Beijos no distante (3)

[vitor]

Quando o silêncio anoitece, a bruma espalma num cais onde o dilúvio esta longe. Geme o grito da pedra, num rebentar de cansaço, recomeçar sem regaço e o apelo na orla desta voz quase morta.
Longe, o labirinto do farol, o faroleiro do tempo, o controlo da distância, a falésia quase inepta, desperta, quase sem lá estar, o pressentimento dormente dos sonhos que acordam, quando a voz já doente gesticula o presente dos sorrisos perdidos num corpo de ausência. Que se esfuma em falência este amor que se foge, quase parecendo existir, longe, apenas longe, sempre, silenciando nas areias o espelho da espuma que me agita os dedos cansados de mim, vislumbram sim, qual impossível realidade que se escapa, que se ausenta, esta premente sensação que me esmurra contra a vida, e me soletra lentamente nas noites ermas deste cais que se perde, qual sentido, qual orientação, apenas destino, o fumo falido.
Restos da pele ali, estendidos no vazio das tardes repelentes, no esburacado do silêncio, entretenham-se vagabundos os meus sentimentos, que se buscam nos ricochetes da fantasia, dispersos pela planície da tarde, anoitece novamente, repetem-se rituais de tempo, de vento e de vida, num esplendor circunstancial, quase verdadeiro.

[Goreti Dias]

"repetem-se rituais de tempo, de vento e de vida, num esplendor circunstancial, quase verdadeiro. "
ou nada...
Uma escrita apelativa, bem organizada, original e correctíssima!

[vitor]

e sinceramente, vou ficando sem palavras, apenas continuando, escrevendo, a a agradecer todas as opiniões que venham sobre o que escrevo Goreti, mais uma vez, muito grato.
vitor burity da silva

[vitor]

Grato Dite e um abraço. vitor