Beijos ou bombas?

[Figas de Saint Pierre de]

BEIJOS OU BOMBAS?
O poeta não busca palavras,
desenhos das suas curvas,
pinturas das vírgulas,
mas sim fragrâncias de sons,
que em espírulas,
quais serpentes encantatórias,
quais sereias sedutoras,
que prendem, que amarram,
como aranha apanha sua teia
e devora presa do encantado
do amarrado
e o vento passa pela palavra dita.

Só o som das palavras fica.
em sons de calma brisa
ou de revoltosa tempestade!

Depois voam beijos
ou caem bombas!

Há quem prefira bombas!
O som é mais forte!

O poeta prefere o som
dos beijos acetinados!
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Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
Gondomar

[carlossoares]

Os poetas, desde tempos imemoriais, estão na vanguarda da civilização, cantando a natureza e suas delícias. Por exemplo, só na década de 70 (1970) é que ganhou acuidade política a campanha pela defesa do ambiente, que se impôs, a muito custo, diga-se de passagem, aos amantes da caça e do esclavagismo e do tiroteio e do fogo e do escarro e do plástico e da bomba atómica e do nojo, e ao hooliganismo, às hordas de bárbaros que só se divertem a beber e a destruir e a matar, que odeiam tudo em redor de si.
Os poetas foram os primeiros ambientalistas, com uma antecedência de muitos séculos, sempre percebendo que o homem não tem alternativa, ou respeita e ama o ambiente, ou morre. Os filósofos perdiam-se em arrazoados sobre causas e efeitos, origens e fins, porquês e para quês, os cientistas embrenhavam-se em comos, como funciona, como é, como pode ser...E os poetas cantavam a madressilva e as flores do verde pinho...
As "bombas" dos poetas explodem continuamente e ninguém se queixa, as outras calam-se em frações de segundo e deixam silêncios que não fazem bem a ninguém. No fim, os poetas triunfam.

[Dionísio Dinis]

Há poetas bombas e poetas beijos e poetas ódio e poetas todo o terreno e poetas etéreos e poetas há?