Antonio
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« em: Abril 15, 2008, 08:45:50 » |
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Lembro-me de ter ouvido o meu professor de Filosofia do antigo sexto ano dos liceus, o falecido Dr. Castanho Fortes, dizer nas aulas de Psicologia: “Todas as noites, enquanto dormimos, nós sonhamos. Mas, passados ao estado de vigÃlia, muito poucas vezes nos recordamos do que ocorreu nesse complexo processo de erupção do subconsciente e mesmo do inconscienteâ€. Não sei se as teorias de então ainda são as de agora. Provavelmente não. Mas não é essa discussão cientÃfica que quero suscitar, embora quem se quiser pronunciar sobre ela o possa fazer. É até bom que o faça para aprendermos mais alguma coisa.
Vou, em vez disso, e para que este seja um texto levezinho, contar-vos um sonho que tive e que se confundiu com a realidade. Penso que teria uns vinte e tal anos. Já tinha acabado o curso e a nota mais baixa que tivera fora um dez (só um, vejam como era um rapazinho aplicado e dotado) a FÃsica Geral, depois de uma oral em que o Prof. Pires de Carvalho, que também já mora na outra banda, no seu estilo sibilino, me deu um baile. Mas passou-me! Uma manhã, acordei lembrando-me perfeitamente do sonho que tivera. Coisa rara, aliás. Durante o sono, tinha recebido uma notificação da secretaria da Universidade a informar-me que não me podiam passar a certidão de curso pois ainda tinha de fazer uma cadeira em falta: a FÃsica Geral. Não dei nenhuma importância ao assunto. Mas a impressão fora tão forte que, durante todo o dia, a ideia de que, na realidade, tinha chumbado a essa disciplina e tinha de a repetir anos depois de a julgar morta e enterrada, atormentou-me. Quando regressei a casa, e sem mais delongas, fui procurar a certidão: e ela lá estava. Que alÃvio!
Mas, desta mistura de sonho e realidade, tenho outro exemplo pessoal. Hesitei em escrevê-lo aqui mas, como tenho uma lata do caraças, cá vai: Uma noite sonhei que estava na rua, conversando com uma linda moçoila, já a noite tinha tombado. Eis que surge do negrume um salteador, rosto escondido pela escuridão. Um candeeiro de iluminação pública era a única e ténue fonte de luz. E eu, fazendo alarde de uma capacidade que, na realidade, não possuo, quando o crápula se aproximou o suficiente, saltei na sua direcção e dei-lhe um murro. Mas o facÃnora reagiu e seguiu-se uma luta corpo a corpo em que a vantagem ia alternando em favor de um ou outro dos contendores. E a luta durou, e durou... Eis que, a certa altura, senti uma enorme vontade de urinar e disse ao meu adversário. - Alto! Vamos fazer uma trégua pois tenho que mijar. O outro anuiu. Dirigi-me ao lampião e comecei a aliviar a forte pressão que sentia na bexiga. Como sabe tão bem um relaxe deste género!... Acordei nesse momento. Senti uma quente humidade nas calças do pijama. Pois. Foi isso mesmo. Tinha-me mijado a sério. Nunca um sonho húmido foi tão hilariante.
Casos destes já aconteceram com alguns de vós, certamente. Mas alguém consegue contá-lo aqui?
Nota: Posteriormente, em 18 de Janeiro de 2006, recebi um e-mail de um filho do Dr. Castanho Fortes dizendo-me que o pai ainda era vivo e gozava de boa saúde em Cascais, onde vivia. Ainda bem!
(escrito em 19 de Julho de 2005)
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