O CÚMULDO DA ESTUPIDEZ HUMANA

[Vóny Ferreira]

Não tenho tempo para te olhar nos olhos, para te falar do meu dia, das minhas perspectivas.
Acho que não quero ou não sei como as decifrar.
Ando enjoada, cansada, por isso insisto.

- Não tenho tempo para os outros nem para te amar!

À noite, o tempo, só sobra para comer.Tratar dos filhos, mandá-los calar.
Fechar os olhos carregados de sonolência. Desejar que o dia passe depressa,
Para que o viciante ciclo recomece...
Tempo?
Não tenho tempo para contratempo! Nada me atinge.
Que se lixe…
Quero lá saber se os rios andam poluídos!?
Se um pai violou a filha. Se a não manda parar a escola
 Ah, sim! O pai Violou-a?
Ela que se mate, ele que vá para a cadeia.
Que canseira, tanta asneira... quero lá saber da vida alheia!

- Há fome no mundo?
Coitados, eles que lutem! São uns parasitas, vivem das esmolas.
Que se levantem cedo, como eu faço, para ir para a fábrica.
Ando já cansada de tanta lamuria!
Tempo?
Quero eu lá saber do tempo!
Tudo se confunde num emaranhado de prioridades. Não é verdade?
As minhas são feitas de vulgaridades.
Deixa lá... eu sou a realidade!
Falo verdade, não tenho tempo.
Nem para flores, nem para pensar na fome. Cada um que se amanhe, que eu tenho pressa
de deitar as crianças e fazer umas rezas!
Vóny Ferreira

ALGUÉM QUER CONTINUAR ESTE TEXTO...? Aguardo a vossa participação...


Felizmente há sempre quem reflicta e quem não se acomode...
A RosaMaria e Sandra Fonseca continuaram o texto com estes belos poemas:

Não tenho tempo
para ti, filho.

A vida corre em tropeções
e eu não tenho tempo.
Quando me queres beijar
não tenho tempo
porque o tempo passou.
Chego a casa cansada
e não tenho tempo para dialogar.
Não tenho tempo
para as tuas incertezas
porque o meu tempo é incerto.
Não tenho tempo
para te embalar
ou contar uma história
porque agora o tempo é diferente.
Tem paciência, filho,
ganha tempo para esperar
pelo meu tempo
que não tenho para te dar.
RosaMaria

Me perdoa
a falta de tempo,
a falta de afeto,
perdoa a vida.
Me perdoa
todo o resto,
e essa dor
tão desmedida
talvez possa ter guarida.

Me conceda
a esperança
de ver teu olhar criança
refletir no meu olhar.
Talvez possa acalentar
um fio de esperança,
e nos aqueça
o fogo do teu amor,
essa dádiva cristalina
volte em meu peito brilhar...
Sandra Fonseca

Tudo ganha mais sentido quando não individualizamos o nosso mundo. Quando nos redimimos nos tais actos de consciencialização de que existe o outro lado da vida, para além da nossa... Vóny Ferreira

[RosaMaria]

Olá Vony
Não sendo propriamente a verdadeira continuação deste seu fantástico poema, deixo como "continuação de pensamento" um poema meu que tinha p´ra li numa gaveta...
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Não tenho tempo
para ti, filho.

A vida corre em tropeções
e eu não tenho tempo.
Quando me queres beijar
não tenho tempo
porque o tempo passou.
Chego a casa cansada
e não tenho tempo para dialogar.
Não tenho tempo
para as tuas incertezas
porque o meu tempo é incerto.
Não tenho tempo
para te embalar
ou contar uma história
porque agora o tempo é diferente.
Tem paciência, filho,
ganha tempo para esperar
pelo meu tempo
que não tenho para te dar.

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jinhos
e alguém que continue.....
rosamaria

[Vóny Ferreira]

Magnifico, Rosa. Dou este seguimento ao texto:

Ah, filho, que faço ao tempo
se é um contratempo?
A vida é uma agonia
Odeio tudo que me faça pensar...
Ando tão cansada que até
tenho medo
que um dia te esqueças
o que é o amor...

Vóny Ferreira

[Sandra Fonseca]

Me perdoa
a falta de tempo,
a falta de afeto,
perdoa a vida.
Me perdoa
todo o resto,
e essa dor
tão desmedida
talvez possa ter guarida.

Me conceda
a esperança
de ver teu olhar criança
refletir no meu olhar.
Talvez possa acalentar
um fio de esperança,
e nos aqueça
o fogo do teu amor,
essa dádiva cristalina
volte em meu peito brilhar...

[Goreti Dias]

Só para dizer que quando mal damos conta, já o tempo era... é pena!

[Alice Duarte]

Vivemos atulhados em trabalho, obrigações e, quando damos conta, passou o tempo de podermos ser nós próprios. Talvez tenhamos mesmo é que arranjar tempo para nós, primeiro.

Beijinhos