Tino Saganho
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« em: Janeiro 16, 2008, 20:30:43 » |
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DUAS CARÊNCIAS DE AMOR!
Marta era das mulheres mais dinâmicas, inteligentes e cultas daquela pacata freguesia do municÃpio de Vieira do Minho…Casada, vinte e nove anos de idade, vivia uma vida conjugal triste e infeliz, consequência de um casamento carenciado de amor, que lhe foi imposto pelo seu próprio pai, contra sua vontade. Para si, esta ligação matrimonial era um simples acordo comercial! Era Geóloga de profissão, a cuja actividade se entregara de “corpo e alma†e à qual dedicava a maior parte do seu tempo. Estudar a história da Terra, a sua estrutura, natureza e origem, eram a sua grande vocação! Apesar de toda esta dedicação, ainda lhe sobrava algum tempo para escrever em jornais da sua região. Gostava de escrever de tudo um pouco, mas os contos e a poesia (predominantemente amorosos) eram a sua predilecção. Na década de 90, o nome de Marta Santos era bem sonante… em alguns jornais da imprensa regional dessa área minhota. Escreveu e publicou muitos e bonitos poemas que, pelo seu carácter amoroso e, em alguns casos, doseados de erotismo… despertaram a atenção dos mais apaixonados por essa área poética. Não tardou que, de uma forma aparentemente discreta, fossem surgindo algumas réplicas amorosas aos seus trabalhos de poesia. A poetisa cedo se apercebeu disso e da forma galanteadora como lhe iam preparando o “ninho amorosoâ€. Porém, esses galanteios nunca foram para si motivo de desânimo. Pelo contrário, constituÃam um forte incentivo para continuar. Ela sabia que podia inspirar-se no amor, por forma a conquistar simpatias e corações… porque, quando chegasse a hora das apresentações e conhecimentos…, possuÃa algo de muito valioso que, por certo, muito iria contribuir para uma boa recepção: - A sua simpatia e simplicidade, associados ao seu atractivo corpo de mulher! As páginas de um dos mais prestigiosos jornais daquela bonita região do Alto Minho iam, desse modo, abrindo caminho a uma novela de poesia amorosa, que viria a culminar, alguns meses mais tarde, com uma grande paixão entre Marta e DionÃsio. (2º de quatro) DionÃsio, embora não vivesse na mesma freguesia que Marta, residia no mesmo concelho. DionÃsio Marques era um homem um pouco mais maduro. Trinta e sete anos de idade. Vivia separado, matrimonialmente, após vários anos de infelicidade conjugal. Era piloto de aviação – profissão que sonhava desde a sua adolescência – e cuja formação viria a concluir aos vinte e oito anos. Ver subir e descer aviões era o seu passatempo preferido, na juventude. Seus pais, ao saberem da sua vocação, passeavam-no até ao aeroporto (Pedras Rubras, naquele tempo) onde ele passava tardes inteiras de olhos na pista. Quando começou a exercer a profissão, pôde juntar o útil ao agradável: O dever e o prazer! A sua vida profissional não lhe deixava muito tempo livre, mas o que restava, ocupava-o a pescar e escrever. Gostava de escrever em prosa e verso e era no ar…- enquanto voava – que encontrava a melhor calma e inspiração para exercer essa nobre actividade cultural. Nas páginas de alguns jornais daquela região minhota, eternizam muitos artigos de opinião e variadÃssimos poemas da sua autoria. Foi este homem, carente de amor e ternura que se arrojou, através dos seus poemas, a conquistar o coração de Marta! Ou será que foi ela a conquistadora? Talvez não se saiba bem quem conquistou quem! Será mais prudente afirmar que ambos se conquistaram mutuamente! Para que ambos se conhecessem, pessoalmente, havia uma batalha a vencer: - encontrar, discretamente, uma forma de encontro. Essa árdua tarefa coube a DionÃsio que, habilmente…, conseguiu que a sua futura amada lhe telefonasse para a redacção do jornal, onde ambos publicavam poemas, em dia e hora previamente combinados. O primeiro contacto (telefónico) iria acontecer numa sexta – feira, do mês de Julho, do ano de 1998, pelas 20h. ( 3º de quatro) Faltavam ainda trinta minutos para a hora combinada e já DionÃsio tinha chegado à redacção do jornal. Trazia um ar cansado… Tinha dormido mal a última noite, consequência da enorme ansiedade que sentia em ver chegada a tão desejada hora…Sentou-se à mesa sobre a qual se encontrava o telefone e foi contando os minutos que iam passando, tão lentamente… que mais lhe pareciam horas. Foi imaginando como seria o timbre de voz da mulher que lhe ia telefonar. Qual seria a sua idade, o seu aspecto fÃsico – corpo, rosto, olhos cabelos etc… Perpassava-lhe pela mente a imagem da mulher que sonhava…, mas o mais importante era que fosse uma “mulher – amor! …†Deu total liberdade ao seu pensamento e, completamente Extasiado pela imagem imaginária de Marta, interrogou-se: - Em que pensará ela neste momento? Sentirá a mesma ansiedade que eu? Como me imaginará fisicamente? Será que me deseja conhecer como eu o desejo a ela? Com o aproximar da hora o seu ritmo cardÃaco ia acelerando…e a inquietação era notória. Como iria ser recebido? Será que lhe ia cair em graça? Essa era a grande incógnita que lhe desassossegava a alma. Os ponteiros do relógio aproximavam-se do objectivo…DionÃsio ensaiava, em voz baixa, uma saudação que fosse capaz de sensibilizar a mulher cujos poemas o haviam sensibilizado a si. Os últimos instantes foram de um silêncio absoluto. A sua respiração foi suprimida. Com os cotovelos sobre a mesa e as mãos apoiando o queixo, fitava o telefone. O salto dos ponteiros do relógio de parede fez-se ouvir, anunciando as vinte horas. Tocou o telefone. Num ápice, os dois apaixonados entregaram-se a uma entusiasmada conversa, que durou cerca de quarenta minutos, e que viria a terminar com a marcação de um encontro pessoalmente. ( 4º de quatro) Por consenso de ambos, o lugar escolhido para o tão almejado encontro, foi um pequeno, mas acolhedor café, na pitoresca e sossegada vila de “Arcos de Valdevez†- Alto Minho. Ambos trocaram referências pessoais para fácil identificação. Marta chegou primeiro. Trazia consigo uma pequena saca de cartão e nela, o jornal – meio fora, meio dentro – onde ambos publicavam as poesias, tão responsáveis por este encontro amoroso. DionÃsio não tardou e eis que os dois amados se encontraram, finalmente, olhos nos olhos! Saudaram-se, trocaram olhares de ternura, e desejo de amor. Só faltava as bocas falarem porque, nos seus olhos lia-se, claramente, os seus estados de alma! E, a alma… de cada um revelava, que estava iminente uma grande paixão. Despediram-se e combinaram o encontro para o amor!
Desejosos como estavam, esse dia não tardou. Um hotel, junto ao mar, na área de Esposende, teve a honra de os acolher. Ãvidos de amor, o piloto/poeta e a geóloga/poetisa, finalmente sós, num leito digno de ambos! DionÃsio era um homem de estatura média, corpo atlético e alguma elegância. O seu rosto expressava melancolia e bondade. Marta, também de estatura média, tinha um corpo sensual, feito…de amor! Elegante, macio, acolhedor… Os seus seios eram uma “cereja no boloâ€! No seu rosto - olhos e lábios – eram de uma atracção irresistÃvel. Um anjo de mulher!
Despiram-se, mutuamente. Marta, nua, fez questão de prendar o seu amado com uma dança de cerimónia… Ele, algo tÃmido, seguia-lhe os graciosos movimentos, incrédulo! Por fim, os dois corpos uniram-se como que atraÃdos por um poderoso campo magnético! E ali ficaram, durante algum tempo, como dois metais fundidos num só. Os seus lábios, ávidos de beijos, saciaram-se efusivamente! Loucos de amor, confessaram a sua paixão! E, quando a chama do amor atingiu o zénite, possuÃram-se, efusivamente!! Tinham acabado de se assumir amantes! Quem eram? Existem? Existiram?
Eram duas carências de Amor! FIM
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