Sandra Fonseca
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« em: Abril 09, 2009, 15:26:44 » |
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Sim. Este é outro inverossímil título de livro entre outros tantos, que saio por aí a garimpar. À exemplo de “Mulheres boazinhas não enriquecem”, trata-se de obra De auto-ajuda, convidando o leitor a refletir sobre o papel que cada um desempenha na sua própria derrocada. Jerry B. Harvey, o autor, através de ensaios inteligentes e bem-humorados aborda temas relativos ao ambiente de trabalho, das questões éticas às espirituais, concentrando a atenção no comportamento das pessoas e sua infinita capacidade de interagir. E de uma maneira criativa, mostra a diversidade de perfis que se encarna em qualquer processo social, dos mais trágicos aos mais hilários. Não se pode deixar de sentir a força desta facada: “Como é que toda a vez que me apunhalam pelas costas minhas digitais estão na faca?” Quase penso em olhar-me ao espelho para constatar se vejo algo encravado entre as omoplatas, ou quem sabe, mais abaixo, à esquerda talvez, do lado do coração? A inquietação do tema dá pano pra manga de muitos textos. Pode-se começar a pensá-lo, ou melhor digeri-lo, ou mais claro, engoli-lo, com a simples constatação de que somos tão frágeis e fadados à falta, à carência e, portanto à dependência do outro. Para ser aceito, considerado, amado o caminho mais fácil talvez seja o da submissão, da vitimização, esse “caminho das facas”, e haja costas para tanto... Dói muito, mas é melhor, ao se constatar a co-autoria nesses crimes, retirar cuidadosamente as armas alojadas ao longo do tempo, e aguardar a cicatrização dos ferimentos. Muitas conclusões eu consigo tirar desse meu livro (comprei pela internet, e acreditem, funciona!). A maior delas, e melhor; é que ninguém mais pode me fazer mal, a não ser eu mesma. Que serei a vítima se, docilmente, virar as costas a mim mesma, ignorando meus limites, sentimentos, desejos. Serei vítima quando me ausentar de mim e entregar a chave das decisões mais essenciais em mãos alheias. Quando o amor-próprio se apagar como uma vela gasta e tremeluzente, coisa apropriada a um corpo aonde falta alma e luz. Quem, depois de entender a lógica que há na própria ruína, continuará a distribuir facas por aí? Olha a faca!
Sandra Fonseca. 09 de Abril de 2009.
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