Antonio
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« em: Outubro 12, 2007, 12:52:23 » |
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Marta e Sandra eram duas jovens estudantes do 9º ano. Estudantes é uma maneira eufemÃstica de dizer pois, de facto, já ambas tinham dezanove anos e uma carreira académica a marcar passo. Eram do tipo de adolescentes que se interessam mais por rapazes, música, charros, cervejas, chats, telemóveis, farras, discotecas, sexo, jogos de vÃdeo, cigarros, shots e outros assuntos bem mais enriquecedores do que estudar. Mas fizeram alguns esforços louváveis como “comerâ€, num espectacular ménage à trois, um professor ainda jovem para este lhes dar uma nota que permitisse uma transição de ano. Pelo menos da fama não se livraram. Acabaram por ir para o curso nocturno. Esta época escolar tinha terminado muito mal, para não variar. Mas o que lhes interessava agora era cumprir um plano gizado durante o ano: percorrer o paÃs à boleia. Até já tinham previsto ir para o estrangeiro no ano seguinte. Marta, baixa, roliça e loira com os cabelos curtos, era filha de uma mulher gorda que deixava vislumbrar como seria a filha uns anos mais tarde. Era divorciada do pai da azougada rapariga e tinha um filho, bastante mais novo que a moça, do homem que vivia lá em casa uns dias mas não outros. Trabalhava a dias em casas particulares. Sandra, magra, morena, ar de cigana, vivia com a mãe e um pai muitas vezes ausente para cumprir uns tempos na prisão por furtos não muito graves. Tinha mais dois irmãos, rapazes, que andavam ao Deus dará consumindo drogas e seguindo as pisadas do pai, apesar de só terem mais dois e três anos que a rapariga. A mulher, muito magra, trabalhava como operária e era o pilar da famÃlia, se é que assim lhe podemos chamar. Passada pouco mais de uma semana do fim das aulas, as amigas estavam na berma de uma estrada pedindo boleia. Levavam um saco-cama cada uma, alguma coisa para comer e beber, preservativos, material para fazer uns charros, pouca roupa e ainda menos dinheiro: uns euros que para pouco chegariam. A ideia era irem sacando algum durante a aventura. A gorducha levava uma garrafa de whisky que, à socapa, retirara dum armário de casa. Vestindo uns curtos calções de denin já coçado, umas shirts de alças (há quem lhes chame canotas) justas e curtas que deixavam antever uns seios opulentos mas bem firmes na rechonchuda e outros de pequeno volume mas com mamilos bem salientes na colega. Nenhuma delas usava soutien. Calçavam umas sapatilhas de qualidade razoável roubadas numa loja alguns dias antes. Não lhes foi difÃcil que um carro parasse ao fim de poucos minutos. Era uma viatura de gama alta conduzida por um tipo de uns cinquenta anos com uma magnÃfica aparência. - Então para onde querem ir as meninas? – perguntou, enquanto apreciava as moças. - Para onde calhar! Vamos dar a volta a Portugal à boleia – respondeu a faladora e extrovertida Marta. - Então querem aventura? Podem entrar! – disse o condutor – Vamos conversando enquanto viajamos. A redondinha entrou logo para a frente deixando que a morena fosse para trás. Mal se sentou, a Sandra reparou que o casaco do homem estava pendurado junto à outra janela. E enquanto o incauto Ãa conversando com a loira, a amiga Ãa-se entretendo a verificar o dinheiro que havia na carteira que já palmara de dentro do casaco. E retirou cerca de metade das notas. Pouco depois, disse: - Oh Marta! Vamos ficar aqui e apanhamos uma boleia para a praia? - Já? – perguntou o homem. A amiga olhou para trás e percebeu um sinal da companheira. - Pois! Senão passamos o tempo a andar de carro. E apearam-se pouco depois. A pesca tinha sido rendosa. Seguiu-se uma boleia com um camionista: rapaz novo, musculado e rude. Foram as duas para a frente, naturalmente. Não tardou muito que o malandreco fizesse uma proposta. - E que tal pararmos e vires comigo apanhar flores? – disse, dirigindo-se à loira, enquanto lhe punha uma mão na coxa – És muito boazona, sabias? - E que ganho eu em apanhar flores? Nem tenho jarra para as pôr! – e riu-se, a rapariga. - Que tal dez euros? - Dez? Vinte e cinco é o mÃnimo – replicou a doidivanas. E repetindo estas tácticas quasi diariamente, foram ganhando o suficiente para comerem, dormirem debaixo de um tecto, irem a umas discotecas e até comprarem umas roupinhas novas. Às vezes uma delas passava a noite com um dos felizes incautos, que além de pagar pelo amor acabava mais leve, não só de notas mas de outros objectos que as arrojadas viajantes achavam bonitos ou valiosos. Compraram umas sacas para lá porem esse espólio de que muito se orgulhavam. - Oh minha! Isto é que tem sido umas férias bué de boas, heim? – perguntava uma. - Demais, minha, demais. Nunca pensei que fosse tão fácil! – respondia a comparsa. E prosseguiram felizes e contentes a sua volta a Portugal à boleia. Num dia em que o sol já Ãa baixo mas o calor era ainda intenso, propôs a Sandra: - Vamos dormir na praia? - Bora lá miga! – concordou a gorducha. Polegar em riste, coxas bem à mostra, e não tardou que parasse um sujeito, gordo como um chibo, cara vermelhuda e guiando um carro dos bons. - Para onde querem ir? – perguntou. - Para a praia – respondeu a magra, por esta vez. - E têm onde dormir? - Vamos dormir na areia que está bué de calor. - E se dormÃssemos os três? Mas num quarto bem ventilado – perguntou o tipo com a desfaçatez de homem vivido. - Isso talvez se arranje! Mas não é de borla! – disse a loirita. - Vinte e cinco euros para cada uma! – ofereceu o maganão. - Cinquenta por um bacanal com dois borrachos como nós? Nem pensar! Cinquenta, mas para cada uma. É pegar ou largar! – contrapôs a Marta. O homem pensou só durante uns segundos. - Ok! Mas pago metade antes e metade depois – disse o barrigudo. Elas entreolharam-se e mais uma vez a gordefa falou: - Está bem! Mas pagas o jantar à s duas. - Combinado! Entrem! A pensão onde o automóvel parou não era muito longe. Comeram bem, beberem melhor e, pouco depois, lá foram para o quarto. Só o homem teve de se identificar, o que era a situação favorita das moças. Ainda com as barriguinhas cheias, elas começaram a provocá-lo. E não demorou muito que ele estivesse ao rubro. Duas mocinhas assim novinhas, ovelhinhas de carne tão tenra e tão gostosa para ser comida eram uma sobremesa muito especial. Tão especial que mal o homem explodiu de prazer, teve uma fortÃssima pontada na cabeça. Só teve tempo para dizer: - Ai a minha cabeça! E ficou como morto. Elas desataram aos gritos e acabaram por se escapulir no meio da confusão indo dormir numa praia, por ironia. No dia seguinte, a autópsia revelaria que a causa da morte fora uma embolia cerebral, mas já as aventureiras Ãam a bordo de uma furgoneta guiada por um quarentão desprevenido.
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