Valdevinoxis
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« em: Setembro 01, 2008, 18:12:35 » |
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"Snobs" ou, talvez, âsnobesâ... inglesismo para narizes empinados que, tambĂ©m se pode dizer, Ă© gĂria para quem trata os outros com desdĂ©m. Conheci, no outro dia, um indivĂduo que se imaginava superior. VĂĄ-se lĂĄ saber porquĂȘ! Um borra-botas sem eira nem beira e, veja-se sĂł, armado em senhor. Vestia o Ășnico fato que tinha, com um corte jĂĄ muito fora de moda, muito "assetentalhado"... calças Ă boca de sino, cinto preto com uma fivela americana, camisa branca de colarinhos ponteagudos bem puxados e um casaco com duas rachas atrĂĄs e abas arredondadas. O tĂpico bimbo de patilhas suĂças a colar, quase, ao farfalhudo bigode. Mas, apesar da figura, o tratante, tinha-se em conta elevada e fazia questĂŁo de se fazer notar ao mundo, ornando com ares de nobre, a sua figura plebeu aburguesado. Em certo dia, travou-se de razĂ”es com o empregado do cafĂ©... um tipo brejeiro e fresco que tinha o cĂ©rebro na ponta de uma proverbial lĂngua afiada. A conversa foi alĂ©m dos impropĂ©rios desregrados e, no desalinho, Ă s duas por trĂȘs, o serviçal farto de ser enxovalhado por aquele estalar de dedos desdenhoso e cĂnico do pretenso Dom, abeirou-se da personagem e chamou-o Ă razĂŁo. Sem grandes delongas assentou-lhe um soco directo na boca do estĂŽmago. O indivĂduo enrubesceu e, inflando as bochechas, sentou-se pesadamente escorregando pela cadeira da esplanada num jeito quase derretido. Acocorou-se sobre os joelhos. Enrolou-se, agarrado aos tornozelos enquanto cerrava os dentes e criava relevos na testa, jĂĄ mais do que roxa. Que soco! Se o olhar matasse, o dele, naquele momento, seria letal. Um misto de sofrimento com uma raiva descabida, raiava-lhe de vermelho o branco dos olhos e, num jeito enviesado, cuspia desejos de morte em todas as direcçÔes. Riam-se os mortais, os animais, a ralĂ©. JĂĄ nĂŁo hĂĄ respeito pelos eleitos deste mundo. EstĂĄ tudo perdido. Nunca se tinha visto, em toda a histĂłria, um soco tĂŁo efectivo e com um resultado tĂŁo marcado. O empregado do cafĂ©, deitou-lhe um olhar triunfante, levantando o queixo e inspirando com tanta força, que mais parecia querer sugar todo ar do mundo. Numa meia volta de costas direitas, Ă laia de âolĂ©â, virou-se e seguiu para dentro, onde toda a gente o olhava com um misto de incredulidade e admiração... passou triunfante entre a mol que o chegou a vitoriar com umas palmadinhas nas costas e alguns, muitos, sorrisos velados. Ferido de morte no orgulho, o indivĂduo, a custo, lĂĄ se foi pondo de joelhos e, apoiado numa das mĂŁos, tentou levantar-se. Que dor! A da dignidade achincalhada era a maior. Ai que dor! Alguns dias depois, voltou a acontecer tudo de novo. A pose estava-lhe na massa e, pior do que um vĂcio, nĂŁo a evitava. Enfim...! Valdevinoxis
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