Encontros e desencontros de Maria / 2º Capítulo

Maria saiu das aulas e encontrou-se com os amigos no espaço mais “in” da sua nova cidade à beira-mar, e de repente vê alguém chegar num Jeep Mercedes que lhe despertou a atenção.

Maria namorava com um tal jovem que não a acompanhava nos gostos pelo convívio com os amigos, e dava as suas escapadelas não só dos possessivos pais, como também dele, e então em nada hesitou em pedir a uma amiga se conhecia o tal condutor do Jeep Mercedes que tanta curiosidade lhe despertou.

Mal conseguiu o seu contacto, as mensagens para o telemóvel do enigmático jovem oriundo de outras paragens, choveram até que fizeram eco e começaram a receber respostas.

O encontro foi descaradamente procurado quando Maria muito extrovertidamente pediu boleia no Jeep que lhe fazia reluzir os olhos.

Miguel, apenas um aninho mais novo que Maria, moreno e alto, ligeiramente mais alto que Maria, de paragens diferentes e autenticidades em seio familiar com abordagem e filosofia de vida distintas, sentiu-se curioso e imediatamente atraído por Maria.

Miguel, vivia com a sua família dividida em cidades diferentes pela localização do trabalho de seu pai, e aos fins-de-semana deslocava-se à cidade de Maria, aquela cidade à beira-mar que ela tanto adorava, aquela cidade onde ela gostava tanto de se estorricar ao sol, aquela cidade onde todos vestiam roupinhas de marca, tinham carros de marca com preços de apartamentos, e casas com preços de aviões, mesmo que para tal fosse necessário fugir aos impostos ou dizer que a culpa dos mesmos estarem em atraso era do contabilista…

Era preciso, era olhar pelas aparências e aí não havia dúvida que os pais de Maria se haviam mudado para o local ideal, ou não fora o cuidado pelas aparências, das suas mais primárias preocupações.

Claro que Miguel nesta fase, só via Maria como uma jovem que o atraía e desconhecia todos os seus traumas que de certa forma a faziam levar a vida de maneira centrada para futilidades.

Maria, rapidamente terminou namoro com o seu insípido namorado e começou um relacionamento intenso com Miguel, que nesta fase já se encontrava a viver na mesma cidade por questões de saúde de seu pai.

Não é necessário localizar-mo-nos no tempo, as experiências são intemporais e por muito que nos digam “ no meu tempo não era assim”.
Miguel e Maria, viveram três meses de louca paixão e numa fatídica segunda-feira depois de Maria ter enviado a Miguel uma mensagem por telemóvel dizendo “amo-te”, recebeu uma outra pedindo-lhe um tempo, ou bem melhor, acabando o namoro para assim reatar com o insípido ex-namorado. Porquê? Nem ela soube, nem ela sabe ainda hoje.

Miguel, pensou estar a acordar de um pesadelo, de uma noite para uma manhã como se pode mudar de ideia, de sentimentos?

Como se não bastasse, dois dias depois deste choque, Miguel recebe um dos golpes mais duros que transforma a sua vida de jovem para sempre; o seu pai falece e Miguel sentindo-se totalmente perdido procura consolo em Maria que se demonstra fria senão gélida perante a dor profunda de alguém que afinal ela ainda amaria, sem saber, sem se dar conta.

Miguel, perplexo, o inimaginável estava a dar-lhe volta à vida e à cabeça, como poderia ele estar preparado para este volte-face da vida?

É que ao longo dos três meses de relacionamento com Maria, ele dá-se conta que afinal aquela atracção desenvolve-se em amor apaixonado e louco.

Ele, idealizava já Maria com quem partilhava os mesmos gostos, os mesmos desejos, a mulher que o completava, a mulher com quem desejava constituir família, e de repente vê-se sem ela e sem seu pai, chefe da sua família e seu melhor amigo!

Miguel, teve de crescer rapidamente, levantou-se, sacudiu-se e vestiu a pele de seu pai tentando levar pela frente a empresa que seu pai tinha deixado de repente, abruptamente.

Miguel tomou as rédeas de chefe da sua família tentando cuidar da empresa, da sua mãe e de seu irmão mais novo, e lutou com afinco para que a memória de seu pai e os seus empreendimentos nunca fosse beliscada.

Como se não bastasse todo este esforço para um jovem de 19 anos, a sua Maria casa-se com o insípido namorado com toda a pompa e circunstância de uma menina mimada e rebelde, perante os seus olhos que para crer na realidade dos factos foi vê-la passar na avenida vestida de noiva, linda e radiante como se de felicidade fosse vestida.

Dias antes deste acontecimento ainda houve alguma troca de mensagens por telemóvel, ao que Maria garantiu a Miguel que estava a tomar a decisão correcta porque amava o seu insípido namorado.

Foi sem dúvida um casamento de pompa e circunstância e à revelia dos pais de Maria, que achavam que “quem era aquele insípido para lhe roubar assim de repente a sua princesa”?

Maria, bem rapidamente se arrependeu do que fizera, a sua vida tornara-se num inferno, não convivia com os seus amigos, deixara a casa de seus pais autoritários e intransigentes e tinha acrescentado a este rol o marido.

Se a toda esta vida não bastasse a negação às suas vontades, o ver Miguel ocasionalmente dava-lhe taquicardia e dores em todo o corpo, cortava-lhe a respiração.

Entretanto, Miguel depois de andar muito tempo perdido, depois de namoriscar uma amiga de Maria, depois de a ver sair de casa para casar, viu uma jovem também ela loura, vistosa e desempoeirada, que achou interessante e decidiu meter conversa.

Afinal, ao ver Maria sair para casar, havia dito a si próprio que tudo tinha acabado, que algo mais havia morrido na sua vida. Mal ele sabia que grandes amores não morrem assim!

Envolveu-se com a jovem loura, a simpática e afável mulher que tinha vindo também ela de outras paragens, e com um relacionamento impecável viveram experiências inesquecíveis de um companheirismo inigualável.

Será que faltava a Miguel alguma coisa neste relacionamento? Será que ele sabia porque quando via Maria o coração lhe parava de bater e as pernas lhe tremiam?

Afinal ele vivia com esta mulher que parecia completar os seus pensamentos, que o acompanhava e estimulava em tudo o que faziam juntos, porque sentia ele a terra tremer quando passava Maria por ele?