DIÁLOGO COM O DOURO

[josé antonio]

Daqui desta varanda sobranceira, num ponto dos mais altos de Baião, domino-te.
Ao nível das tuas margens, na Ribeira do Porto ou Peso da Régua, temo-te.
Invejo-te na grandiosidade e beleza.
A tua serenidade quando calmo com os teus espelhos inspiradores de fotógrafos e aguarelistas.
Relembro as muitas manhãs de domingo na Lingueta do Carvão, na margem de Gaia gastas na pesca com o meu pai.
Não fosse por vezes a música que sobrevoava até nós proveniente do Palácio de Cristal, poderia adormecer observando a tua corrente a caminho da Foz.
Por vezes muito carregada da porcaria variada dos mais prevaricadores e maus para o ambiente e para ti.
Mas tu na tua velocidade sem reclamares, tudo carregavas, umas vezes indolente, outras, quase sempre no inverno, enraivecido.
Como fazias quando saturado que subias as paredes ou os campos e visitavas ameaçador, as margens por aí acima.
E repunhas o respeito que te era devido.
Confesso-te que nessas ocasiões nunca te elogiei o procedimento, embora entendendo o teu desânimo e dificuldade em te conteres.
Sinceramente.
Quando te visito do lado dos socalcos lá no alto vinhateiro, com o sol a bater-te de feição, pareces-te com um sável cor de prata espelhando em todo o teu comprimento, vaidoso e quase feiticeiro para os nossos olhos, dócil entre o verde das vinhas e o quase doirado da terra perene.
E sabes uma coisa, esta imagem dá para toda uma vida.
Um abraço.
 

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Sabe, José Antonio? Ainda não conheço Portugal, mas aprendi a amar esse país que penso ser meu também. Cresci ouvindo fados e as histórias de além-mar. Tenho vizinhos portugueses e amigos brasileiros morando na Terra de Fernando Pessoa. Ler seu texto me faz ter mais vontade ainda de tomar um avião e retomar a minha história e reconhecer a minha própria língua. Um dia chego por essas terras... Por enquanto ficam a minha admiração e o meu carinho pelo país que aprendi a amar com meus pais e a visitar através das letras e fotografia.

Grande abraço, JA

Oswaldo Eurico Rodrigues da Silva

[josé antonio]

Oswaldo,

Se à data da tua vinda eu tiver o meu jato disponível, não hesites, podes vir noutro avião...

Abraço
JA

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

 

[Goreti Dias]

O jacto pode aterrar no sável?!
Excelente descrição!

[josé antonio]

Goreti,

Dará mais jeito no Multiusos... rsss...

Abraço
JA

[Dionísio Dinis]

E quando a palavra abraça a paisagem, a obra voa mais alto.

[carlossoares]

Aqui, tenho de o dizer, o JA transpôs os limites das (margens) minhas expectativas. Este texto é digno de uma verdadeira antologia. O Douro merece-o e o JA não terá dificuldade em inscrevê-lo num memorial às coisas belas que foram ditas a (sobre) um rio (de ouro). Parabéns!
Abraço

[josé antonio]

Carlos Soares,

Agradeço a generosidade do teu comentário.

Abraço
JA

[Maria Gabriela de Sá]

Amo-te Rio Douro!,  só faltou dizer...

[josé antonio]

Olá Rafaela,

Mesmo quase só isso em falta!

Abraço

JA

[helenacosta]

É uma imagem lindíssima! Não dá para esquecer nunca.


  Abraços