigação. Acontece que, depois do rapto do Tiago, achei que tinha uma boa oportunidade para tentar descobrir quem são os autores do crime. Não há grandes pistas mas, alguma coisa que não lhe digo por agora me fez seguir uma linha de investigação relacionada com os conhecimentos do seu colega Eurico Pereira. Por isso lhe perguntei se ele tinha alguma mulher. Pelos vistos é amante da Sandra, à s escondidas. Também verifiquei, como pôde ouvir, que ela tem um irmão que trabalha numa imobiliária. Mas preciso de saber mais sobre a famÃlia da Sandra e do irmão. Onde vivem, onde trabalham, viaturas que tem, namoradas, etc. O mais possÃvel! - Está bem! Assim de repente não lhe posso dizer muito. Sei que a Sandra tem vinte e sete anos, vive com os pais e tem um só irmão, o Bruno. Começou a trabalhar na agência cerca de um ano após a abertura, tinha só dezoito, salvo erro. Mas posso confirmar. Antes dela, só os patrões e o Eurico. Sobre o Bruno sei que tem vinte e nove anos, trabalha numa imobiliária, tem um Volkswagen Polo preto e namora com uma tal Sónia que é empregada de balcão numa loja de pronto-a-vestir. Penso que nenhum deles é rico. Vivem até com algumas dificuldades – dissertou o Paulo. O Morais tomou apontamentos e depois disse: - Muito bem! De qualquer modo, quando souber mais alguma coisa comunique comigo, está bem? - Com certeza, senhor Morais! Até já me sinto o Dr. Watson – e deu uma pequena gargalhada. - Ah! Se souber de alguém que possa ser inimigo do Sr. Campelo diga-me, também. - Já ouvi uns nomes: lembro-me de Homero e de Tavares. Penso que há mais, mas o Homero tem-lhe um ódio de morte. O próprio Eurico já falou nisso. A conversa prolongou-se durante mais algum tempo e depois o mais velho foi levar o rapaz a casa.
A essa mesma hora já os dois raptores tinham entrado na cabana onde haviam sequestrado o petiz e, usando de todos os cuidados da véspera, o que demonstrava que tinham pensado com detalhe a operação, preparavam-se para sair. - Vamos lá embora! Parece que está tudo feito por esta noite. Só falta apagar o candeeiro – disse o que, desde o começo, fora o único a falar. - Já estou a ir! – respondeu uma voz feminina. Os criminosos nem deram pela falha, mas o rapazito notou e, quando ficou sozinho, disse para consigo: - São dois! Um homem e uma mulher e tem um Polo preto.
(escrito em 21 de Outubro de 2007)
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