antónio paiva
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« em: Agosto 25, 2008, 21:16:08 » |
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Os que me ignoram, só me facilitam a existência, fazem de mim uma pessoa ainda mais independente. Existo na clareza das sÃlabas, a errar pelos mesmos motivos de muitos outros. Não escrevo no intuito de alimentar a fé seja lá de quem for. Em muitos momentos tiro fotografias para poder chorar mais tarde. Há acontecimentos que não se conciliam com as lágrimas. Por isso em paralelo com o dia-a-dia, armazeno fragmentos, uma espécie de margens da sobrevivência. E deslizo nos parágrafos. O tumulto de ideias, amiúde impede a vida com clareza. São factos, actos, flutuações do espÃrito. Triunfos ocasionais impedem-me de ficar ensimesmado. Provocam quebras no tempo, e evitam a afeição ao vazio. Para quem escreve, há uma angústia que advém da incerteza do encontro com a palavra. Lembro-me frequentemente daqueles, para quem possuir corpo, não foi mais do que, um mero e precário acaso, no exercÃcio da profissão do amor. Desconheço no entanto, quantos personagens encarnaram, alienando a própria carne. Atrevo-me a pensar, que no seu entendimento, carne nada tem de relevante. Certamente um exercÃcio de equilÃbrios, no limite do ser. No entanto o interior estará por certo repleto de fissuras. Todas elas capazes de dividir uma alma. Quem se atreverá a julgar; ninguém merece tanta culpa. Facilmente os dedos apontam o rosto da oferta, já as mãos escondem o rosto dos que a aceitam.
Uma verdade para o ser; carece da pronúncia de todas as sÃlabas do pensamento.
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