A GAIVOTA COXA.

A Gaivota Coxa!

A estação ferroviária de “Flinders Street” é a 2ª mais importante, entre centenas existentes por todo o “Estado de Vitória” – Austrália. Situada na cidade de Melbourne, (a poente) é o ponto de partida e de chegada de muitas dezenas de comboios que, diariamente, transportam dezenas de milhar de passageiros, por toda a enorme área metropolitana da cidade.
Tanto pela manhã – em horas de desembarque – para iniciar o dia-a-dia do trabalho e da vida escolar, como ao fim do dia – nas horas de embarque – para o regresso a casa, vive-se horas de intenso frenesi, onde a pressa e a ansiedade de chegar…ou de partir… estão bem presentes no rosto das pessoas.
Por ali transitam, diariamente, dezenas de “raças ou etnias”, provenientes de todos os cantos do mundo. Como consequência disso, para além da língua comum, (Inglês) fala-se muitas dezenas de idiomas. Quem entra na estação (pela área coberta) e desce até (à descoberta), depara com dois pormenores que, de imediato, saltam os olhos:
1º- A distribuição (gratuita) de milhares de jornais e revistas, publicitários, onde os panfletos politico partidários marcam sempre presença.
2º- A presença de centenas de gaivotas, (o mar fica ali perto) que por ali andam, a aproveitar algumas migalhas, que lhes atiram os passageiros. Entre elas, andava também uma coxa que, por muito que se esforçasse para apanhar bicadas de migalhas, não o conseguia, devido à sua fragilidade em relação às suas companheiras. Daí, ser a mais magrinha delas todas. Esse cenário repetia-se diariamente. Um dia, um homem que por sinal também era coxo, descia da escada rolante, com uma resma de panfletos de publicidade politico partidária. Por onde passava ia oferecendo às pessoas, mas apesar da insistência, poucos eram os que os aceitavam. Ao ver as gaivotas bicando o pão, o coxo reparou que uma delas também era coxa e não conseguia bicada alguma. Depois de a observar durante alguns minutos, tirou do saco um pedaço de pão, que partiu em pedacinhos, e encheu o papo à deficiente e infeliz ave que, depois de saciada, levantou voo e foi à vida...
Em seguida, com um sorriso aberto, dirigiu-se a toda aquela gente – maravilhada com a sua atitude – e questionou:
- Sabeis por que a ajudei? Porque ela também é coxa como eu! Eu sinto bem como a vida me é dura! Em seguida, já com ar mais carregado…, voz mais alta e tom mais severo, concluiu:
- A maior parte de nós coxeamos…, diariamente, face à vida que enfrentamos, consequência da política anti -.popular do governo.
É tempo dos “coxos” se unirem e ajudarem mutuamente, para que não tenhamos a mesma sorte daquela gaivota que, para encher o papo, teve que se render à caridade…
Dito isso, pegou na resma de panfletos que trazia e recomeçou a oferecê-los a toda aquela gente, que os esgotou num ápice!

Moral da História? Há muitas opções…