Duas versões para a mesma história. Uma história como tantas outras, que nasceu no mundo virtual e que foi sendo alimentada ao longo de muito tempo, de palavras e emoções, de cumplicidades, de gestos carinhosos e beijos simbolizados através de "emoticons" que mexiam, mas não se tocavam na pele, ficando por isso um certo vazio e ao mesmo tempo um desejo imenso de conhecer o outro. Aquele que lá estava todos os dias, mais ou menos à mesma hora e com quem desabafava tudo o que me atormentava a alma, com quem ria ou quase chorava... com quem vibrava a cada novo dia... ali, do outro lado do ecrã...
Até que um dia...
A versão dela:
A hora aproximava-se e ela estava inquieta. Olhou para o relógio, sete da tarde em ponto. E o telefone que não tocava...
Mais alguns minutos... e... por fim tocou!
_Olá! Sou eu... cheguei!
_Olá! Onde estás?
_Aqui, ao pé de um banco, na rua x.
_OK. Vou a caminho...
No curto trajecto que a separava daquele estranho, um monte de duvidas assaltaram-lhe o pensamento...
Será que o vou encontrar? Como estará vestido? Será que vai gostar da minha figura? Como o irei cumprimentar... dois beijos na face, ou um só? E agora? Que faço? Já não posso voltar atrás, é tarde demais...
Mas que estranha atracção era aquela, por um desconhecido?
Afinal, tanta coisa já tinha sido dita,tanto segredo partilhado, tanta cumplicidade se criou, que parecia conhecerem-se desde sempre.
E tudo isso, graças a uma máquina maravilhosa, uma máquina que mexe com as emoções das pessoas... que alguém baptizou de "computador".
Seguiu em passos apressados e cambaleantes tal era a ansiedade daquele encontro, que se tinha tornado tão urgente!!
Um ano depois... recordo com a mesma emoção!
A versão dele:
Após 45 minutos de viagem, imaginando palavras para um possÃvel dialogo, ele chegou!
Eram quase 7 e meia e ele estava de volta a um sitio que conhecera anos antes em trabalho sem nunca imaginar a sua existência ali tão perto e que ali voltaria, muito menos por este motivo. Pegou no telemóvel e procurou o numero... começou a chamar... e foi atendido.
- Olá! Sou eu... cheguei!
- Olá! Onde estás?
- Aqui, ao pé de um banco, na rua x.
- OK. Vou a caminho...
Enquanto esperava varios pensamentos o invadiram. Será que foi aqui que ela disse para esperar? Como virá vestida? Que será que vai achar de mim? Como a vou cumprimentar... com dois beijos, ou só um? Será que vai demorar?
Acendeu um cigarro enquanto tentava acalmar a ansiedade que sentia, mantendo-se em constantes percursos de dois passos... não conseguia sossegar! Mas, por outro lado, todas as palavras que tinham trocado davam-lhe uma certa segurança.
E foi andando nos seus cÃrculos, pensando, imaginando, fumando e olhando muito rápido sempre que alguém saia detrás daquela parede.
Até que...
Um ano depois, aqui...
http://sopro-da-alma.blogspot.com/2007/03/um-ano-depois.htmlPodia muito bem ser apenas mais uma história inventada, mas não... a história é a minha!
