DÁ-ME A TUA MÃO

[Sandra Fonseca]

Dá-me a tua mão.
Há um labirinto
Por desvendar saídas,
E ainda há, um coreto
Onde dançam elfos,
Uma fonte a jorrar
Cristalina e pura,
Fantasia,
E aquele mesmo
Insondável abismo.
 
Dá-me a tua mão
Que há músicas
Que convidam a dançar,
Sussurrando fados,
Tangos e lamentos
Pelo ar.
Ainda  há motivos tantos,
Rios de margens
Intangíveis
Onde correm loucos desejos,
Promessas, beijos.
 
 
Dá-me a tua mão,
A régua, o compasso
Da canção.
Que ainda há poemas
Rascunhados à pele.
São como flores
Brotando tontas,
Desvairadas,
Como pétalas de prazer
De seda e aço a nos tocar.
Ainda há um tempo
Vergado, rasgado tempo
Escasso como o agora
Num contíguo, ínfimo espaço
Entre dois corpos.
 
Dá-me a tua mão.
Há vida a correr lá fora,
Nas crinas dos cavalos-vento,
Como momentos
Roubados, às pressas.
 
Dá-me a tua mão.
Depois, talvez,
Haverá lugar apenas
Para os sonhos.

[Djabal]

Gostei. O lirismo da dança, do coreto, da fonte, da poesia e das crinas do cavalo vento, não perdem o caráter de realidade. Da materialidade bem feminina. Só após o elenco estar completo, o sonho e o imaterial poderá invadir o espaço conjunto definido pelas quatro mãos.
Continue sempre. Você tem talento de sobra.
Beijos.

[Goreti Dias]

Um tempo rasgado no espaço ínfimo entre dois corpos... Fantástico!
Bj