Desabafo apenas

[Alice Santos]

Macau. Que saudades. As ruas estreitas com as tendinhas cheias de ofertas aparentemente baratas. As crianças de uniforme que correm com pressa de aprender a ser gente grande. O amolador que ainda toca para que lhe levem as tesouras. Os carros cujos condutores, impacientes, buzinam mesmo sabendo que nada fará mover aquele que ainda descarrega a sua mercadoria. Os funcionários fardados, apressados para chegar a horas ou são despedidos. As montras das ourivesarias que brilham qual mina de ouro. E as casas de penhores? Sempre cheias. Há sempre um jogador que precisa de mais dinheiro para apostar o futuro, o dele e da família. Há sempre um agiota pronto a ajudá-lo. Nos casinos apostam a vida. Em segundos a perdem. Mesmo. Quantas vezes abri o jornal e vi. “Encontrado morto num apartamento do Bairro Hiao Han mais um apostador”. Não, disto não tenho saudades mas lembro-me muito bem. Saudades sinto do cheiro tão característico da comida, mesmo daquela vendida na Praça dos Três Candeeiros ou nos restaurantes junto ao Porto Interior ou nos bairros menos abençoados por Deus. Aí as pessoas não iam comer de fato e sapato engraxado. Iam de chinelos, calções, fato de trabalho, mas havia vida. Não era como nos restaurantes frequentados pelos senhores bem vestidos, onde quente era apenas a comida. Nas ruas sentíamos o calor do fogão onde se fritavam os camarões e as verduras mas recebíamos um sorriso aberto, franco, afável de todos. Aí sim, havia calor humano. É disso que tenho saudades, das ruas estreitas a fervilhar de vida. É isso que recordo com carinho.

[Dionísio Dinis]

Um interessante e cativante deambular por paisagens desconhecidas para a maior parte de nós.Gostei.E quero mais.

[Alice Santos]

É uma cidade muito interessante. Ainda hei-de voltar lá.
Obrigada pela leitura.

O meu computador teve um ataque de loucura e acabei por deixar o mesmo texto um montão de vezes. Vou ter que alterar. Parece que não dá para apagar.

Abraço.
Alice Santos

[josé antonio]

Alice,

Memórias de tempo e de vida que nos alimentam...

Abraço
JA

[Alice Santos]

É isso mesmo, José António.
Em certas alturas da vida há momentos que nos voltam à cabeça. Uns positivos outros negativos, mas é de momentos que se faz a vida.

Abraço,
Alice Santos

[Goreti Dias]

Neste site perseguem-me com o amolador de tesouras?! Também tu?! rs...rs...
Vale a pena recordar assim!
Beijo

[CAMPISTA CABRAL]

Um texto belo porque leve e leve porque inteiro e inteiro porque cheio de vida e cheio de vida porque descreve tão bem ruas e gentes e sons e cores e sensações e tempo. É bom olhar para uma cidade por conhecer. Pode ser em terra estrangeira, mas pode, também, ser a mesma cidade da infância, quantas vezes redescoberta e vista de forma diferente. Acho que não comentei anteriormente, mas, ao contrário do nosso amigo Oswaldo, tão extrovertido, o poeta que vos fala é mais reservado e prefere não falar muito de si (um pouco nos poemas, é claro). Trabalho com o Oswaldo há doze anos na área de educação. Somos professores e, como leu na carta Meninos e meninas, somos sofredores também!

Um grande e terno abraço!

[Alice Santos]

Goreti,
hoje só um comentário como o teu me faria rir. Obrigada. Pela leitura, pela "leveza" do comentário e, sobretudo pelo único momento de sorriso do meu dia.

Cabral,
muito obrigada pela leitura atenta e agradável comentário.
Quanto ao comentar pouco, por mim não há problema. Não podemos ser todos extrovertidos nem todos reservados. Viva o equilíbrio. Não é ele que nos mantém a mente sã? Então... tudo bem. 

Um abraço,
Alice Santos

[RosaMaria]

Queres sorrir mais uma vez pelo menos? Vem ter comigo ao "Hoi Fu 9º D " e vamos ao "cocha"  que tal? Ou podemos também beber um cálice de Porto antes de um teste de Matemática ou Português? Serve? Ou vamos ao Iam Cha  (modifica que eu já nao sei escrever).... ? Ou curar uma constipação nas urgências do Conde São Januário? Serve minha querida e doce amiga? Bora... é só tirar o bilhete de ida sem regresso.....
beijo

[Alice Santos]

Podes crer minha amiga de tantos anos. Hoje desaparecia mesmo -  tu sabes porquê. Ia comer um bom Iam Cha, ao Lou Lim Iok, ouvir um bom recital de piano no átrio de um hotel, ver a areia preta da praia de Cheok Van, comer uma nata ao Bolo de Arroz, comprar um bom livro na Livraria Portuguesa  -  talvez o último do nosso saudoso Estima de Oliveira...
Hoje até um tufão tinha causado menos estragos...
Olha, sabes uma coisa?!...
<a href="http://www.youtube.com/v/z231D0BYPfs&rel=1" target="_blank">http://www.youtube.com/v/z231D0BYPfs&rel=1</a>

[RosaMaria]

Adivinho sim, porque gosto de ti com daqui até à lua!!!! E parafraseando-te somos as duas umas aluadas... mas que bom ser aluada assim...! E sabes que mais, também podemos ir comer um pastel de nata a.. Sintra??? ou é desta vez que que o Dr Ferreira desconfia mesmo que nós não copiamos?
E podemos ir comer uns "camarejos" ao Fernando em  Cheok Van ou como como se chama a outra paria Iac Sá... certo? Vamos por exemplo ao Hotel Lisboa ver passear as damas todas douradas, ou pegar um avião e Puket connosco... ena tanta coisa que me fizeste lembrar... comida japonesa naquele hotel ao pé do tap si ac.... è melhor parar por aqui.
beijos e vamos sorrir sim?

[Alice Santos]

A Sintra vou um dia destes mas à praia de Hac Sa (hac sa = areia preta)... vamos ter que esperar pelo euromilhões... com a crise, Puket vai ter que esperar por muito tempo. Agora, o Hotel Royal podemos sempre lembrar e fica mesmo perto do Tap Siac. O professor de português... esse... esquece... nunca nos deu as notas que mereciamos (ainda hoje me está atravessado "Os Maias", no 11º e o "Velho do Restelo e o Adamastor" no 10º ano que tanto gozo me deu escrever na praia de Hua Hin, na Tailândia. Bom... deixa para lá...
Um beijão amiga e obrigada pelo apoio.
alice
P.S. Ontem e hoje deu-me para reler os livros do Estima.

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Só conheço (e parcialmente) dois países além do Brasil: a Argentina e o Chile. Do meu país conheço apenas treze estados (e também parcialmente). Mas, quando li teu texto, tive a nítida impressão de conhecer Macau. Não foi por causa de minhas viagens nas páginas da National Geograph. É que descreves aquele território de maneira tão viva que tenho a sensação de conhecer o lugar. No Brasil há alguns recantos semelhantes aos que descreves de Macau. Espero um dia conheças o Brasil, nação irmã de Portugal.

Um abraço tropical para ti.

Oswaldo Eurico Rodrigues

[Alice Santos]

Obrigada por mais uma leitura atenta e comentário gentil.
Abraço,
Alice Santos