vitor
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Olá amigos.
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« em: Setembro 24, 2008, 20:47:29 » |
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Sobrancerias intrínsecadas, como tudo por que garantidamente passamos, seguimos, sabes que sim, dispersos, ainda que sem intenção, entregues à liberdade dos nossos movimentos, à nostalgia dos nossos sonhos, requisitados quase sempre, pelos desígnios silenciosos dos nossos passos que nos encharcam voluntariamente, afogam-se em nós outros sonhos. E as têmporas da noite, restos embarcados nas ondas do vento, repteis e voláteis talvez, sobranceiros e empolados, roscas e alegria girando os castelos das nossas orlas embranquecidas pelo desejo silencioso à porta do pensamento, pelos comboios desta terra e terras desta gente, suplantaremos estas viagens mesmo derretendo a pele, interiorizando a vida, reflectindo como cascatas, ondas dum mar que ali dormindo, como nós, suaviza entre um ruído quase nenhum, discursa também restos da sua vida. Como um navio selvagem, restos da aventura, gritos e sorrisos do teu corpo, ali, suado, como que espremendo-se, sob o sol, canta, a voz salpica, suplica, dita, recita, ao longe, num distante talvez, para além das mãos, dos sentimentos, resumidos os momentos, a viagem sórdida, casta, fervilhando sobre os carris o comboio azul que ruma sei lá como, nem mais, nem para onde, se para parte nenhuma, ou que passageiros mais, além de ti, tal viagem novamente Entre-Os-Rios ou da ponte colorida, a norte encarniçada pelo sol que dorme sobre ela, onde refutam sonhos, alienações, vertigens, sobe então e segue, sê mais que passageira e sendo tu, a viagem desse comboio compartilha a imensidão do mundo, o resto dos que ainda choram, dos que emparedados buscam sem que saibam como, os retratos do resto do mundo, onde visionem sem delírios o mergulho em qualquer agua das ruas todas, de onde chapinham crianças pequenas, como as suas mães agarradas aos seus braços as puxem, gritam, ambas gritam, a mãe preocupada a criança feliz, e de resto, a volta, qual felicidade inebria qualquer falésia, qualquer o reflexo por diante, os efeitos desfeitos nos olhos encharcados de brilho feliz, chapinham as ostras, pisam nos peixitos, ou se existirem, puxam os navios, se houver, tocam o céu, se lá chegarem, trepam os edifícios, se conseguirem, mas saltam até onde a noite não mais os deixar. Ainda na memória refastelada, os instantes. Como orquídeas cortantes, os espelhos do futuro nesta margem árida da vida. Alabastros reconfortados, nesta ria curva, o olhar distante e claro e directo, rumo sem ausências, buscam-se quase sórdidos até que a mão sequiosa desfaleça árida, focando a seta que me rume diante balaústres rendidos num silêncio, onde o amor se definhe como o mar. Redundante percurso, diante do vazio entrelaçado nas têmporas, o rumo a que me guiam os pés, em desacordo com a razão, ou em concreto com o vão, que me rumo garanto e sei, onde nada já sei sentir, os pálidos sorrisos penetram o horizonte da imagem que se afasta das mãos, entre mãos, dedilhar ofegantes tactos, respirares perpetrados num odor que me arroja ao escuro do percurso dos meus desígnios, a morada da razão. Sobe as escadas Lúcia. O rosto amarelado da estância, murada, enlaçada, dois picos meio escuros içados quase ao céu, de reflexo me forçam as vistas, olho pragmático, enfim, só me consumiram as guardas da razão que me ofuscam de tocar-te, ao de leve, sem o sopro do respirar e das palavras levadas pela ânsia, quase Gondomar aos pés, a vegetação ali, árvores bramiam o silêncio dos olhos que se confortavam, vendo longe este sonho matinal.
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