Rio Perdido

[elvira]

Rio perdido
(ao Rio Tinto)

E a história começa,
como outra qualquer história,
numa nascente pura a correr
em orgulhoso e abundante leito,
que nem guerras ancestrais
impediam no mar ser desfeito.
Mas não basta cavalgar no tempo
ou na memória, nem contar
histórias em voz rouca, pois agora
é o tempo de dizer que ainda sonhas com o tempo
de peixe e roupa lavados por mãos brancas,
mesmo que te tenham enterrado em canos frios,
e o caramanchão já não floresça com igual
perfume, nem a suavidade do vento já não
faça dançar em rodopios as bolas de sabão
quando branquejavam arrifanas,
enquanto as mós iam moendo
o pão de muitas vidas.
Tua transparência às nossas mãos
e intestinos foi morta e com esse destino
se fez o retrato do homem nascido
carcereiro da herança, algoz do teu grito vivo,
da história que deu nome à cidade.
E assim perante a desigualdade transparência
opacidade intestinal calou-se teu canto
de rio perdido.

[Goreti Dias]

Uma bela homenagem à tua terra!

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Tua transparência às nossas mãos
e intestinos foi morta e com esse destino
se fez o retrato do homem nascido
carcereiro da herança, algoz do teu grito vivo,
da história que deu nome à cidade.
E assim perante a desigualdade transparência
opacidade intestinal calou-se teu canto
de rio perdido.

Elvira, que bonito lembrar assim de um rio que hoje anda escondido sob destruição.
Também lamento a morte da minha bela e transparente lagoa. Hoje não há nem dez por cento do que existia e não se enxerga mais um centímetro sequer abaixo da superfície.

Abraço fraterno e um Feliz Sábado

Oswaldo